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Adis Abeba, a nova flor africana

19 de setembro de 2018

Com a ampliação dos voos da Ethiopian Airlines, companhia aérea etíope que têm Adis Abeba como principal hub de conexão, a capital da Etiópia passa a ser interessante opção antes ou de­pois do destino final da viagem. Foi o que aconteceu comigo no final de 2017, quando, voltando da Índia, resolvi aproveitar o stopover da aérea para ficar dois dias no destino – tempo suficiente para conhecer os principais pontos de atração.

Principal cidade do país e sede das União das Nações Africanas, Adis – como é carinhosamente chamada pe­los locais – significa “nova flor” no complexo idioma Amárico e tem muito a oferecer aos visitantes. Mas não se impressione com a confusão verificada no Aeropor­to Internacional Bole – o quinto mais movimentado da África com fluxo de 19 milhões de passageiros por ano -, atualmente passando por processo de ampliação e revitalização, que incluirá a construção de um hotel de luxo. Tente não se estressar com a confusão – agravada pelo hábito local de não respeitarem filas. Mas com cal­ma e paciência tudo acaba dando certo.

Foto por IStock/ OscarEspinosa

Foto por IStock/ OscarEspinosa

Ao sair do aeroporto já é visível o momento de pujan­ça vivido pela cidade, que vem recebendo investimento de países estrangeiros. Adis Abeba tem avenidas largas, um trânsito confuso, muitos prédios estão em constru­ção e uma infinidade de guindastes são visualizados no horizonte. Um contraste doído quando percebemos o grande número de pessoas pobres que vive por lá. A desigualdade social é gritante, algo que nós brasileiros estamos acostumados a ver também em nosso país.

O progresso e expansão da capital etíope deixa no pas­sado um triste momento vivido pelo país na década de 1990, quando a população foi castigada pela miséria e fome causada pela seca e pela guerra civil entre o go­verno e rebeldes separatistas da província da Eritreia. Cerca de um milhão de pessoas morreram. Mas hoje os tempos são outros e, acredite, a Etiópia – e Adis – têm muito a oferecer aos seus visitantes.

Logo no início do tour pela cidade salta aos olhos as diferenças nas vestimentas de homens e mulheres. En­quanto elas usam roupas e véus coloridos, eles preferem a sobriedade dos trajes mais sociais e até paletós e gra­vatas. O tempo foi curto, mas foi possível conhecer os principais atrativos de Adis Abeba.

Foto por Istock/ derejeb

Foto por Istock/ derejeb

MONTE ENTOTO

Localizado no distrito vizinho de Oromia, é o ponto mais alto de onde é possível apreciar uma linda vista panorâmica da capital etíope, principalmente ao en­tardecer. Está a 3,2 mil metros de altitude em relação ao nível do mar. Eucaliptos importados da Austrália cobrem e embelezam as encostas. Lá no alto estão a igreja de Santa Maria e a antiga moradia de Menelik II – coroado em 1882. A igreja em forma octogonal abriga um pequeno museu com objetos pessoais do imperador e sua esposa.

MUSEU NACIONAL

Foto por Istock/ Dmitry_Chulov

Foto por Istock/ Dmitry_Chulov

É o principal museu do país sobre a arqueologia, paleontologia, história etíope, etnografia, arte e cul­tura – antigas e contemporâneas. Localizado próximo à Universidade de Adis Abeba, guarda obras de artis­tas locais, peças arqueológicas e da antiga realeza. O local é a atual residência da famosa Lucy – esqueleto fossilizado de uma mulher (australopitecos) encon­trado no Vale Awash, em 1974. Segundo estimativas ela teria vivido há cerca de 3,2 milhões de anos. Ga­nhou esse nome em homenagem à música Lucy in The Sky of Diamonds dos Beatles, que era cantada pelos arqueólogos felizes por terem encontrado ves­tígios de civilização.

CATEDRAL DA SANTÍSSIMA TRINDADE

A mais bela de todas as igrejas da cidade tem alto significado histórico para o país. Foi construída em 1941 em comemoração à libertação da Etiópia da invasão italiana. Lá estão as tumbas dos principais heróis da nação como do imperador Haile Selassie e da imperatriz Menen. O edifício com arcos chama a atenção, principalmente por causa da sua torre do sino e dos pináculos. Antes de entrar é preciso deixar os sapatos do lado de fora. Apresenta lindos vitrais, extensos murais e uma grande coleção de cruzes, além da cama do quarto imperador. Tive a sorte de visitar a igreja no momento em que acontecia um casamento. A cerimônia muito diferente do que esta­mos acostumados a ver no Brasil.

Foto por Istock/ MarcPo

Foto por Istock/ MarcPo

CATEDRAL DE SÃO JORGE

Localizada em frente à Praça Menelik II, essa igreja ortodoxa é conhecida pela sua distinta forma octogo­nal. Foi construída em 1896 por prisioneiros de guer­ra italianos derrotados na Batalha de Adwa. Como outras igrejas etíopes, ela guarda a Tabot – uma es­pécie de arca que abriga réplicas das tábuas em que os dez mandamentos bíblicos foram inscritos. Duran­te a guerra, em 1937, ela foi destruída e incendiada. Após a libertação, em 1941, foi restaurada. Também é conhecida como Igreja da Coroação porque, em 1917, a imperatriz Zewditu foi coroada lá, bem como o imperador Selassie em 1930. No interior da cate­dral há um museu que guarda um trono imperial em exposição, além de armamentos utilizados nas guer­ras contra os italianos.

MERCATO

Não tente visita-lo sem a companhia de um guia local. O lugar é um verdadeiro e gigantesco labirin­to que abriga um emaranhado de barraquinhas, lo­jinhas e galpões onde se vende de tudo. Não à toa é considerado o maior mercado ao ar livre da África. Também é chamado de Addis Ketema, que significa Cidade Nova. O sábado pela manhã é o momento de maior movimento, atraindo cerca de 50 mil compra­dores e vendedores.

“RED TERROR” MARTYRS MEMORIAL MUSEUM

Inaugurado em 2010, presta homenagem à me­mória das vítimas do chamado “Terror Vermelho” – período entre 1977 e 1978, quando a junta militar do governo de Mengistu Haile Mariam se opôs vio­lentamente contra os opositores do regime. Além da exposição, o museu também realiza pesquisa históri­ca para identificar os restos mortais encontrados em valas comuns. Há visitas gratuitas com guias falando inglês, sendo que alguns deles foram prisioneiros po­líticos que sobreviveram.

MUSEU ETNOGRÁFICO

Dentro do campus da Universidade de Adis Abeba, está em um antigo palácio do imperador Selassie. Seu acervo de 13 mil itens inclui utensílios domésticos e outros materiais utilizados por etnias etíopes. Os aposentos do casal imperial estão abertos à visitação.

MUSEU DE ADIS ABEBA

Instalado em uma antiga residência real, guarda im­portante coleção de roupas de cerimoniais antigos, documentos, fotos e artefatos. Enfoca a história ar­quitetônica da capital, assim como a sua vida social, cultural e política.

Foto por Istock/ RosaFurtado

Foto por Istock/ RosaFurtado

CAFÉ MUNDIALMENTE FAMOSO

Se você gosta de um bom café a Etiópia é o lugar certo. Considerado um dos melhores do mundo, o café etíope será melhor apreciado durante uma tradicional cerimônia onde é preparado e servido por uma mulher em trajes típicos e vem acompanhado por uma vasi­lha com pipocas e um prati­nho com incenso. O ritual dura aproximadamente 15 minutos. Forte e aromático, o café deixa uma borra no fundo da xícara, que, aliás, não tem alça.

Como chegar

A Ethiopian Airlines oferece voos diários e diretos entre São Paulo e Adis Abeba. Todos com o moderno Boeing 787-8 Dreamliner em um voo de aproximadamente 11 horas.

Onde ficar

Adis Abeba tem hotéis que atendem a todos os bolsos – dos luxuosos aos econômicos.

Hilton

Radisson Blue

Monarch

Ghion

Wabi Shebelle

Onde comer

O prato mais popular do país é o Injera, uma espécie de panqueca com consistência esponjosa para ser comida com as mãos. Preparado à base de farinha e de teff, um grão rico em proteínas e minerais, é fermen­tada em água durante três dias antes de ser assada sobre uma placa de barro. Aberta no prato, recebe o wat (legumes, carnes e grãos). É saborosa, mas bastante apimenta­da. Para beber peça uma cerveja local, a po­pular São Jorge. Se preferir algo mais forte prove o Tej, um vinho de mel aromatizado com folhas em pó e galhos de gesho, uma espécie de espinheiro.

Restaurante Lucy – Funciona no pátio do Museu Nacional.

Yod Abyssinia – Restaurante e casa de show com bufê de comidas típicas.

Makush Gallery – Dentro de uma galeria

Texto por: Roberto Maia. O jornalista viajou a convite da Ethiopian Airlines e contou com a proteção do seguro-viagem Global
Travel Assistance – GTA.

Foto destaque por IStock/ CanY71

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