Consolidado como destino de inverno, a cidade paulista, contudo, tem atrações para as quatro estações. Na primavera, os parques oferecem atividades para quem é aficionado por carros antigos ou por adrenalina e até para quem aprecia os jardins da época que é a mais florida do ano.
Campos do Jordão é um dos municípios mais charmosos do Brasil. Situado a 1.698m de altitude, é ainda o mais alto do território nacional. Aos pés da Serra da Mantiqueira e distante 173 km da capital de São Paulo, a cidade é um dos principais destinos de inverno. Não só pelo concorrido festival que promove todos os anos e pelas dezenas de atrações turísticas que concentra, mas também pelo ar puro das montanhas e pelas bucólicas paisagens que incansavelmente exibe. Campos do Jordão, porém, nunca “cansa” de se reinventar.
Antigos e novos espaços são a maior prova disso. Quer cultura? Adrenalina? Conexão com a natureza? Pois, a cidade oferece tudo isso e muito mais. O Carde Arte Design Museu é um exemplo. Inaugurado em novembro de 2024, o espaço cultural e tecnológico é feito sob medida para quem é apaixonado por automobilismo e história. O museu, que conecta antigos automóveis com arte, design e educação, ocupa um prédio de 6 mil m² dentro de um terreno de 200 mil m², cercado por araucárias.
Seu acervo é integrado por 500 veículos históricos que contam a trajetória do Brasil, especialmente a do século 20. “Nossa proposta é usar o automóvel como protagonista para narrar a história brasileira, valorizando a cultura nacional e mostrando como os carros se tornaram parte da identidade do País”, diz Luís Berthoud, monitor líder. “Aqui, os carros não são apenas exibidos como objetos, mas usados como fio condutor para mostrar as transformações sociais, econômicas e culturais do País”, explica ele.
O profissional acrescenta que aproximadamente 100 carros ficam em exposição rotativa, a fim de que o visitante sempre encontre novidades no Carde. Entre os carros que marcaram diferentes décadas do século 20 e os veículos que representam momentos-chave da indústria automotiva brasileira expostos no local, destaque para 38 peças icônicas e raras.
Essa “coleção” de raridades inclui desde clássicos nacionais e internacionais de luxo até modelos populares que marcaram gerações, como exemplares da Porsche, Mercedes-Benz, Rolls-Royce e esportivos da Ferrari e da McLaren que foram usados na Fórmula 1 (foram dirigidos em competições por Emerson Fittipaldi, Ayrton Senna e Rubinho Barrichello), além de raridades brasileiras como o FNM JK e o Willys Interlagos.
O Carde abriga ainda a Escola de Restauro. O curso ensina técnicas de restauração de motores, peças, latarias e pintura para jovens da cidade e da região. Nas aulas, eles aprendem a restaurar e a preservar o patrimônio automotivo, além de se formarem e ganharem uma profissão extremamente promissora. O espaço também é palco de leilões de automóveis antigos, incluindo modelos que são muito cobiçados por colecionadores – o próximo acontece dia 12 de dezembro. Os lances podem ser feitos pessoalmente no dia do evento e no site do museu (www.carde.org).
No amplo espaço verde que permeia o museu funcionam ainda loja, restaurante, karaokê e um “caminhão” que na década de 1920 distribuía o leite. Restaurado, agora ele comercializa cervejas artesanais produzidas na cidade. No museu há muitas outras curiosidades a serem exploradas. Vale a pena contratar a visita guiada para entender melhor as histórias que ali estão sendo contadas.
Com pouco mais de um ano de existência, o Carde é uma iniciativa da Fundação Lia Maria Aguiar. Atualmente é considerado como um dos maiores museus automotivos da América Latina. Está localizado no bairro Alto da Boa Vista e é um passeio imperdível para quem gosta de carros e se interessa por história, cultura e design.
Paz & contemplação
Para quem procura tranquilidade e conexão com a natureza, a dica é o Parque Bambuí, com jardins floridos e trilhas pela vegetação endêmica e árvores centenárias. Com 336 mil m² de natureza preservada, o parque é abraçado pela flora e fauna típicas da Serra da Mantiqueira. Possui três lagos onde é possível passear de barco, restaurante, microcervejaria artesanal, loja de chocolate, empório e exposição de arte.
O charme a mais fica por conta do passeio com sabor de infância em uma locomotiva a vapor dos anos 20. A Maria Fumaça conduz o visitante até a Casa Bambuí (o percurso também pode ser feito a pé), restaurante comandado pela chef Anouk Migotto. Com pratos que remetem a memórias e tradições, a cozinha servida na casa une técnicas europeias à valorização de ingredientes locais, criando pratos afetivos e sazonais.
Em meio às montanhas da Mantiqueira, a casa é circundada por paredes de vidro, possibilitando o visitante saborear a sua refeição em um ambiente moderno, acolhedor e totalmente integrado à natureza. O cardápio muda conforme a estação do ano e oferece entradas, pratos principais e sobremesas repletos de criatividade, sempre preparados com frescor e delicadeza.
“Para Andar nos Trilhos”, por exemplo, é uma entrada que faz parte do menu de primavera. Serve duas pessoas e foi criado em homenagem ao passeio de Maria Fumaça do parque. O couvert é integrado por pão fermentado, cogumelos defumados, queijo boursin, chitney de frutas vermelhas, manteiga regional com flor de sal e mel silvestre.
É possível também incluir uma pequena tábua de madeira com croquetes de cogumelos, coxinhas defumadas de truta da Mantiqueira e bolinhas de queijo. Para prato principal, a pedida é a “Panela da Chef”, cujos ingredientes variam conforme a época do ano. É servido em uma panelinha de cobre em duas versões: a Moqueca de Peixe com Frutos do Mar, uma espécie de caldeirada acompanhada de farofa de dendê. Já a de carne vem com ossobuco, polenta mole e farofa.
A sobremesa é servida dentro de uma gaiola (referência a que está disposta na entrada do restaurante). Vem com cinco docinhos: crème brûlée, éclair de doce de leite com chocolate, mousse de chocolate com macadâmia, tarte tatin e macaron de lavanda. Para beber, a casa oferece exóticos sucos e drinques com e sem álcool, refrigerantes e vinhos, só para citar algumas alternativas.
Flores e aventuras
Para quem gosta de paisagismo, o Parque Amantikir é uma opção. É conhecido como os “Jardins que Falam” por sua proposta de integração entre natureza e contemplação. Criado em 2007 é uma das atrações mais visitadas e premiadas de Campos do Jordão – desde 2013, é considerado pelo TripAdvisor como uma das melhores opções de turismo na Serra da Mantiqueira.
O parque possui 60 mil m² de área verde e mais de 700 espécies de plantas, compondo um espaço cinematográfico. Abriga 22 jardins temáticos inspirados em tradições de 12 diferentes países europeus e asiáticos, entre os quais Alemanha, Áustria, China e Japão. O Jardim Inglês, por exemplo, exibe gramados e arbustos bem aparados, enquanto o Francês é simétrico e elegante, remetendo aos luxuosos palácios franceses. Já o Jardim Japonês apresenta elementos de meditação e harmonia.
No parque também estão os jardins de flores sazonais. Eles mudam conforme a época do ano, garantindo experiências diferentes em cada visita. O imenso e bem-cuidado espaço verde abriga ainda Labirintos de Arbustos, uma das atrações mais divertidas para crianças e adultos, além de trilhas, lagos e mirantes com visões memoráveis da Serra da Mantiqueira. O Amankitir é pet friendly e 90% de seus jardins são acessíveis a cadeirantes. Conta ainda com restaurante, cafeteria, lojinha e sanitários. O estacionamento é cobrado à parte.
Para quem está atrás de aventura e adrenalina ou simplesmente deseja curtir um dia diferente, Campos do Jordão oferece o Parque Tarandu. Instalado em 500 mil m² de mata preservada, o espaço oferece mais de 25 opções de lazer, algumas delas destinadas especialmente aos adeptos de emoções fortes e de atividades radicais.
Teleférico com visão panorâmica do parque, duas tirolesas (a mais alta delas tem 800m de extensão e 60m de altura), arborismo, slackline e boia cross são algumas das atrações.
O Parque Tarundu também oferece alternativas de lazer mais “tranquilas” para quem não gosta de atividades mais radicais. Caso da patinação no gelo, dos passeios a cavalo e de pônei e charrete, do arco e flecha e do tiro esportivo. No local funcionam ainda restaurante, bares e cafeterias, lojinha e fraldário. Também são disponibilizados wi-fi, áreas com redes para descanso, estacionamento e acessibilidade.
Serviço
Campos do Jordão está distante 173 km da capital de São Paulo, 350 km do Rio de Janeiro e 500 km de Belo Horizonte (MG).
Carde Arte Design Museu: Rua Benedito Olímpio Miranda, 280, Alto da Boa Vista, Campos do Jordão (SP), tel. (12) 3512-3547, site: www.carde.org.
Parque Bambuí: Rua Fausi Rachid, 871, Jardim Toriba, tel./WhatsApp (12) 99632-8449, Campos do Jordão (SP), site: parquebambui.com.br.
Parque Amankitir: Rua Simplício Ribeiro de Toledo Neto, 2.200, tel./WhatsApp (12) 99634-6784, Campos do Jordão, SP, site: parqueamantikir.com.br.
Parque Tarundu: Av. José A. Manso, 1.515, Toriba, tel.: (12) 3800-0150, Campos do Jordão (SP), site: tarundu.com.br.
Texto e foto destaque por: Fabíola Musarra