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La Rioja: uma Argentina a ser descoberta

29 de julho de 2022

Paisagens montanhosas dramáticas, planícies áridas e cânions de rochas sedimentares avermelhadas. Esse é o visual que você vai encontrar em La Rioja, uma das 23 províncias da Argentina. O destino ainda é pouco conhecido pelos brasileiros, mas é perfeito para quem quer se aventurar em um lado diferente do país vizinho.

Foto por Secretaría de Turismo de La Rioja

Localizada no noroeste da Argentina, La Rioja tem paisagens e formações geológicas de tirar o fôlego, um povo muito solícito e hospitaleiro e uma cultura rica em tradições. Atividades de aventura e expedições são os destaques desse destino, mas podemos citar ainda a gastronomia saborosa e o enoturismo.

La Rioja faz divisa com a província de Córdoba, a leste, e com o Chile, a oeste. A capital homônima fica a 780 km de Mendoza, a 440 km da cidade de Córdoba e a 690 km de Salta. É a cidade de La Rioja que costuma ser a porta de entrada para a província, já que recebe voos diretos de Buenos Aires. Mas vale considerar Chilecito como base para a viagem pelo destino.

Foto por Secretaría de Turismo de La Rioja

Chilecito é a segunda maior cidade de La Rioja e conta com uma boa infraestrutura turística. Sua localização é estratégica para quem quer explorar o oeste da província, onde estão os atrativos naturais mais famosos de La Rioja, incluindo o deslumbrante Parque Nacional Talampaya. Mesmo assim, prepare-se para enfrentar longas distâncias entre um passeio e outro, já que o território de La Rioja é bem extenso. Mas as estradas costumam ser ladeadas por belas paisagens montanhosas e vistas panorâmicas de tirar o fôlego.

Rota 40 e Cuesta de Miranda

A icônica Rota Nacional 40 (Ruta 40), famosa por cruzar a Argentina de norte a sul por mais de 5.000 km, do gelo da Patagônia aos desertos de Jujuy, atravessa a província de La Rioja, passando por Villa Unión e Chilecito. Essa estrada, considerada uma das mais cênicas do mundo e perfeita para uma roadtrip, é um dos trechos do caminho que leva de Chilecito ao Parque Nacional Talampaya.

Foto por Secretaría de Turismo de Municipalidad de Chilecito

Esse trajeto tem um dos cenários mais bonitos quando atravessa a Serra de Famatina, em um caminho repleto de curvas entre as montanhas. A paisagem é tão majestosa que faz você pensar que está em meio aos Andes – mas a cordilheira está ainda a algumas dezenas de quilômetros de distância.

Foto por Secretaría de Turismo de Municipalidad de Chilecito

O auge desse caminho pela Rota 40 em La Rioja é a Cuesta de Miranda, na passagem que se abre entre as serras de Famatina e Sañogasta. Há um mirante onde é possível estacionar o carro e sair para apreciar a vista panorâmica e os enormes paredões de granito de variadas cores.

Parque Nacional Talampaya

Depois de atravessar a serra, a paisagem ao longo da estrada muda para grandes planícies áridas e avermelhadas, pontuadas por cactos gigantes, indicando que o famoso parque nacional se aproxima. Talampaya é considerado uma das 7 Maravilhas Argentinas e também Patrimônio da Humanidade pela Unesco junto com o Parque Ischigualasto – este último já na província vizinha de San Juan.

Foto por Patrícia Chemin

Até onde a vista alcança, o solo é coberto por uma fina terra vermelha, resultado do desgaste natural das enormes rochas sedimentares que se espalham por todo o parque. Nessas grandes rochas vermelhas, cujos paredões parecem que foram lapidados intencionalmente para criar os mais impressionantes formatos, é possível observar a sequência completa do Período Triássico.

Foto por Patrícia Chemin

Em 215 mil hectares, o Parque Nacional Talampaya guarda formações geológicas únicas no mundo, onde foram encontrados fósseis de dinossauros, plantas e ancestrais dos mamíferos, que datam de mais de 200 milhões de anos atrás e são essenciais para entender a evolução dos vertebrados no nosso planeta. Entre as formações mais emblemáticas estão El Monje, que lembra uma figura humana, e o Cânion de Talampaya, por onde é possível caminhar entre os paredões que chegam a 200 metros de altura.

Foto por Secretaría de Turismo de La Rioja

Para melhor preservar esses recursos naturais, as visitas em Talampaya são sempre em excursões acompanhadas por um guia. Prestadores de serviços habilitados oferecem uma variedade de passeios, feitos em veículos, a pé ou de bicicleta e adquiridos separadamente. O parque tem duas entradas, cada uma com um centro de visitantes. A primeira, que conta com restaurante e loja de souvenires, leva à área do Cânion de Talampaya. Da segunda partem as excursões para o Cânion do Arco-Íris e a Cidade Perdida. Quando é tempo de lua cheia, acontecem excursões noturnas.

Foto por Secretaría de Turismo de La Rioja

As chuvas em Talampaya são raras, concentradas de dezembro a março, e os dias são marcados por uma grande amplitude térmica. Além disso, durante o verão pode fazer mais de 40ºC. No inverno, as temperaturas chegam a ficar abaixo de 0ºC. Seja quando for a sua visita, use roupas e calçados confortáveis, beba muita água, pois o clima é bem seco, e não esqueça o protetor solar.

Cânion do Triássico

Foto por Patrícia Chemin

Bem ao lado de Villa Unión, cidade que fica no caminho para Talampaya a partir de Chilecito, está a pequena localidade de Banda Florida, onde se encontra mais uma maravilha geológica de La Rioja. É o Cânion do Triássico, reserva municipal que integra um circuito turístico ainda recente.

Foto por Patrícia Chemin

Para visitá-lo, contrate uma agência de passeios local. O percurso pode ser feito a pé ou de mountain bike, sempre com acompanhamento de guias. Mas a melhor foram de conhecer o Cânion do Triássico é a bordo de um veículo 4×4. A excursão leva cerca de três horas, atravessando o terreno acidentado e pedregoso.

Foto por Patrícia Chemin

O caminho, cheio de curvas e por vezes estreito, é ladeado por paredões de rochas sedimentares avermelhadas. Assim como no Parque Nacional Talampaya, essas formações rochosas datam de mais de 200 milhões de anos atrás, época em que os dinossauros habitavam esse território. Durante o passeio são feitas paradas para que os passageiros possam tirar fotos, admirar algumas vistas panorâmicas e se deparar com algumas curiosidades geológicas.

Foto por Patrícia Chemin

Há ainda passeios de astroturismo o ano inteiro. Por ser um lugar afastado dos grandes centros urbanos, o céu estrelado surge em toda sua plenitude.

Paisagens de outro mundo

Foto por Secretaría de Turismo de La Rioja

Em La Rioja não faltam cenários naturais de tirar o fôlego. Ainda no oeste da província, formações rochosas que vão do castanho ao vermelho, em paisagens que poderiam ser de outro planeta, aparecem ainda em lugares como a Reserva Provincial Los Colorados, o Parque Provincial El Chiflón, o Vallecito Encantado e o Cânion de Anchumbil.

Foto por Secretaría de Turismo de La Rioja

Seguindo pela Rota 76, até o Departamento Vinchina, no extremo oeste de La Rioja, estão as joias naturais em meio à Cordilheira dos Andes. Destaque para a Laguna Brava, uma das paisagens mais surpreendentes do destino. Essa reserva provincial guarda um sistema de lagoas de água salgada a mais de 3.000 metros acima do nível do mar.

Secretaría de Turismo de La Rioja

Com um tom de azul turquesa, a Laguna Brava é cercada por altos picos nevados e praias de sal, tem cerca de 17 km de extensão e, durante parte do ano, é habitada por centenas de flamingos rosados. Essa área também abriga outros animais típicos dos Andes, como as vicunhas e os guanacos. A mesma reserva guarda ainda outras lagoas menores, como a Laguna de Mulas Muertas.

Foto por Secretaría de Turismo de La Rioja

Não muito longe dali está a Corona del Inca, uma cratera vulcânica a uma altitude de quase 5.500 metros. A cratera é tomada por águas provenientes do degelo dos picos ao redor, formando um lago de 350 metros de profundidade – um dos mais altos do mundo. Para chegar a esse cenário fascinante, há expedições de 4×4 com guias, em uma travessia exigente pelos Andes, mas que compensa pelas vistas inesquecíveis.

Para fazer esses e outros passeios, você pode – e deve – entrar em contato com agências locais, baseadas em cidades como Chilecito, Villa Unión e Vinchina.

Chilecito

Foto por Secretaría de Turismo de Municipalidad de Chilecito

Segunda maior cidade de La Rioja, Chilecito é uma cidade simpática e tranquila, com bons serviços turísticos e cercada por montanhas. Seu nome curioso tem duas explicações possíveis: no idioma dos nativos da região, significa algo como “um lugar pequeno no fim do mundo” pelas grandes distâncias que levavam até lá; também é um local que recebeu muitos chilenos para o trabalho na mineração.

Foto por Secretaría de Turismo de Municipalidad de Chilecito

A cidade tem uma grande relação com a atividade mineradora. Ali foi instalado o Cable Carril, um sistema de cabos aéreos que transportavam minérios, como cobre, ouro e prata, e insumos entre a mina no distrito de La Mejicana, no alto das montanhas de Famatina, até Chilecito. Dali, os minérios seguiam de trem para o porto de Rosário e, então, para a Europa. Seguiu em funcionamento de 1904 até 1926 e, para a época, foi uma obra de engenharia audaciosa, com 35 km de extensão, nove estações e 262 torres de sustentação.

Foto por Patrícia Chemin

Hoje, o Cable Carril é reconhecido como Monumento Histórico Nacional e continua bem preservado, tornando-se um atrativo turístico de Chilecito. É possível visitar três das estações na cidade, sendo a Estación nº 2 a principal. Ela fica nos arredores de Chilecito e é facilmente acessada de carro. A uma altitude de 1.500 metros, tem mirantes que dão acesso a vistas incríveis para o vale e as montanhas. A Estación nº 2 conta também com visitas guiadas, nas quais é possível conhecer mais sobre a história do Cable Carril, além de ver de perto todo o maquinário, os motores e a caldeira.

Foto por Secretaría de Turismo de La Rioja

Para visitar da estação nº 3 à nº 9, é recomendável contratar uma excursão com uma agência ou guia habilitado. Dá para percorrer o trajeto de 4×4, trekking ou mountain biking. Além da trilha do Cable Carril, há ainda outras duas trilhas sinalizadas pela Serra de Famatina, partindo de Chilecito: Los Ciruelos e Camino del Inca. Há também o Circuito Vuelta Al Pique, que cruza caminhos de montanha, rios de tons amarelos, estações do Cable Carril e alguns povoados.

Enoturismo e gastronomia

Como um bom destino argentino, o vinho tem destaque em La Rioja. A província tem três vales produtivos, sendo a terceira maior produtora vitivinícola do país. La Rioja tem até uma variedade de uvas original: o Torrontés Riojano, que faz um vinho branco apreciado em todo o mundo. Mas o solo riojano também produz Malbec, Bonarda, Syrah e Cabernet Sauvignon.

Foto por Secretaría de Turismo de La Rioja

O clima de La Rioja é muito propício para a vinicultura, com grande amplitude térmica diária. Além disso, vale aproveitar o câmbio, que segue bem favorável aos brasileiros, para comprar muitos vinhos – ótimos rótulos ficam na faixa de R$ 20 ou R$ 30.

Foto por Patrícia Chemin

No Valle de Huaco, a apenas 35 km da capital La Rioja, a Finca Vista Larga é um empreendimento familiar que surgiu com o objetivo de produzir de forma sustentável os itens mais característicos da província: vinhos, azeitonas, azeites e nozes. A propriedade está em pleno crescimento, desenvolvendo uma estrutura turística cada vez mais completa. Para visitar a Vista Larga, é necessário entrar em contato diretamente em seus canais oficiais (@fincavistalarga). Você pode provar os produtos, caminhar pelos vinhedos e conhecer os processos de produção de vinhos e azeites, mas o que mais surpreende é a vista panorâmica, com a propriedade e os vinhedos cercados por belas montanhas.

Foto por Secretaría de Turismo de La Rioja

Há ainda outras vinícolas que podem ser visitadas, como a Valle de la Puerta, em Vichigasta, perto de Chilecito. Ali, você pode percorrer os vinhedos de carro ou de bicicleta.

Foto por Secretaría de Turismo de La Rioja

Já a gastronomia regional de La Rioja se baseia em sabores tradicionais, uma cozinha que traz um aconchego para o corpo e a alma. Além das típicas empanadas, aqui geralmente recheadas de carne e batata, não deixe de provar a humita (um saboroso creme à base de milho e abóbora) e o locro (um ensopado de milho, feijão branco e abóbora). Ambos caem muito bem no inverno.

Foto por Secretaría de Turismo de Municipalidad de Chilecito

Quanto à sobremesa, o forte em La Rioja não é o dulce de leche, mas sim os doces de nozes confeitadas e os alfajores de vinho feitos com Torrontés Riojano. Em Chilecito, vale visitar La Rinconada, uma pequena fábrica de alfajores e doces artesanais, que também vende outros itens típicos de produtores locais, como vinhos e azeites.

 

SERVIÇOS

Como chegar

As companhias aéreas Latam, GOL e Aerolíneas Argentinas operam voos para Buenos Aires partindo de diversas cidades brasileiras, incluindo rotas diretas. Da capital argentina até a cidade de La Rioja há oito frequências semanais no total, com a Aerolíneas Argentinas e com a companhia local Alas La Rioja.

Onde ficar

MAC Royal Suites Chilecito – chilecito.macroyalsuites.com

Hotel Palermo – hotelpalermo.com.ar

Naindo Park Hotel – naindoparkhotel.com

Onde comer

El Rancho de Ferrito – Av. Pelagio B. Luna 647, Chilecito

Como Lo Como – Castro Barros 150, Chilecito

Orígenes – Catamarca s/n, Paseo Cultural, La Rioja

Passeios

Aventura Chilecito – @aventuraruta_40

Corona del Inca – coronadelinca.tur.ar

Salir del Crater – facebook.com/excursionesalirdelcrater

Mais informações em: turismo.larioja.gob.arturismo.municipalidadchilecito.gob.ar

 

Texto por: Patrícia Chemin. A jornalista viajou a convite do Consulado Geral da República Argentina em São Paulo e do Governo da Província de La Rioja.

Foto destaque por: Secretaría de Turismo de La Rioja

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