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Pantanal Sul e Bonito: onde a natureza reina absoluta

27 de junho de 2023

O Mato Grosso do Sul é privilegiado por ter dois dos destinos de maior beleza natural do Brasil: o Pantanal, com sua rica biodiversidade e o impressionante ciclo das águas, e Bonito, repleto de nascentes, rios cristalinos, grutas e cachoeiras. A distância entre eles torna possível um roteiro que inclui ambos os destinos, em uma viagem que promete grandes surpresas e experiências inesquecíveis em terras sul-mato-grossenses.

PANTANAL SUL

O Pantanal sempre é descrito da mesma maneira: a maior planície alagável do mundo, com mais de 200.000 km². Parece algo simples, mas é só ao visitá-lo que é possível compreender de fato a delicadeza e a complexidade desse ambiente, que guarda tantas paisagens diferentes. Dentro de um constante ciclo entre os períodos de cheia, vazante, seca e enchente, o Pantanal é dinâmico e resultado desse equilíbrio de extremos, onde fauna e flora vivem em perfeita simbiose.

Foto por Projeto Salobra / Luiz Felipe Mendes Wildlife Photographer

Ao atravessar essas diferentes épocas do ano, a paisagem muda completamente, de acordo com a vontade das águas. Pense no Pantanal como uma grande piscina – uma planície cercada por serras e que acumula a água que vem de dezenas de rios a partir dessas “bordas”. É assim que áreas inteiras ficam alagadas e inacessíveis por via terrestre no período das chuvas.

Foto por Visit Pantanal

Outra particularidade do Pantanal é a biodiversidade, com um grande número de espécies endêmicas, tanto da fauna quanto da flora. Em cada região aparecem animais totalmente diferentes. A vegetação também muda muito de uma área para outra, às vezes com matas mais fechadas, outras com campos abertos. Mesmo com tanta riqueza, o Pantanal é o menor bioma do país. Porém, é o mais brasileiro possível: uma combinação entre Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.

Foto por Visit Pantanal

Em uma viagem ao Pantanal você também passa a compreender a força da gente pantaneira, que encontrou modos de viver em meio a um ambiente tão dinâmico. São pessoas que conseguem se adaptar e antever os próximos movimentos da natureza aos mínimos sinais, como uma simples chuva fora de época.

Cerca de 65% do Pantanal brasileiro está no Mato Grosso do Sul, e esse destino é mais acessível do que a gente imagina. A partir da capital Campo Grande, são cerca de 140 km até Aquidauana, 200 km até Miranda e 430 km até Corumbá. Estas três cidades são as bases para conhecer as principais regiões do Pantanal Sul.

Pantanal de Aquidauana

Grande parte do Pantanal é formada por áreas particulares, principalmente fazendas pecuárias. Mas aqui o turismo convive em harmonia com o agronegócio e acontece dentro de propriedades produtivas. É um cenário que parece paradoxal, mas que funciona muito bem através de empreendimentos como as pousadas pantaneiras.

Foto por Divulgação Pousada Pequi

Aliás, as pousadas pantaneiras são opções bem completas para quem quer conhecer o Pantanal. Mais afastadas das cidades e dentro de grandes fazendas, elas oferecem hospedagem, refeições (geralmente pensão completa) e aqueles passeios mais típicos do Pantanal, como safáris fotográficos e cavalgadas. Vale mencionar que no Pantanal os proprietários dos atrativos geralmente estão ali presentes e vão te receber de braços abertos.

Foto por Divulgação Pousada Pequi

Na área rural de Aquidauana, a Pousada Pequi fica na antiga sede da Fazenda Piqui, que data de 1921, e mantém um clima rústico e aconchegante. Conta com piscina, restaurante, redário, parquinho e mais – tudo em áreas bem abertas, o que faz com que você sinta-se abraçado pela natureza e sempre envolvido pelo canto de inúmeros pássaros, que começam sua sinfonia logo cedo. A comida típica da região, feita no fogão a lenha, é uma constante em todas as refeições na Pousada Pequi, como a sopa paraguaia (uma espécie de torta salgada feita de milho, queijo e cebola), que aqui parece um suflê de tão leve.

Foto por Divulgação Pousada Pequi

Muito hospitaleiras, as pousadas pantaneiras costumam ser menores, com poucos quartos – a Pequi, por exemplo, tem apenas 10. O que é uma vantagem, pois ganham um caráter de mais exclusividade. Além disso, os hóspedes têm uma flexibilidade maior para agendar os passeios e muita tranquilidade para aproveitar toda a estrutura do local. Outra opção do mesmo tipo em Aquidauana é a Pousada Aguapé, com um total de 15 acomodações e uma charmosa decoração em estilo rústico, bem típico de uma fazenda.

Foto por Patrícia Chemin

Tanto na Pequi quanto na Aguapé é possível fazer dois passeios por dia, como safári fotográfico, caminhada, focagem noturna (para avistar animais de hábitos noturnos), passeio de barco pelo Rio Aquidauana, pesca esportiva de piranhas, cavalgada e mais. As propriedades são enormes, e em qualquer passeio você terá a oportunidade de ver muitos animais circulando em seu habitat natural. Por isso, fique bem atento – sombras de árvores podem abrigar grupos de capivaras ou cervos, pequenos lagos junto às trilhas escondem jacarés e diferentes aves surgem a todo momento.

Foto por Divulgação Pousada Pequi

É claro que as onças-pintadas são as grandes estrelas e o animal mais esperado por todos os turistas. Afinal, o Pantanal é o principal destino para a observação deste que é o maior felino das Américas. Mesmo assim, para se deparar com uma onça é preciso ter sorte. E há outros tantos animais incríveis para ver de perto, como tamanduás, antas, ariranhas, lontras, tatus, quatis, macacos, sucuris, tuiuiús (animal símbolo do bioma), araras, tucanos, papagaios e muito mais, entre centenas de espécies diferentes.

Foto por Divulgação Pousada Pequi

Lembrando que no Pantanal há duas estações principais. A seca (inverno) é mais propícia para observação de animais. Já na cheia (verão) você tem a oportunidade de ver o Pantanal verdadeiro, com as amplas áreas alagadas. Os dois períodos têm as suas vantagens – vai depender do que você tem mais interesse em ver e fazer. Mas paisagens deslumbrantes pelo caminho são uma garantia o ano inteiro. Uma planície imensa com a natureza plena até onde a vista alcança. Uma luz dourada inunda a vegetação nas primeiras horas da manhã, e, ao pôr do sol, o céu parece uma pintura, mesclando tons de rosa, vermelho e laranja.

Foto por Patrícia Chemin

Estrada Parque Piraputanga

O Pantanal de Aquidauana ainda reserva algumas surpresas pelo caminho. Saindo de Campo Grande, o caminho mais curto até Aquidauana é seguir direto pela BR-262. Mas vale incluir um pequeno desvio pela MS-450, a Estrada Parque Piraputanga. Essa é uma daquelas dicas que só os moradores e os receptivos locais sabem.

Foto por Flavio Andre/MTur

Recém-asfaltada, a estrada atravessa três distritos de Aquidauana e margeia a Serra de Maracaju, uma das bordas do Pantanal. Em uma região onde você só espera encontrar planícies, a Estrada Parque Piraputanga surpreende pelos cenários com enormes paredões de arenito avermelhados.

Esse caminho alternativo também conta com pequenos negócios locais, como restaurantes, ranchos, pesqueiros e até uma vinícola – a Terroir Pantanal. No Pira Restaurante, por exemplo, há porções bem servidas a preços justos, principalmente de peixes da região. Destaque para o filé de pintado ao molho de urucum, a moqueca na telha com banana e a costelinha de pacu sem espinha.

Foto por Lejania Ribeiro Malheiros

Para quem prefere uma dose de adrenalina, a dica na Estrada Parque é o rafting no Rio Aquidauana, operado pela Impacto Aventuras. O passeio tem como ponto alto o visual ao redor, com um rio bem amplo cercado por chapadões e muito verde. Fora do período de chuvas, o rio chega a ficar cristalino. O trajeto tem pouco mais de 3 km e conta com algumas prainhas – você pode sair do bote e nadar um pouco no rio.

Pantanal de Miranda

Foto por Projeto Salobra / Luiz Felipe Mendes Wildlife Photographer

Cerca de 75 km separam Aquidauana de Miranda, cidade que oferece alguns atrativos fora das pousadas e fazendas pantaneiras. Um deles é o Projeto Salobra, que funciona com entrada day use. O local é um santuário ecológico, proporcionando uma imersão completa na natureza. Fica em um dos maiores corredores de biodiversidade do Mato Grosso do Sul – o Rio Salobra, decretado como um rio de preservação ambiental por ser um berçário natural. Nessa área está também a maior concentração de onças-pintadas do estado.

Foto por Projeto Salobra / Luiz Felipe Mendes Wildlife Photographer

Toda a estrutura do Projeto Salobra foi pensada de forma sustentável, e o destaque ali é o passeio contemplativo de barco pelo Rio Salobra. Enquanto a pequena embarcação desliza calmamente pelas águas, você entra em um mundo à parte, bem longe da vida nas cidades. Quando o motor é desligado, o silêncio é quebrado apenas pelo canto dos pássaros. Como sempre, mantenha-se atento para ver animais pelo caminho, como jacarés que descansam nas margens e arraias no fundo do rio.

Foto por Projeto Salobra / Luiz Felipe Mendes Wildlife Photographer

O passeio segue até o encontro das águas do Salobra (mais límpidas) com o Rio Miranda (mais barrento), em um espetáculo natural. Na seca, o Rio Salobra chega a ficar totalmente cristalino. De volta ao receptivo, a visita ao Projeto Salobra inclui um delicioso almoço, com uma comida bem caseira ao melhor estilo pantaneiro.

Foto por Visit Pantanal

Para não só conhecer, mas de fato vivenciar a cultura pantaneira autêntica, a dica é o Pantanal Experiência, também em Miranda. Instalado em uma antiga olaria da década de 1920, o atrativo proporciona um dia completo na fazenda, como uma amostra da vida do pantaneiro, onde você é convidado a fazer parte de uma tradicional comitiva.

Foto por Visit Pantanal

A manhã começa com um café de boas-vindas, com chipas, sopa paraguaia e o café feito no fogão de cupim (uma estrutura feita pelos peões aproveitando os cupinzeiros do campo). Depois, é hora de integrar a comitiva pantaneira, que é o grupo de peões encarregado de levar o gado de um lugar para o outro. Mas isso está longe de ser uma cavalgada comum. Primeiro, você vai atravessar campos e trilhas no meio da mata, sob a sombra das árvores, além de áreas alagadas, onde o nível da água chega a bater na barriga do cavalo. Até que chega o momento de tocar o gado, quando os peões iniciantes recebem funções junto à boiada.

Foto por Patrícia Chemin

No retorno à sede, uma saborosa comida de comitiva aguarda o grupo para o almoço, com itens como arroz carreteiro, feijão, mandioca cozida e ovo frito. São os alimentos que os peões costumam levar para o dia de trabalho nas fazendas. Para a sobremesa, há compotas caseiras, como doce de abóbora e doce de mamão, além de doce de leite e rapadura. O almoço em si é toda uma experiência, desde o fogão a lenha e os pratos de alumínio esmaltado até o jeito certo de se servir.

Foto por Patrícia Chemin

Ao participar de tantas tradições pantaneiras, você passa a entender um pouco mais da vida local e da cultura desse povo. O Pantanal Experiência oferece ainda outras atividades, como o farm tour para conhecer mais da fazenda e uma caminhada guiada para descobrir as plantas típicas do Pantanal e do Cerrado, entre frutos regionais e árvores com propriedades medicinais incríveis.

De Miranda a Corumbá

Uma viagem ao Pantanal Sul pode se adequar a todos os orçamentos. Uma opção bem econômica é aproveitar os atrativos que funcionam com day use, como o Projeto Salobra e o Pantanal Experiência, e se hospedar em um hotel de cidade, como a Pousada Pioneiro e o Pantanal Hotel, ambos em Miranda. A Fazenda San Francisco é outra propriedade que, além de uma pousada, oferece day use com safári fotográfico, passeio de chalana e almoço pantaneiro.

Foto por Visit Pantanal

Para quem quer uma experiência luxuosa no Pantanal, as dicas são o Refúgio Ecológico Caiman, que conta com uma pousada e villas privativas em meio a uma propriedade de 53 mil hectares, e a Baía das Pedras, um hotel fazenda isolado no coração do bioma, cujo acesso por terra só acontece durante o período da seca, em veículos 4×4.

Foto por Visit Pantanal

Já no Pantanal de Corumbá, as opções incluem o Pantanal Jungle Lodge, o Lontra Pantanal Hotel (com ótima estrutura voltada para a pescaria) e a Pousada Xaraés. Quem busca algo ainda mais exclusivo pode optar pelo Amolar Experience, um programa de turismo com roteiros fechados na Serra do Amolar. Próxima ao Mato Grosso e à Bolívia, a região ainda é pouco conhecida, mas guarda grande biodiversidade e natureza preservada. O acesso é através de um trajeto de 5h em lancha pelo Rio Paraguai.

Foto por Visit Pantanal

Não podemos deixar de falar sobre os cruzeiros fluviais, uma forma bem diferente de conhecer o Pantanal. Com saídas de Corumbá e navegação pelo Rio Paraguai, costumam ser roteiros de cinco a sete dias, com pacotes tudo incluso. A Joice Tur é uma empresa especializada em cruzeiros de pesca esportiva e ecoturismo no Pantanal e conta com uma boa frota de barco-hotéis modernos. O Kayamã, por exemplo, é uma embarcação cinco estrelas, com capacidade máxima para 50 passageiros em 25 camarotes. Tem ainda três piscinas, restaurante, sala de jogos, spa e academia.

 

BODOQUENA

O Pantanal e a cidade de Bonito estão mais próximos do que muitos imaginam: de Miranda até a capital brasileira do ecoturismo, são apenas 130 km. E entre os dois destinos está a belíssima Serra da Bodoquena, conhecida por abrigar uma profusão de cachoeiras, rios cristalinos e nascentes. Para otimizar o trajeto entre o Pantanal e Bonito, a ideia é aproveitar um ou mais passeios na cidade de Bodoquena, com opção de pernoite.

Cachoeiras e nascentes na Serra da Bodoquena

Em uma propriedade de 400 hectares próxima ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena, o complexo Cachoeiras Serra da Bodoquena tem paisagens de extrema beleza em meio a uma vegetação preservada de Mata Atlântica e Cerrado. Ali, os grupos de visitantes são acompanhados por um guia ao longo de uma sequência de cachoeiras, cinco delas para banho.

Uma vantagem é que a trilha é bem leve, com trajetos curtos e relativamente planos entre uma cachoeira e outra. A primeira, por exemplo, fica a apenas 200 metros do receptivo. A trilha é circular, com um total de 3 km de extensão. Cada cachoeira tem sua beleza, mas todas são de águas cristalinas em belos tons esverdeados do Rio Betione.

Foto por Patrícia Chemin

A Cachoeira da Gruta é a principal, com 12 metros de altura e uma grande piscina natural que rende um bom mergulho entre os peixes. A água não é tão fria, já que bem ao lado está uma nascente. Todo o trajeto é bem estruturado, com decks de apoio e mirantes para fotos incríveis. O passeio termina no balneário do complexo, onde há uma ampla área para nadar, tirolesa aquática e espaços de descanso, além de caiaques infláveis e equipamento de stand-up paddle à disposição.

Foto por Patrícia Chemin

Os visitantes podem também embarcar em um pequeno trajeto de bote rio acima, até a Cachoeira do Betione. No passeio está incluso um saboroso almoço no restaurante do complexo, e o turista tem livre acesso ao balneário durante o restante do dia. Por um valor à parte, há ainda passeio de quadriciclo. Vale mencionar que a Fazenda Cachoeiras Serra da Bodoquena tem ali mesmo uma pousada própria, com 22 apartamentos amplos dispostos em chalés.

Foto por Divulgação Nascentes da Serra

O mais novo atrativo em Bodoquena é o Nascentes da Serra, inaugurado há cerca de um ano. É onde acontece a flutuação no Rio Azul, um pequeno afluente do Rio Salobra. O passeio começa em uma trilha na mata, até chegar ao ponto de encontro entre os dois rios. Ali, o grupo, já equipado com roupa de neoprene, sapatilhas aquáticas, máscara e snorkel, embarca em um bote inflável e segue até a nascente do Rio Azul, onde há uma plataforma flutuante. Mesmo que esse trajeto de ida já proporcione visuais incríveis do rio, ele nem se compara com a visão que você vai ter embaixo d’água.

Foto por Divulgação Nascentes da Serra

O Rio Azul é totalmente cristalino, com um vibrante tom turquesa e uma visibilidade que chega a mais de 40 metros na horizontal. Por todos os lados há uma verdadeira floresta submersa de plantas bem compridas que parecem galhos de palmeiras. Na realidade, são aguapés jovens, que depois se desenvolvem até formar os camalotes encontrados aos montes na superfície. A abundância da vegetação subaquática é tão grande que há uma profusão de bolhas dentro do rio, resultado da fotossíntese feita por essas plantas. A sensação ao flutuar no Rio Azul é a de estar voando sobre uma floresta de verdade.

Foto por Divulgação Nascentes da Serra

Em períodos normais, a profundidade do Rio Azul varia de 1,5 m a 4 m, mas pode ser maior em épocas de chuva. Junto a uma correnteza muito leve, você pode nadar à vontade ao longo do percurso de 620 metros, além de fazer apneia. Após a flutuação, o grupo segue para um passeio de barco a motor pelo Rio Salobra, onde pode admirar todo um ecossistema diferente na superfície.

Boca da Onça

Ainda em Bodoquena, a Boca da Onça é um daqueles lugares que te deixam maravilhado a cada passo. Ao final do dia, seu celular estará repleto de novas fotos incríveis. O complexo é famoso por abrigar a cachoeira homônima, que é a mais alta do Mato Grosso do Sul. Mas vai muito além disso.

Foto por Divulgação Boca da Onça

Há duas opções de trilhas: a Adventure, com 4,5 km e uma duração média de 5h, e a Discovery, que inclui boa parte da trilha anterior mais um trecho extra de 2 km. Na Adventure, que é a mais popular, o trajeto é circular, atravessando toda uma encosta da serra de cima a baixo, começando pela parte mais alta. Entre cachoeiras, piscinas naturais de águas cristalinas e mirantes, há várias paradas pelo caminho, sendo cinco delas para banho e outras seis para contemplação. Fica até difícil escolher qual ponto é o mais bonito, porque em cada parada você será surpreendido por um novo cenário e arrebatado por tanta beleza.

Foto por Patrícia Chemin

Prepare as pernas para dar conta dos muitos degraus pelo caminho. Aliás, do lado mais íngreme, existe uma sequência de 886 degraus que você vai enfrentar na subida ou na descida. Apesar disso, as trilhas entre uma parada e outra são de nível fácil, muito bem marcadas, cuidadas e seguras. Outra vantagem é que boa parte do caminho é coberta pela sombra das árvores, o que deixa a temperatura bem mais agradável. Inclusive, com uma vegetação tão abundante e preservada, o guia aproveita a oportunidade para contar várias curiosidades sobre as espécies da flora local. No meio da trilha, há um ponto de apoio, com banheiros e quiosque que vende bebidas e snacks. Vá com roupa de banho, use calçados fechados e confortáveis e leve uma toalha e uma garrafinha de água.

Foto por Patrícia Chemin

Com uma queda de 156 metros de altura, a Cachoeira Boca da Onça impressiona pela magnitude. Ela forma uma boa piscina natural, onde ao redor foi instalado um deck de madeira para os visitantes. Outro ponto para banho é o Buraco dos Macacos, um poço com cachoeira que lembra os cenotes mexicanos. Para acessá-lo é necessário nadar por um canal que passa sob uma fenda nas rochas.

Foto por Divulgação Boca da Onça

Algumas cachoeiras são apenas para contemplação, já que têm estruturas de tufas calcárias mais frágeis. Ao contrário do que acontece em outros lugares, na região da Serra da Bodoquena as cachoeiras aumentam de tamanho devido ao depósito de carbonato de cálcio presente naturalmente na água sobre as pedras e a matéria orgânica, formando as tufas calcárias – estruturas que se assemelham a degraus e parecem esculpidas de forma intencional de tão perfeitas.

Foto por Divulgação Boca da Onça

Um lugar favorito para fotos é a Janela para o Céu, um espelho d’água no topo de uma cachoeira, onde foi construída uma passarela a poucos centímetros abaixo do nível da água. Ali, com o reflexo da luz do sol, a pessoa parece caminhar sobre o lago, tendo ainda uma vista panorâmica de tirar o fôlego para a Serra da Bodoquena. Além das cachoeiras, o complexo da Boca da Onça tem o maior rapel de plataforma do Brasil, com uma descida de 90 metros em meio ao Cânion do Rio Salobra.

Antes da caminhada começar, todos os visitantes são recebidos com um café da manhã bem servido, para reforçar a energia. Na maioria dos passeios disponíveis está incluso também um farto almoço, com carnes assadas, costelinha de pacu, farofa, purê de abóbora com carne de sol e outras delícias da fazenda. Além do restaurante, o receptivo da Boca da Onça tem piscinas, vestiários com chuveiros, bar e lojinha de presentes.

 

BONITO

O destino final dessa viagem é Bonito, considerado por muitos o melhor destino de ecoturismo do Brasil. A fama é justificada – uma infinidade de passeios e paisagens deslumbrantes, de rios cristalinos e repletos de peixes a cavernas com piscinas naturais. Bonito também é um dos destinos turísticos mais organizados do país, que tem como um de seus pilares a preservação do meio ambiente.

Foto por Divulgação Nascente Azul

Para começar, todos os atrativos têm um limite máximo de visitantes por dia, para minimizar o impacto ambiental. Como forma de controlar o acesso, todos os passeios só podem ser comercializados pelas agências locais autorizadas pela prefeitura, em um sistema chamado de voucher único. Com isso, os preços são sempre tabelados, independente da agência que você escolher.

A dica é fazer as reservas com antecedência, principalmente se você viajar na alta temporada (férias escolares e feriados). Dá para agendar até dois passeios por dia, para aproveitar sua estadia ao máximo. Quase todos os atrativos ficam em propriedades particulares, geralmente mais afastadas do centro, mas oferecem estruturas turísticas completas, com banheiros, estacionamento, lanchonete ou restaurante e outras comodidades.

Foto por Patrícia Chemin

Com cerca de 22 mil habitantes, Bonito é aquela típica cidade do interior – pequena, tranquila e muito segura. Sinta-se livre para caminhar pelas ruas a qualquer hora do dia ou da noite, sem preocupações. Aliás, é durante a noite que o centro de Bonito ganha vida, depois que os turistas voltam dos passeios. A rua principal (R. Cel. Pílad Rébua) concentra ao longo de poucos quarteirões uma boa variedade de lojinhas de presentes, restaurantes, bares, sorveterias e outros pontos comerciais. É só ter a Praça da Liberdade como ponto de referência. A oferta hoteleira de Bonito também é bem completa, de opções mais luxuosas a hostels e pousadas simples.

Foto por Divulgação Nascente Azul

Em Bonito, os passeios são para todos os perfis. Há desde atividades radicais para os mais aventureiros, como rafting, boia cross e mergulhos com cilindro, até trilhas leves e balneários tranquilos para crianças e idosos. E cada lugar tem sua particularidade, com cenários únicos não só no Brasil, mas no mundo. Bonito é um destino tão especial graças à formação geológica dessa região, rica em rochas calcárias, o que possibilitou o surgimento de tantas grutas, cavernas e nascentes. Já o alto teor de carbonato de cálcio e magnésio na água faz com que qualquer partícula sólida seja decantada para o fundo dos rios, colaborando para essa qualidade cristalina tão característica de Bonito.

Flutuações e nascentes

Não há dúvidas que as flutuações são os passeios mais procurados em Bonito. É fácil entender o motivo: os rios e as nascentes são hipnotizantes de tão cristalinos. A água ainda ganha diferentes tons de azul e verde, e a vegetação exuberante ao redor completa o cenário.

Vários atrativos oferecem esse tipo de atividade, como o Aquário Natural, que impressiona pela quantidade de peixes, o Rio da Prata, cuja flutuação é a mais longa de todas, e o Rio Sucuri, que chega a ser ainda mais transparente. Outra opção é a Lagoa Misteriosa, que ganhou esse nome graças a uma questão curiosa: sua real profundidade ainda é desconhecida. O ponto mais fundo já explorado por mergulhadores foi a 220 metros embaixo d’água.

Foto por Divulgação Nascente Azul

No complexo de ecoturismo da Nascente Azul, a flutuação acontece nas águas calmas e cristalinas do rio homônimo. Equipado com colete, calçados de borracha, máscara e snorkel (aqui a roupa de neoprene é opcional), o grupo primeiro passa por um treinamento já dentro do rio, importante principalmente para quem não tem tanta intimidade com a água e os equipamentos. Aliás, a flutuação na Nascente Azul é tão tranquila, com uma correnteza quase imperceptível, que é recomendada para crianças, idosos e até para quem não sabe nadar.

Foto por Divulgação Nascente Azul

Enfim, chega a hora de ver a nascente de perto. Ela é única na região por estar em uma fenda rochosa. Esse é o ponto mais fundo da flutuação, em torno de 7 metros, onde é possível fazer um mergulho de apneia. Depois é só deixar a água te levar calmamente por um lindo percurso pelo rio e flutuar em meio a um rico e colorido jardim subaquático, com a água em um belíssimo azul turquesa. Você consegue ver tudo ao seu redor com uma riqueza de detalhes, até mesmo as pequenas bolhas de oxigênio que as plantas submersas produzem na fotossíntese. Fique atento aos cantos protegidos pelas sombras das árvores, onde os cardumes de peixes costumam se acumular.

Foto por Divulgação Nascente Azul

Além de uma estrutura turística completa, o complexo da Nascente Azul oferece ainda balneário, tirolesa, pêndulo humano, trilhas contemplativas e o Museu Subaquático de Bonito, único do mundo em um ambiente de água doce e a primeira atração do tipo no Brasil, que pode ser explorado através de um mergulho com cilindro.

Grutas, cachoeiras e muito mais

Foto por Flávio André – MTUR

Parte da ampla rede de cavernas, grutas e galerias subterrâneas de Bonito, a Gruta do Lago Azul é o famoso cartão-postal da cidade. O visual é de tirar o fôlego: incríveis dimensões, sendo esta uma das maiores cavidades inundadas do mundo, enormes espeleotemas projetados no chão e no teto da caverna e um profundo lago que reflete um azul intenso, onde já foram encontradas ossadas de animais pré-históricos. A visita é contemplativa, já que não é permitido entrar na água.

Foto por Divulgação Abismo Anhumas

Já em um dos lugares mais surreais de Bonito, você vai se sentir como um explorador em uma expedição ao centro da Terra. Estamos falando do Abismo Anhumas. Na superfície, não dá para imaginar que uma pequena fenda no chão é a porta de entrada para uma caverna imensa, descoberta por acaso. Sentado confortavelmente em um rapel elétrico, você será transportado através dessa fenda entre as rochas, até que se abre aos poucos sob seus pés uma câmara gigantesca de 72 metros de altura (o equivalente a um prédio de 24 andares), inundada por um lago que chega a ter 80 metros de profundidade. Quando a luz do sol atravessa a fenda no alto do abismo, ela cria um visual mágico, fazendo o lago brilhar em um lindo tom azul turquesa. Por todos os lados, há grandes estalactites e estalagmites, que resultam do depósito contínuo de carbonato de cálcio ao longo de milhares de anos.

Foto por Patrícia Chemin

Os turistas descem até um deck flutuante, onde se preparam para as diferentes atividades, como dar uma volta de bote inflável por todo o lago para ver de perto as diferentes formações rochosas. Os mais aventureiros podem optar entre a flutuação com snorkel ou o mergulho com cilindro. O Abismo Anhumas tem águas cristalinas, com uma visibilidade que chega a 60 metros. Ali, não há peixes ou plantas subaquáticas, mas sim uma “floresta” de enormes cones calcários no fundo do lago, alguns com quase 20 metros de altura. É até difícil descrever a sensação de flutuar nesse ambiente, mas tenha a certeza de que esta será uma experiência inesquecível.

Foto por Divulgação Abismo Anhumas

Bonito tem ainda outras dezenas de atrativos e passeios, como as cachoeiras da Estância Mimosa, da Ceita Corê e do Parque das Cachoeiras, as grutas de São Miguel, do Mimoso e Catedral, o Balneário Municipal, o Buraco das Araras e muito mais. É só escolher uma agência e montar o seu roteiro.

 

SERVIÇOS

Como chegar

Uma opção de roteiro é desembarcar em Campo Grande, que recebe voos da Azul, da Gol e da Latam. O mais cômodo é curtir o Pantanal Sul, a Serra da Bodoquena e Bonito de carro. Para isso, alugar um veículo é uma ótima opção, mas, se preferir, pode também reservar transportes com as agências locais. A partir da capital do Mato Grosso do Sul, a BR-262 leva até Aquidauana (146 km), Miranda (218 km) e Corumbá (441 km). A cidade de Bonito fica a 132 km de Miranda, com Bodoquena no meio do caminho. A voo de retorno pode sair de Campo Grande, depois de um trajeto de carro de 4h pela BR-060, ou de Bonito mesmo, cujo aeroporto tem voos diretos para Viracopos com a Azul e para Congonhas com a Gol.

Onde ficar

PANTANAL

Pousada Pequi – pousadapequi.com.br

Pousada Aguapé – pousadaaguape.com.br

Pousada Pantanal Experiência – pantanalexperiencia.com.br

BODOQUENA

Fazenda Cachoeiras Serra da Bodoquena – cachoeiraserradabodoquena.com.br

Águas de Bodoquena Hotel – aguasdebodoquena.com.br

BONITO

Bonito Ecotel – bonitoecotel.com.br

Pousada Arte da Natureza – pousadaartedanatureza.com.br

Pousada Girassol – pousadagirassolms.com.br

Onde comer

PANTANAL

Pira Restaurante – instagram.com/pirarestaurante

Caqui Quintal – instagram.com/caquiquintal

Querência Pantaneira – querenciapantaneira.com.br

BONITO

Boteco Juanita – instagram.com/botecojuanita

Casa do João – instagram.com/casadojoaorest

Juanita Restaurante – juanita.com.br

 

Mais informações em: visitpantanal.com

 

Texto por: Patrícia Chemin. A jornalista viajou a convite da Visit Pantanal, em parceria com o Sebrae/MS para o evento Inspira Ecoturismo.

Foto destaque por: Divulgação Pousada Pequi

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