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Luxor e Aswan: duas cidades e infinitas possibilidades

19 de setembro de 2016

O fascínio de Luxor se sustenta além do passeio entre as gigantescas colunas de dois grande templos – Karnak e Luxor – construídos em homenagem aos mesmos deuses: Amon, Mut e Khonsu. Durante as festas religiosas suas estátuas eram transportadas de um templo para o outro. Hoje, são os turistas. A cidade revela, também, toda sua magia em voos de balão ao nascer do sol e em cruzeiros de luxo pelo Rio Nilo.

Horus, o mais jovem dos templos 

Dedicado ao deus Hórus, o templo de Edfu, construído em 237 a.C, é um dos mais jovens do Egito Antigo. 

Situado entre Luxor e Aswan, Tel Edfu cresceu ao redor de um templo construído em 237 a.C. A juventude desse templo se deve à cobertura de areia que o manteve adormecido durante séculos. O deus Horus tem cabeça de um falcão por ter sido concebido quando a deusa Isis, na forma de um pássaro, pousou sobre a múmia de Osiris. Seus olhos representam o Sol e a Lua. Dentre as diversas salas ao redor do templo, há uma, em especial, onde foram talhadas em suas paredes receitas de perfumes. O templo de Hórus possui mais que elementos arquitetônicos da Época Greco-romana como o Mammisi, (casa do nascimento divino de Hórus), a cripta e o nilômetro, de onde se media o nível de água do Rio Nilo. Sua beleza vem retocada de areia e de aromas.

Foto por IStock/ zbg2

Foto por IStock/ zbg2

O misterioso templo de Karnak 

Avenidas repletas de primaveras floridas em direção à cidade saúdam o visitante que chega do pequeno aeroporto de Luxor. Mas ao passar sobre um viaduto, outra via logo abaixo chama ainda mais a atenção: a das esfinges. A avenida, de 2,7 quilômetros de extensão, teria em sua construção inicial 1.350 esfinges, todas enfileiradas dos dois lados. A bela avenida, iniciada por Amenhotep III e reconstruída por Nectanebo I, na XXX dinastia, servia como cortejo para rituais nos templos de Luxor e de Karnak. Apenas metade foi descoberta. Atualmente, o restante da avenida permanece coberto por edifícios modernos.

É só o começo da visita ao grande templo de Karnak. Roupas leves, sapato confortável e câmera nas mãos: o intenso calor de 45º C é aplacado na área coberta da entrada, onde turistas recebem orientações básicas da construção do templo. Ao entrar, se percebe um lugar tão impressionante quanto as Pirâmides e a Esfinge de Gizé: a riqueza de detalhes de sua construção, as grandes esculturas, obeliscos e colunas de pedra em forma de flor chegam a tirar o fôlego. O templo de Karnak foi dedicado a tríade Tebana (Amon e os deuses Chons e Mut). Vale dar sete voltas ao redor da escultura do escaravelho para trazer sorte e, quem sabe, ter o restante das avenidas da vida adornadas de flores de primavera.

A luz de Luxor 

A noite estendia seu véu quando as luzes foram acesas no templo de Luxor, aumentando ainda mais sua beleza. A fortaleza espiritual iniciada na época de Amenófis III, mais tarde ampliada por Ramsés II e concluída no período muçulmano, está localizada no centro da cidade. Logo na entrada, suas imponentes estátuas se destacam, assim como a história de combates travados nas épocas do Antigo Egito, greco-romana, copta e islâmica, gravada em paredes e tetos.

Foto por Istock/ JudyDillon

Foto por Istock/ JudyDillon

A área interna do templo é bastante plana e cheia de grandes colunas. Na externa, uma mesquita muçulmana prejudica a aura mística da milenar história dessa construção gigantesca. O templo foi ocupado pelos romanos por volta do século II e foi abandonado gradualmente, se perdendo sob lençóis de areia. Só voltou a ver a luz dia em 881, ao ser descoberto pelo arqueólogo Gaston Maspero. Agora, também, reluz à noite.

Luxor nas alturas 

Às 3h30 o ônibus embarca 14 passageiros do hotel até um pequeno barco. A travessia do Nilo dura quase o tempo do cafezinho. logo iremos voar. 

O silêncio da noite foi rompido pelo som assustador de queimadores do imenso balão. Em pouco tempo, o cesto de vime se desprende do solo. O vermelho reluzente do fogo alimenta a subida da esfera de nylon e revela a preocupação e a expectativa estampadas no rosto do grupo. Mas logo o calor sobre a cabeça se dissipa da mente. O horizonte cresce diante dos olhos, a claridade acorda as montanhas do Vale dos Reis e dá cor às plantações às margens do Nilo. A cidade de Luxor, diminuída do alto, apresenta ao céu sua grandiosa beleza: os templos de Luxor e Karnak.

Já é quase dia e a ansiedade cede lugar a risos descontraídos e cliques fotográficos. A alvorada chegou: o sol do Egito nasceu soberano, irradiando luz sobre meia dúzia de privilegiados balões. A cidade inteira despertou do sono, não tão profundo quanto o dos faraós que jaziam bem pertinho dali, no Vale dos Reis. O silêncio da madrugada de Luxor se rompeu a 200 metros de altura, num belo e inesquecível voo de balão, cheio de ar quente, suspiros e nenhum sono.

É doce navegar no Nilo 

Bastaram poucos anos depois da revolução Egípcia de 2011 para que o número de 300 embarcações em atividade no Rio Nilo caísse para apenas oito. A rota Aswan-Luxor ainda oferece cruzeiros e escalas divinas em templos emblemáticos

O Egito é a “Dádiva do Nilo”, diria o historiador grego Heródoto. Sem a presença do rio seria impossível a uma população inteira sobreviver às custas do deserto. Por isso mesmo, o comércio, a pesca, a agricultura e o transporte abrigaram por milênios ao longo de seu percurso 90% de sua população.

Houve pouca mudança nos últimos cinco mil anos – o turismo, por exemplo, ganhou as águas do Nilo de diversas maneiras. De charmosas felucas (típicos barcos à vela) a grandes navegações em cruzeiros de quatro a nove noites, diante de margens fecundas de plantações de trigo, algodão e cana-de-açúcar cultivadas por povoados árabes e núbios. A bacia de 7.000 quilômetros de extensão passa ainda por mais sete países africanos: Ruanda, Tanzânia, Uganda, Congo, Quênia, Etiópia e Sudão. A mansidão das águas garante navegação tranquila, quase despercebida. Barcos-hotel como o Solaris II oferecem quartos confortáveis, ótimo cardápio, deque com piscina bar, além de escalas mitológicas.

Foto por istock/ LexyLovesArt

Foto por istock/ LexyLovesArt

Parada no templo de Háthor 

Quando o barco-hotel ancora na pequena cidade de Dandara fica difícil imaginar a possibilidade de existir algum templo pelas imediações. Embora o calor de 47ºC incomode, a expectativa pega carona por alguns quilômetros numa van até se deparar com o reforçado muro de tijolos de barro do templo de Hathor, obra datada do período ptolemaico e finalizada pelo imperador romano Tibério.

Hathor, a deusa do amor, da música, da maternidade e da alegria é desenhada como uma mulher de orelhas de vaca. O templo é um dos mais bem preservados de todo o Egito. O complexo de 40.000 metros quadrados foi erguido sobre alicerces de edifícios ainda mais antigos, da época de Quéops.

No complexo também existem mammisis (pequenas capelas dedicadas ao surgimento de um deus local) dos períodos faraônico e romano, ruínas de uma igreja copta e uma pequena capela dedicada a Isis datada do período romano ou ptolemaico. Por dentro, sua área é coberta pelo teto azul de estrelas amarelas dedicadas a deusa Nut.

As paredes talhadas de deuses no templo de Dandara convidam a imaginação a voltar no tempo e esquecer o calor durante o retorno ao barco. Navegar pelo mais lendário curso de água doce do mundo é se deixar levar pelo tempo.

O Templo de kom Ombo 

A colina às margens do Nilo sustenta um templo dedicado ao deus Sebek. O templo de Kom Ombo, da época greco-romana, guarda em seu interior um museu com 20 múmias de crocodilos. Construído pelos ptolomeus, que adaptaram um antigo templo edificado por Tutmósis III (c. 1479 a 1425 a.C.), todo o edifício é rodeado de muros de tijolo. Dois portais dão de frente para o rio Nilo, a antiga morada dos crocodilos. Hoje, embalsamados, restam a eles disputar a atenção dos turistas com sua antiga morada.

FOTO POR ISTOCK.COM / JUDYDILLON

FOTO POR ISTOCK.COM / JUDYDILLON

Aswan – a “perola do Nilo” 

Ao sul do Egito, a 900 quilômetros do Cairo, a linda Aswan, de cerca de 250 mil habitantes, conta sua história em forma pedras, perfumes, luzes e sons. Cosmopolita, a cidade é uma pérola reluzente às margens do grande lago Nasser. 

Os deuses ressuscitados da Ilha de Philae 

A construção da represa do lago Nasser levou água abaixo a ilha de Philae (nome oriundo da antiga palavra egípcia Pilak, que significa “o lugar remoto”) bem como os blocos de pedra e as cores do importante templo egípcio dedicado à deusa Isis. Para recuperar o templo, a UNESCO e o governo egípcio resgataram das águas da represa cerca de 40 mil blocos de pedra. O trabalho de oito anos exigiu a criação de barragem ao redor da ilha e bombas poderosas para a retirada da água. Os blocos de pedra foram remontados na nova ilha como um quebra-cabeças.

Passados milhares de anos, alguns deuses agora ressuscitam no início da noite em forma de luz e Som. A narrativa teatral dá voz ao deus Osíris e sua amada esposa Isis, a deusa que fez uso de rituais para trazer de volta à vida o marido morto por seu irmão Set, o deus do mal no Egito antigo. No templo remontado de Isis, durante aproximadamente uma hora, o show de luzes coloridas e os sons dramáticos imergem os espectadores por pátios e salões. O espetáculo traz à tona toda a aura de encantamento provocada pela mitologia egípcia. E faz os deuses ressuscitarem diante dos olhos e dos corações dos mortais. Isis, a deusa do amor, continua em cena.

O perfume e o alabastro 

Uma receita de perfumes dentro do templo de Hórus revela a importância do aroma nos cultos. O perfume, de fato, nasceu no Egito como oferenda espiritual, mas logo deixou de ser privilégio dos deuses. 

Se é verdade a afirmativa de que nos pequenos frascos se guardam os melhores perfumes, então a mesma vale para a pequena loja de essências Abu Simbel, em Aswan. No local, Hamed Ramadan dá aulas didáticas aos turistas sobre a influência dos diversos extratos florais. Guia turístico por formação, o instrutor explica que ao longo do tempo as essências florais egípcias se tornaram importantes na inspiração de perfumes mundialmente famosos como Channel, Dior, kenzo etc.

FOTO: PEDRO TEIXEIRA

FOTO: PEDRO TEIXEIRA

A base de toda perfumaria mundial tem suas raízes plantadas em solo egípcio. A flor de lótus e a do papiro foram as primeiras utilizadas na extração de óleos essenciais para perfumarem os templos em forma de incenso, velas e óleos perfumados.

A fórmula dos perfumes, de acordo com a crença egípcia, foi revelada aos sacerdotes pelo próprio deus Toth. Inicialmente, no culto antigo, o uso de fragrâncias era reservado aos deuses e aos mortos. O perfume kyphi, encontrado nos textos das pirâmides, é listado entre os bens que o rei vai desfrutar em vida após a morte. Com o tempo, os perfumes trouxeram alívio aos pobres narizes mortais. Na pequena loja de perfumes de Aswan, turistas podem escolher entre dezenas de perfumes e, de acréscimo, levar consigo algum aroma de conhecimento.

O Alabastro transparente 

O alabastro oriental era muito apreciado para a produção de pequenos frascos de perfume ou vasos de unguento, chamados alabastra, e foi empregado também para o fabrico de esculturas, objetos sagrados e funerários. Embora tenha caído em desuso no Egito por algum tempo, o mineral voltou a se popularizar depois de ser utilizado no túmulo de Mohamed Ali Basha, na Mesquita de Alabastro, no Cairo, por volta de 1800. O alabastro tem grãos extremamente finos, a ponto de suas paredes, quando bem finas, se tornarem translúcidas. O mineral de gipsita é uma atração à parte em lojas especializadas de Aswan. A vocação natural do Egito com pedras é do tamanho de suas pirâmides.

O obelisco inacabado 

Condenado ao jazigo perpétuo por causa de uma fenda, numa antiga pedreira de granito em Aswan, o “obelisco inacabado”, como é conhecido, é mais uma das grandes atrações da cidade. A peça, de cerca de 1.200 quilos e 41 metros de comprimento é datada da época do Império Novo. Os obeliscos tinham como função captar os raios do “sol criador” e ligar a terra ao universo celeste. Erguidos como presente para os deuses, o de Aswan, porém, foi ofertado aos turistas. Graças a uma fenda.

Os núbios em Aswan 

O ex-presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, inundou 500 quilômetros de terra e deu seu nome ao maior lago artificial do mundo: o lago Nasser. Porém, quase um terço da área represada pertence ao povo núbio. A paisagem encantadora da região se baseia no contraste entre o azul das refrescantes águas do lago e as quentes areias aos seu redor, onde camelos aguardam os visitantes mais aventureiros. Após 30 minutos de cavalgada embaixo de sol escaldante à beira do lago, onde as crianças aproveitam para nadar, enquanto as mulheres lavam roupas sobre as pedras, as cores vibrantes das casas arredondadas, de abóbodas e imensos pátios ganham vida sobre o terreno arenoso.

FOTO: PEDRO TEIXEIRA

FOTO: PEDRO TEIXEIRA

Do alto do camelo, o sol turva a noção dos sentidos e até a máquina fotográfica sente os efeitos do calor na hora de registrar tudo ao redor: pedreiros em construções, crianças de sorriso tímido, lojinhas de artesanato etc. A vida caminha sem pressa pelo vilarejo, cujo contato com a natureza é intenso.

Um dos costumes dos núbio é ter jacarés presos numa gaiola dentro de casa. Os turistas são levados para a conhecer seus costumes, inclusive numa escola, onde o professor ensina sobre a pronúncia numérica em sua língua, com direito a castigo de régua aos alunos mais desatentos. Pura brincadeira, claro. Os núbios tem a simpatia do tamanho de sua represa.

Texto por: Pedro Teixeira. O jornalista viajou para o Egito a convite da Hello Brazil, representante da operadora Egípcia Eagle Travel, juntamente com um grupo de operadoras e agências de turismo de diversos estados brasileiros. O voo foi feito pela Ethiopian Airlines. O jornalista viajou assegurado pela GTA seguros.

Foto destaque por Istock/ Leonid Andronov

Confira a matéria completa na edição digital de Setembro da Revista Qual Viagem.

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