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Diário de bordo: Chapada Diamantina

3 de março de 2017

A Chapada Diamantina é uma região de 40 mil km² localizada no coração da Bahia, composta por 24 municípios, dentre os mais conhecidos estão Lençóis e o Morro do Chapéu. Os pontos mais altos do Nordeste se encontram lá, bem como o berço de muitos rios que compõem três bacias hidrográficas da região.

Exploração de ouro e diamante fazem parte da sua riquíssima história e pinturas rupestres e fosseis estão situadas dentro de algumas de suas cavernas, ainda poucos estudadas e conhecida por nós.
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O Vale do Capão é uma vila situada a 80 quilômetros de Lençóis, quase no meio da Chapada, e abriga algumas das principais atrações da região, como as trilhas pelo Vale do Paty e a cachoeira da Fumaça.

Há cerca de 1.500 habitantes na vila, composta por uma comunidade hippie alternativa, estrangeiros que se apaixonaram pela região, e os locais, cujas famílias ajudaram a fundar o local.

O acesso é feito por 20 quilômetros de estrada de terra a partir de Palmeiras e, para quem não está acostumado, a sensação que fica na primeira vez que você faz esse trajeto é de que o lugar nunca vai chegar, mas depois todos acabam se acostumando e, acredite, cada dificuldade compensa.

O Vale do Capão é repleto de restaurantes com propostas diferentes e pratos vegetarianos são muito comuns, além de pratos com a especialidade do lugar: o palmito de jaca. A história contada pelos locais é de que a região era tão pobre que os comerciantes de Palmeiras fechavam suas lojas, pois não queriam negociar com os moradores do Vale do Capão. Então, os locais tinham que consumir o que crescia na terra. Começaram a cozinhar a jaca verde, até que ela desfiasse facilmente, formando uma espécie de palmito, com o qual eles fazem moqueca, coxinha, pastel, entre outros. E todos são uma delícia, testados a aprovados!

As opções de hospedagens no Vale do Capão são bem amplas, desde suítes luxuosas com piscina até albergues e acampamentos. Nossa opção dessa vez foi uma suíte na pousada Vila Clara do Capão Chalés, que são equipadas com confortáveis camas queen, charmosos mosqueteiros, frigobar, pia de cozinha e banheiros amplos com bons chuveiros. A decoração é aconchegante e cheia de referências regionais. A pousada conta com uma cozinha coletiva toda equipada, estacionamento, wi-fi e uma equipe enxuta – são os próprios donos que fazem todo o trabalho por ali, um casal muito simpático e receptivo com uma linda bebê que dá nome a pousada: Clara. Eles sempre estão dispostos a indicar agências, traslados e dicas de restaurantes do lugar.quarto-da-pousada

Além de muito confortável, outro diferencial dessa pousada é o café da manhã, todo feito pela Dani, uma das donas. Sempre com uma opção de fruta cortada, bolo, um pão caseiro, suco natural de frutas, café e leite quente, queijo fatiado e uma opção diferente como mingau de aveia, beiju de tapioca, pão de queijo ou pudim de tapioca. Tudo fresquinho, feito na hora. Uma refeição completa para enfrentar um dia de caminhadas e mergulhos.

As atrações turísticas ficam por conta das trilhas, cachoeiras e festas populares. Tivemos a sorte de pegar a festa do padroeiro da Vila do Capão: São Sebastião. Nessa semana, a vila ficou toda enfeitada com fitas e bandeirolas. Toda noite tem missa e, ao seu término, há uma queima de fogos, muito forró e apresentações musicais e de capoeira. É quando conseguimos apreciar o quão rica é a nossa cultura!festa-de-sao-sebastiao-na-vila

A quantidade de atrações naturais é quase infinita. Um alerta que deve ser feito é que, até as trilhas mais fáceis, têm dificuldades que podem ser impeditivas para algumas pessoas. Muitas pedras e ladeiras íngremes, além do sol e calor durante todo o caminho.

 

Em nosso primeiro dia, fomos à cachoeira do Riachinho, onde pagamos R$ 4,00 por pessoa. A entrada de alimentos e bebidas não é permitida e há um banheiro bem conservado para uso dos pagantes. A cachoeira é acessada através de uma longa escadaria com corrimão. Porém, encontramos um local para banho quase lotado e uma fraca queda d’água, devido à seca enfrentada pela a região nos últimos meses. Próximo dali, na entrada para a Vila do Capão, há o Riachinho de Lençóis, sem sinalização de acesso. A dica é perguntar para alguém local sobre a entrada correta. É possível ir a pé, embora seja um percurso longo, ou então de carro por uma estrada de terra. O carro fica estacionando quando chega no Riachinho e os banhistas sobem pelo rio até chegar a um local mais reservado. É ótimo para um dia preguiçoso, quando não quiser se deslocar muito ou para fazer um passeio mais tranquilo.

No dia seguinte, com a ajuda de um guia, fomos até as cachoeiras da Angélica e da Purificação (considerada a água mais gelada da Chapada), ambas ficam na mesma trilha. O passeio ficou R$ 40,00 por pessoa, levando o guia no nosso carro. A trilha até as cachoeiras é linda, atravessamos o rio sobre as pedras diversas vezes. A primeira a ser visitada, e a mais distante, é a Purificação. A beleza do seu entorno é maravilhosa e, apesar da água gelada (chega a doer os ossos), o banho é uma delícia e dá força para retomarmos trilha adentro. Na descida, fizemos uma parada na Angélica, uma cachoeira com uma bela piscina natural, de água menos fria.

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Em outro passeio, fomos ao vilarejo de Conceição dos Gatos, onde pagamos R$ 6,00 por pessoa para acessar o Poço das Cobras – diversos poços para banhos e pequenas quedas d’água. A trilha é muito fácil e bem estruturada, quase asfaltada, e os poços são ótimos para tomar banho. A rotatividade de pessoas é grande porque a maioria quer ir até o último poço para conhecer. O maior é o primeiro poço, ele se assemelha à uma piscina infinita, proporcionando uma lindíssima vista das montanhas. Após o banho, fizemos questão de comer a moqueca de jaca no restaurante do ‘Seu Ivo’, onde você paga R$ 30,00 por pessoa para ter um uma completa e deliciosa refeição. Ao final do almoço, o Seu Ivo oferece os seus doces caseiros. Imperdível!

Indo um pouco mais longe, um trajeto de uma hora e meia de carro, você tem acesso à Gruta da Pratinha e à Gruta Azul. Um local muito bem estruturado com amplo estacionamento, restaurantes, lanchonetes, uma pousada, duas lojas de souvenires, pedalinhos, tirolesa, área para banho e área para flutuação. Para ter acesso, há uma taxa de R$ 30,00 por pessoa e as atividades como tirolesa e flutuação são pagos a parte. Particularmente achamos a tirolesa bem curta e, por isso, decidimos realizar somente a flutuação para observarmos a gruta com os equipamentos de mergulho. Foi sensacional, recomendo! Nas demais grutas da região, você não pode nem visitar os locais onde ainda há água. Isso porque, há muitos anos atrás, a população retirava água dessas grutas, causando um enorme impacto ambiental. Assim, a flutuação é ótima para termos uma ideia de como é a parte submersa de uma gruta. Já a Gruta Azul é somente para observação. Entre abril e setembro, das 14 às 15 horas, quando os raios solares incidem de forma correta, é possível observar o lindíssimo azul das suas águas.

Nesse mesmo dia, emendamos o passeio a Gruta da Lapa Doce, onde um ótimo guia nos mostrou as estalactites e estalagmites e nos explicou sobre a história, a fauna e a flora do local. Infelizmente, quando terminamos esse tour não havia mais tempo para ir para a Gruta do Sol, onde encontram-se as pinturas rupestres.

Separamos um dos dias para ir até a Gruta da Torrinha, caverna com muitas formações geológicas, algumas únicas no planeta. Vale muito a pena fazer o tour completo, passando por todos os salões, leva cerca de 3 horas, mas não é cansativo. Aqui cabe um alerta: muitos dos locais são íngremes e estreitos. Mas, novamente afirmo que cada dificuldade vale a pena. É uma experiência ímpar.

No último dia no Vale do Capão, fizemos a trilha que leva até a cachoeira do Rio Preto. Ao final da trilha, encontramos uma ladeira íngreme, com muitas pedras, que descemos com muito cuidado e dificuldade. Chegando lá, fomos contemplados com um grupo de pessoas tocando flauta, violão e pandeiro, tudo muito harmonicamente. Foi uma delícia passar algumas horas por ali.

Foto por Tereza Torres

Foto por Tereza Torres

Voltando da viagem, a única ideia que se passava pela nossa cabeça era quando voltaríamos para a Chapada e quais outras regiões conheceríamos, além de voltar novamente para o Vale do Capão para mais uma visita. Há muitas maneiras de chegar a região da Chapada Diamantina, podemos descer em Salvador e enfrentar seis horas de estrada, como fizemos; descer no aeroporto de Tanquinho (próximo a de Lençóis) e percorrer as cidades ao redor; ou descer em Vitória da Conquista e subir desde Rio das Contas, passando por Mucugê, Andaraía, Lençóis, até o Morro do Chapéu. Todo brasileiro deveria explorar a região, mesmo precisando voltar algumas vezes, caso não tenha todo esse tempo disponível. Seja como for, vá para o Vale do Capão para ter essa experiência única e revigorante.

Quem leva

Flyworld

Como chegar

Há voos partindo das principais capitais do país para Salvador. A melhor maneira é pernoitar em Salvador e de lá partir para a cidade de Lençóis, onde há voos de quinta a domingo.

Texto e fotos por: Rafael Kupper e Paula Guedes

Foto destaque por Istock/ SergioSousaPhotography

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