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IPORANGA: onde o pardejar do dia é mais bonito

3 de dezembro de 2014

A cidadezinha do Vale do Ribeira abriga, além do tesouro embaixo da terra concentrado nas cavernas, uma unidade de pesquisa de biodiversidade que desenvolve a educação ambiental e o turismo de ecologia.

Por Elíria Buso.


Reserva Betary

Na Reserva Betary, além de trilhas e rafting, é possível fazer uma vivência de pesquisa, acompanhando as descobertas dos biólogos naquele pedaço da Mata Atlântica. FOTO: HECTOR FRONES

Iporanga é a porta de entrada do Vale do Ribeira. E do Petar. A cidadezinha de cerca de 4 mil habitantes a 330 quilômetros de São Paulo é ponto de partida para quem visita as famosas cavernas da região. Mas nem por isso é destino de passagem. O sossego aliado a um centrinho histórico – com direito a um charmoso restaurante, pousadas rústicas e uma reserva que abriga estudos da biodiversidade fazem do lugar um reduto de ecoturismo ainda pouco conhecido, mas com grande potencial.

Repleta de natureza seja do verde da Mata Atlântica – que por ali abriga sua maior área contínua remanescente do Brasil – seja pelas cavernas que reservam um ar de mistério junto aos espeleotemas de diversos tamanhos e formatos ou ainda pela grande concentração de pássaros e anfíbios na Reserva Betary, o destino encanta os visitantes com suas diversas atrações de ecoturismo.

A Reserva Betary é uma área preservada de 60 hectares comandada pelo Instituto de Pesquisas da Biodiversidade – IPBio que desenvolve pesquisa científica sobre biodiversidade, ecologia e comportamento de espécies. As visitas ao lugar, sempre acompanhadas pelos biólogos Ana Gláucia Martins e Henrique Domingos, são verdadeiras aulas sobre os bichos e a mata que nos envolve. Mas longe de ser uma aula chata! Totalmente didáticos e atenciosos, eles explicam sobre a diversidade do lugar, assim como apresentam, orgulhosos, os avanços de suas pesquisas.

Núcleo Santana

No Núcleo Santana, o segundo mais famoso do Petar, existem trilhas, cachoeiras e a caverna de Santana, com 700 metros de extensão abertos ao público. FOTO: DIVULGAÇÃO

Os visitantes têm três roteiros na reserva. Os programas de visitação se dividem em: visita monitorada, com visita guiada de até duas horas e autorização para percorrer as trilhas da reserva; visita livre ou ainda visita noturna, que permite a observação da intensa atividade da fauna e dos sapos na estufa – a caçada aos bichos é uma verdadeira aventura para as crianças. E, além disso, dependendo da temporada, quem escolhe a visita noturna conta com um adicional encantador. Os cogumelos bioluminescentes. Os tais, que só pelo nome já geram curiosidade, são espécies de fungos que emitem luz. A região apresenta a maior concentração desses cogumelos em todo o planeta, abrigando 10 das 71 espécies conhecidas atualmente. Para observá-los, a melhor época vai de setembro a março.

As trilhas que cortam a Reserva Betary são a do Poço dos Veados e do Rio Betary. Com uma caminhada rápida, encontram-se plantas típicas de Mata Atlântica, além de sons dos sapos que começam a coaxar ao final da tarde e das águas do rio que percorre a propriedade.

Quem visita o lugar tem uma verdadeira vivência de pesquisa, já que sua estrutura conta também com jardim de begônias, bromeliário, aquário e sala escura para observar os já citados cogumelos e ainda alguns tipos de rochas fluorescentes, como a calcita.

Quem visita a cidade de Iporanga – que vem do tupi e significa rio bonito – pensa logo no que a cidade esconde por debaixo da terra. O destino conta com três dos quatro núcleos abertos à visitação do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, o Petar. Mas apesar da fama, a cidadezinha ainda garante bons momentos que não exigem capacete ou lanterna. Fundada em 1576, conta com resquícios da colonização, com casarões e igrejas que retratam a arquitetura da época. Uma visita a Iporanga à noite dá a impressão que a cidade parou no tempo. No centrinho, moradores conversam, de porta aberta, com seus vizinhos, ou então se reúnem no coreto da igreja de Nossa Senhora de Santana, a padroeira da cidade.

Ainda no centro, o Porto do Ribeirão abriga história e cultura remanescentes. Ali, ainda hoje, ocorre a saída e chegada da principal festa da cidade, a Festa de Nossa Senhora do Livramento. Realizada em dezembro, é considerada uma das maiores procissões fluviais do Estado.

Visitada o ano inteiro, Iporanga ainda oferece atividades como o boia cross pelos rios da região – conta-se inclusive que o esporte teve seu inicio por lá, com o nome de acqua raid – rapel, cascading, canionismo, tirolesa, passeios de canoa e caiaque, espeleoturismo e diversas trilhas, além de visitações às cachoeiras, como a Andorinhas e Beija-flor e grutas como as de Santana, Morro Preto, Couto, Água Suja.

Além disso, a cidade tem grande potencial para um tema bastante interessante, mas não muito conhecido. Coberto por um céu límpido, que fica repleto de estrelas com o cair da noite, o destino é um paraíso aos amantes da astrofotografia. A tendência que vem crescendo no Brasil procura, principalmente, locais afastados da poluição luminosa, como é o caso de Iporanga. Uma visita à cidade pode render cliques inéditos para quem aprecia essa arte ou simplesmente gosta de observar um céu estrelado.

A cidade conta com a melhor estrutura de hospedagem da região. Suas pousadas, apesar de rústicas, oferecem os serviços que o visitante precisa para passar seus dias entre a reserva, o centro histórico e as cavernas da região. Na gastronomia, as opções são escassas, mas nem por isso deixam de valer a pena. O Restaurante Casarão, bem em frente à praça da matriz, oferece desde caldos e cozinha contemporânea até pratos com ingredientes bastante comuns na região, como a banana e a taioba. Essa última aparece, reestilizada pela chef Val Ribeiro, em forma de trouxinha acompanhada de queijo brie. O lugar é perfeito para fechar a noite ao som de boa música – nem sempre ao vivo, mas com ótimo repertório – e boa comida após um longo dia de aventuras.


Petar

Rio Petar. FOTO: HECTOR FRONES

PETAR, UM CAPÍTULO A PARTE

A Região do PETAR é reconhecida por possuir um os maiores patrimônios espeleológicos do Brasil, com mais de 300 cavernas cadastradas. São cavernas formadas por rochas calcárias e das mais variadas formas, desde simples entradas subterrâneas até canyons de até 250m de profundidade vertical. É a região de maior concentração de grutas e cavernas do Brasil, sendo um dos maiores sítios geológicos e espeleológicos.

Entre as cavernas existem aquelas que fazem parte do chamado roteiro seco, como a do Morro Preto e Couto. E as que contam com alguma parte de água no percurso, como a da Água Suja. A mais famosa para visitação é a Caverna do Diabo, que conta com estrutura de passarelas e escadas para facilitar a caminhada de 600 metros.

Já a de Santana conta com 700 metros abertos aos visitantes. Isso porque todas as cavernas reservam apenas 10% de sua extensão original para visitação, enquanto o restante só é aberto aos estudiosos. No percurso, passagens apertadas, escadas e as insistentes mariposas acompanham os visitantes. Lá dentro, os espaços mais famosos são o Salão do Cristo, do Bacon, e o rebatizado Salão do Hermeto – que ganhou esse nome por conta da visita do músico Hermeto Pascoal para uma gravação que resultou na danificação de algumas cortinas onde é possível emitir sons.

Entre estalactites (que têm origem de cima para baixo) e estalagmites (ao contrário, de baixo para cima) o guia apresenta formas curiosas como “Pata de Elefante”, “O Cavalo”, “Asa do Anjo”, entre outras.

Cavernas do Petar

Caverna de Santana. FOTO: HECTOR FRONES

Para visitar as cavernas do Petar, é necessário estar acompanhado de um guia, utilizar calçados confortáveis, fechados e manter uma lanterna no capacete. Para registrar os momentos lá dentro, a dica é utilizar câmeras com um bom flash, pois a escuridão é total.


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