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Índia: surreal, exótica e transformadora

20 de dezembro de 2017

Dias antes do embarque, durante jantar em um restaurante indiano na capital paulista para ir se adaptando à exótica culinária in­diana, ouvi dos proprietários da operadora Raidho Viagens – Roberto e Lucila Nedelciu, especializados no destino – que, diferentemente de outros luga­res, uma viagem à Índia acontece somente quando você está preparado para fazê-la. Segundo eles, a “Índia te chama”. Fiquei pensando nisso e acabei acreditando que só pode ser verdade. Afinal de contas, como jornalista de turismo já fiz muitas viagens e há muito tempo sabia que um dia iria vi­sitar esse incrível país de 1,2 bilhão de habitantes, dezenas de idiomas e diferentes religiões. Porém, nunca me preocupei em organizar a viagem que acabou acontecendo naturalmente.

Quando eu disse a amigos e familiares que iria para a Índia, fiquei surpreso com as reações. Pes­soas dos mais diferentes perfis me disseram que sonham com uma viagem ao país. Durante a via­gem os comentários às fotos que postei nas mídias sociais seguiram essa mesma tendência. E depois, no meu retorno ao Brasil, entendi que quem viaja para lá está em busca de algo. Espiritual talvez. De fato, a terra de Gandhi inspira, instiga e modifica conceitos. Duvido que alguém possa ficar indife­rente a essa experiência.

Foto por IStock/ sakdinon

Foto por IStock/ sakdinon

Por todas as partes o misticismo está no ar. A cultura milenar indiana está umbilicalmente liga­da às religiões orientais e aos deuses e semideuses – cerca de 330 milhões. Prepare-se para conviver com o forte cheiro de incenso, conviver com os animais sagrados e as muitas imagens de divinda­des estranhas para nós ocidentais. Caso dos três deuses principais: Brahma, criador do universo; Vishnu, da preservação dos seres; e Shiva, da des­truição e regeneração dos corpos celestes. Mas é a imagem do Ganesh (filho de Shiva) que está por toda parte como forma de proteção. Para quem não associou o nome a imagem, é aquele com ca­beça de elefante e corpo de menino.

A história indiana foi moldada pela influência dos povos que comandaram o país ao longo dos tem­pos. Desde os arianos há milhares de anos até os ingleses. A independência foi conquistada em 1948 e, nesses quase 70 anos, uma nação forte e diferen­te ganhou espaço mundial. Com características étni­cas, culturais e religiosas presentes em todas as par­tes, esse exótico destino convida para uma viagem que, certamente, mudará seu jeito de ver a vida.

Em pouco tempo você irá perceber que na Índia, trabalho e riqueza não configuram a posição social das pessoas. O motivo é o sistema de castas que, embora tenha sido abolido oficialmente em 1950, continua existindo na prática e são passadas de pai para filho, Nela, cada integrante só pode se casar com pessoas do seu próprio grupo, o que torna praticamente impossível a mudança do padrão so­cial. Segundo o hinduísmo, a migração para uma outra casta pode acontecer apenas em uma reen­carnação e de acordo com a evolução espiritual.

Para conhecer as várias regiões do país com suas diferentes culturas seriam necessários meses ou anos. No meu roteiro de apenas 11 dias foram priorizados cinco importantes destinos na região norte: Nova Délhi, Udaipur, Jodhpur, Jaipur e Agra. Claro que há muito mais para ver, curtir e sentir, mas que ficará para uma outra oportunidade.

Foto por istock/ YURY_TARANIK

Foto por istock/ YURY_TARANIK

NOVA DÉLHI – CONTRASTES IMPENSÁVEIS E CHOCANTES

Quando desembarquei em Nova Délhi, tive cer­teza que a Índia tinha me chamado e eu estava preparado para curtir aquela terra de contrastes, encantos e mistérios. Também ficou claro que, defi­nitivamente, não é uma viagem para qualquer um.

Como não podia ser diferente, o que primeiro me chamou a atenção foi o trânsito maluco onde motocicletas em quantidade absurda trafegam por todas os caminhos possíveis e imagináveis. E quase sempre transportando enormes volumes e mais pessoas do que o limite normal de duas. Acredite, vi várias com três e até famílias inteiras – homem, mulher e três crianças! Além das motos, embaralham-se pelas ruas, bicicletas, riquixás, tuc-tucs, carros, táxis, ônibus e caminhões. Não raro, até grandes grupos de homens transportando nos ombros um cadáver a caminho da cremação tam­bém ajudam a piorar o já caótico trânsito. Poluição e uma sinfonia de buzinas completam o cenário.

Utilizar os tuc-tucs (motos com duas rotas atrás e banco para duas ou mais pessoas) e riquixás (bi­cicletas adaptadas) pode ser bem engraçado e até emocionante. E são baratíssimos. Um trajeto de 20 minutos custa em torno de US$ 2. Mas procure sempre acertar o preço antes da corrida. Depois, basta mostrar o endereço do hotel ou do local que quer visitar ao condutor. Eles circulam entre os car­ros e não raro batem e raspam nos veículos para­dos nos congestionamentos.

Foto por Istock/ studioraffi

Foto por Istock/ studioraffi

Pensei que veria muitos acidentes, mas não vi ne­nhum durante o período em que estive por lá. Cla­ro que discussões acaloradas acontecem, mas não passam disso. Ouvi de um guia, em tom de brin­cadeira claro, que as vacas são sagradas na Índia porque são elas que controlam o trânsito e evitam acidentes. Tem lógica, afinal elas funcionam com redutores de velocidade ao transitarem calmamen­te e até deitarem no meio das ruas e rodovias.

A capital política da Índia apresenta contrastes impensáveis e até chocantes. Luxo e pobreza se mis­turam. Miseráveis e milionários dividem o mesmo espaço de forma democrática e tranquila. Prédios modernos e shoppings centers estão lado a lado com antigas fortalezas e bazares medievais. Homens de turbantes e longas barbas e mulheres cobertas dos pés à cabeça pelos tradicionais e coloridos sa­ris convivem com executivos de multinacionais com seus ternos bem cortados e jovens ostentando tele­fones celulares de última geração. No primeiro dia por lá vi algo que jamais poderia imaginar: dentistas instalados nas calçadas – sim é isso mesmo – aten­dem seus clientes na maior naturalidade.

Segunda maior e mais importante cidade da Ín­dia, atrás apenas de Mumbai, Nova Délhi é o re­flexo dos impérios e dinastias que por ela passa­ram. Vestígios de um passado impressionante com ruínas monumentais, palácios, templos, mesquitas e fortalezas estão por todas as partes. Por outro lado, o visual contemporâneo da cidade apresenta grandes avenidas e bulevares cercados por árvores, parques, edifícios de estilo colonial, imponentes prédios governamentais, o Parlamento e o Palácio Presidencial Rashatrapati Bhawan, entre outros.

Foto por Istock/ saiko3p

Foto por Istock/ saiko3p

Os preços baixos praticados nos muitos merca­dos da cidade certamente farão a alegria dos turis­tas brasileiros. Um dos maiores é o Sarojini Nagar, que lembra muito uma feira. Há de tudo, de joias a estátuas dos deuses indianos. Na Velha Délhi, antiga capital da Índia Muçulmana e hoje apenas um bairro antigo da capital, está o Main Bazaar, um corredor comercial popular que lembra muito a paulistana Rua 25 de Março. Outra opção é o Basant Lok Market, no bairro Vasant Vihar. A or­dem é pechinchar sempre e muito. Ao perguntar o preço de um produto os vendedores pedem valo­res muitas vezes superior ao real. Portanto, não se acanhe e ofereça o que acha que vale. Muitas ve­zes após insistirem veementemente que é impossí­vel vender pelo valor sugerido, eles correm atrás de você e aceitam a quantia oferecida. Sinal de que ainda estão lucrando.

O roteiro de visitas em Nova Délhi deve incluir as seguintes atrações turísticas:

TEMPLO AKSHARDHAM – Localizado às margens do Rio Yamuna, recebe, diariamente, mi­lhares de visitantes locais e turistas. Inaugurado em 2005, é o maior complexo de templos hindu da cidade. Também conhecido como Swaminarayan, reúne em um só lugar a tradicional cultura, espiri­tualidade, patrimônio e magnífica arquitetura anti­ga da Índia. Construído em arenito rosa e mármores branco e carrara, possui 141 metros de altura e 234 pilares, além de 20 mil esculturas e estátuas de di­vindades. O principal monumento é Vastu Shastra.

Foto por IStock/ quicksnapphoto

Foto por IStock/ quicksnapphoto

FORTE VERMELHO – Considerado um Patri­mônio da Humanidade pela Unesco, sua arquitetu­ra tem diferentes influências e no seu interior estão museus que mostram e preservam a história da Ín­dia. É o principal marco do domínio mongol no país.

CHANDNI CHOWK – Construído no século 17 por Shah Jahan e projetado por sua filha Jahan Ara, é um dos mercados mais antigos e movimen­tados do destino. Está na rua principal da cidade murada – criada em 1650 – da Velha Délhi e foi originalmente chamado Shahjahanabad.

QUTAB MINAR – Construída em 1193, a Torre da Vitória tem cinco andares distintos. Os três pri­meiros são de arenito vermelho, enquanto os dois últimos são de mármore e arenito. Ao pé da torre está a Mesquita Quwwat-ul-Islam, a primeira cons­truída no país.

Foto por IStock/ DVrcan

Foto por IStock/ DVrcan

JAMA MASJID – Maior mesquita muçulmana da Índia, foi construída no século 17 pelo impera­dor Shah Jahan. Seu grande pátio recebe até 25 mil fieis em épocas de festivais. Os sapatos devem ser deixados à entrada e do alto do seu mirante de 40 metros de altura é possível ter uma vista privile­giada da Nova Délhi.

PORTA DA ÍNDIA – O enorme monumen­to de 42 metros de altura, que lembra o Arco do Triunfo, reina soberano no centro da cidade. Foi erguido para homenagear os soldados indianos que morreram lutando pelo exército britânico du­rante a Primeira Guerra Mundial. Nas noites de ve­rão o gramado que a circunda fica cheio de gente.

MAUSOLÉU HUMAYUN’S – Primeira grande construção concebida para receber cinzas na Índia. É uma importante obra arquitetônica mongol, cons­truído em 1562, pela viúva do imperador Humayun.

Foto por IStock/ naveen0301

Foto por IStock/ naveen0301

TEMPLO DE LOTUS – Monumento localiza­do no centro de Nova Délhi, é chamado de Casa de Devoção pelos adeptos da religião Bahai – in­dependente e com suas próprias leis e escrituras sagradas, que não possui dogmas, rituais, clero ou sacerdócio.

TEMPLO CHHATARPUR – Em meio a uma grande área gramada e decorada por esculturas de pedra e madeira, o grandioso complexo é dividido em três partes. O templo principal é dedicado a deusa Durga, o segundo à deusa Laxmi & Ganesha Senhor e o terceiro a São Baba Nagpal – o funda­dor do templo. Reúne muitos devotos durante os meses de setembro e outubro, quando acontece o Festival Dushehra.

TEMPLO DE JAGANNATH – Situado no meio do residencial Gayatri Nagar, o templo criado em 1860 atrai diariamente centenas de devotos. Recentemente ganhou um templo muito maior construído sobre a menor estrutura original.

JANTAR MANTAR – Começou a ser construí­do em 1724, a mando do imperador Mughal Shah Muhammad. Tinha o objetivo de rever o calendá­rio e tabelas astronômicas, além de prever os mo­vimentos do Sol, da Lua e dos planetas.

PILAR DE FERRO – Integra o complexo de Qutb e é a única relíquia do antigo templo Hindu. Com aproximadamente 7 metros de altura, inexpli­cavelmente se mantém sem ferrugens.

Depois de passar alguns dias em Nova Délhi você certamente já estará bem preparado para desco­brir outros mistérios da Índia. A melhor maneira para vencer as longas distâncias é via aérea. Se ti­ver tempo e estiver a fim de economizar, os trens são opções interessantes. Herança do período co­lonial britânico, o país possui uma ampla malha ferroviária. Os bilhetes são baratos e os serviços são bem pontuais, além de ser a melhor forma de conhecer as paisagens do destino.

Foto por Istock/ Meinzahn

Foto por Istock/ Meinzahn

Já as estradas indianas podem ser consideradas uma verdadeira aventura. Motoristas imprudentes realizam manobras arriscadas e sempre buzinando muito dividem o asfalto com motos, carros em pés­simo estado de conservação, ônibus lotados, cami­nhões e tratores lentos e supercarregados e até dro­medários, elefantes e rebanhos de cabras e ovelhas. Pedestres cruzam as rodovias sem nenhum cuidado.

UDAIPUR – LAGOS SAGRADOS E OCTOPUSSY

O voo da Air India durou apenas uma hora até Udaipur, no Sul do Rajastão. Conhecida como a “Cidade dos Lagos” é tida como a mais romântica da Índia. Bem diferente das demais, desenvolveu-se ao redor de dois grandes lagos – Pichola e Fateh Sagar -, que embora artificiais são considerados sagrados pelos indianos.

Foto por Istock/ f9photos

Foto por Istock/ f9photos

O principal deles é o Pichola e vale à pena fazer um passeio de barco para conhecer o Palácio Jag­mandir, que fica bem no meio das suas águas. Em uma outra ilha está o hotel Faj Lake Palace que foi utilizado para gravações de cenas do filme “007 contra Octopussy”, de 1983. Como sempre, o es­pião mais famoso do cinema, James Bond (inter­pretado por Roger Moore à época) fez peripécias pelas ruas e palácios de Udaipur.

Apesar de caótica como tantas outras no país, com macacos e vacas perambulando pelas ruas, ela tem um charme peculiar e pontos turísticos inte­ressantes. O principal deles é o Palácio da Cidade (Palácio dos Marajás), construído no século 16 às margens do Pichola, parte dele é ocupada por um museu e outra como residência da família real. Tra­ta-se de um complexo composto por 11 diferentes construções. Suas fachadas são adornadas com ar­cos, terraços e cúpulas. As maiores têm impressio­nantes 30 metros de altura. O museu guarda obras de arte e exposições de espadas e armaduras.

Há, também, o Manak Mahal (Palácio dos Ru­bis) de cor salmão e com uma coleção de imagens de porcelana; o Moti Mahal (Palácio das Pérolas); o Sheesh Mahal (Palácio dos Espelhos) e o Rang Bhawan com seus delicados mosaicos de pavão e templos para o famoso deus Krishna.

Foto por IStock/ siraanamwong

Foto por IStock/ siraanamwong

O roteiro de atrações passa também pelo Sahelion ki Bari, um jardim ornamental feito especialmente para as senhoras do palácio no século 18. Bem como pelo Templo Jagdish. Edificado em 1651 – em mármore e sem cimento – é repleto de ouro e con­siderado por muitos o mais exuberante do destino. Nesse templo hindu não são permitidas fotos em seu interior. Na parte externa, todas as paredes são formadas por impressionantes esculturas.

No centro da cidade estão muitas lojinhas que comercializam pashminas e diversos tipos de sou­venires. Aproveite para um passeio de tuc-tuc para conhecer a região.

Foto por Istock/ Olmoroz

Foto por Istock/ Olmoroz

Saindo de Udaipur a caminho de Jodhpur, vale uma parada em Ranakpur, uma cidade famosa por seus templos jainistas – uma das religiões mais an­tigas da Índia. No complexo de templos dos sécu­los 14 e 15 o principal deles é o Chaturmukha Jain (Templo dos Pilares). Construído todo em mármo­re branco, tem 1.444 pilares, além de 29 halls e 80 cúpulas. Mediante gorjetas, claro, os monges jai­nistas se oferecem para dar bênçãos nos visitantes. Sapatos, cintos e outros itens de couro não são permitidos dentro do templo.

JODHPUR – A CIDADE  AZUL DO RAJASTÃO

Conhecida como a Cidade Azul, está bem no meio do Rajastão e a poucos quilômetros do de­serto de Thar. O título vem desde os tempos em que as casas eram pintadas de azul para identificar as residências dos antigos brâmanes, a mais ele­vada casta da hierarquia hindu. O conjunto azula­do passou a ser visto como uma espécie de oásis no meio da vegetação desértica. A cidade antiga ainda está rodeada por mais de 9 quilômetros de muralhas com 7 portões e 101 bastiões.

Foto por Istock/ mazzzur

Foto por Istock/ mazzzur

Entre os atrativos turísticos, destaques para o ma­ravilhoso Forte Mehrangarh de 1459, a Torre do Relógio e o Sardar, um mercado de rua construído em 1910 repleto de chás, temperos e especiarias – como o garam masala, base de muitos pratos da culinária indiana. O imponente Mehrangarh está na região alta da cidade e pode ser visto de todas as partes. Atualmente, a fortaleza funciona como um museu que guarda importante acervo com utensí­lios, quadros e salas mobiliadas usados pelos mara­jás no passado. Ao lado dele está o Jaswant Thada, memorial construído todo em mármore, em 1906, em homenagem ao marajá Jaswant Singh II.

A cidade é zona militar especial por causa da proximi­dade com a fronteira do Paquistão. Por isso, é comum notar muitos veículos militares circulando pelas ruas, bem como aviões caça sobrevoando o espaço aéreo.

JAIPUR – FASCINANTE CIDADE ROSA DO DESERTO

Apesar de estar na desértica região do Rajastão, reserva paisagens maravilhosas. Considerada uma das cidades mais fascinantes do mundo, está re­pleta de palácios, muralhas, fortes e monumentos. É conhecida como a “Cidade Rosa” por causa das pedras de tom avermelhado que determina o as­pecto pitoresco das construções. Em 1856, quan­do a Índia ainda era uma colônia britânica, rece­beu a visita do príncipe Albert e, desde então, a prefeitura estimula os moradores a pintarem suas casas com a tonalidade rosada.

Foto por Istock/ Byelikova_Oksana

Foto por Istock/ Byelikova_Oksana

Mas o principal ponto de interesse está fora da cidade, na vizinha Amber, distante apenas 7 qui­lômetros de Jaipur. É o esplendoroso Forte Am­ber, erguido no topo de uma colina de tons ocres, no final do século 16. A fortaleza é conhecida por seu estilo único, que mistura a cultura muçulmana com a hindu. Quem assistiu a novela “Caminho das Índias” vai lembrar do lugar onde várias cenas foram gravadas.

Para chegar até a fortificação, elefantes pintados e enfeitados carregam os turistas ao longo de 30 minutos num longo caminho em ziguezague. Os guias locais garantem que os animais não são sub­metidos a sobrecarga de trabalho e fazem apenas três viagens por dia, porém é difícil acreditar. Há quem diga que eles trabalham muitas horas ao longo do dia e que o piso quente queima as patas dos simpáticos paquidermes que desconhecem a força que têm. O passeio custa US$ 25 e a fila de turistas esperando a vez garante o espetáculo.

Lá do alto a vista é incrível e o palácio Sheesh Mah­al é um dos destaques. O edifício bem conservado ostenta milhares de pedacinhos de espelho incrus­tados nas paredes e também no teto. Ao lado do Forte Amber está outra fortaleza, a Nahargarh, que também oferece uma vista deslumbrante da cidade.

Voltando a Jaipur, não deixe de conhecer o City Palace (Palácio da Cidade), residência do marajá Bhawani Singh. O tour conta a história da monar­quia local com tapeçarias, vestimentas, armas, car­ruagens e troféus. Clientes dos trens de luxo têm direito de almoçar ou jantar no palácio e assistir a um jogo de polo sobre elefantes. O complexo cons­truído entre os anos de 1729 e 1732 inclui, ainda, os palácios Chandra Mahal e Mubarak Mahal.

Foto por IStock/ marcyano

Foto por IStock/ marcyano

Próximo do City Palace estão o Jantar Mantar (não confundir com o de Nova Délhi que tem o mesmo nome), observatório astronômico feito com mármore, instrumentos que calculam a traje­tória das estrelas e eclipses entre outras medições; e o Hawa Mahal (Palácio dos Ventos), que ostenta uma fachada de cinco andares e vista para a ci­dade murada. Ele tem 953 pequenas janelas que eram usadas pelas mulheres da realeza para obser­var as atividades no lado externo sem serem vistas.

No final da tarde a pedida é assistir ao pôr do sol no Jal Mahal (Palácio das Águas), situado no meio do lago Man Sagar. À noite a sugestão é conhecer o moderno templo hindu Birla Mandir (originalmente conhecido como Lakshmi Narayan) e assistir um aarti – cerimônia com ritual de ora­ção. Dedicado aos deuses Vishnu e Lakshmi, é um marco arquitetônico local e foi todo construído em mármore branco puro.

Jaipur faz parte do chamado “Triângulo Doura­do” juntamente com Agra e Nova Délhi. A cidade moderna e planejada é famosa pelos tecidos de algodão e tapetes de lã de camelo.

AGRA – TAJ MAHAL CELEBRA O AMOR

Foto por Istock/ Sean3810

Foto por Istock/ Sean3810

O ponto alto da viagem tinha que ficar no final e para gravar na memória para sempre. Impossí­vel imaginar uma viagem à Índia e não pensar no majestoso Taj Mahal. O complexo de 17 mil m2 classificado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco e como uma das Sete Maravilhas do Mun­do Moderno, está na cidade de Agra, no estado de Uttar Pradesh, a 200 km de Nova Délhi.

Obra prima da arquitetura mundial, o famoso mausoléu é um dos pontos turísticos mais visita­dos do planeta – e que inspirou a famosa música do nosso Jorge Ben Jor. O imponente Taj Mahal foi construído pelo príncipe Shan Jahan para cele­brar seu amor por sua esposa favorita, Arjumand Banu Begum, chamada Mumtaz Mahal (favorita do palácio), que morreu aos 39 anos após dar à luz ao seu 14º filho. Todo feito em mármore bran­co com ornamentos em diferentes tipos de pedras semipreciosas encravadas, levou mais de 22 anos para ficar pronto (1630 a 1652) e mais de 20 mil homens, milhares de mulas e mil elefantes traba­lharam na sua construção.

Sem dúvida uma verdadeira joia arquitetônica. Todas as quatro faces do mausoléu são idênticas e possuem um arco central de 33 metros de altu­ra. O Taj Mahal está cercado por quatro minaretes de 41 metros cada e ladeado por uma mesquita e uma réplica dessa, cuja única função é dar equilí­brio visual ao conjunto da obra. O vistoso domo com base cilíndrica de 7 metros suporta a abóbada de 35 metros de altura. Inscrições tiradas do Alco­rão – livro sagrado dos muçulmanos – cobrem os muros da edificação. Para garantir flexibilidade em casos de terremotos, 82 poços d’água foram esca­vados. O jardim que antecede a entrada simboliza o paraíso e contém flores, fontes e ciprestes – ár­vores que representam a morte.

A tumba de Mumtaz Mahal está bem no centro do mausoléu que em valores atualizados teria cus­tado mais de 40 milhões de rupias (US$ 1,5 bilhão). Atualmente, o complexo recebe cerca de 3 mi­lhões de visitantes por ano – os ingressos têm que ser comprados um dia antes da visita e custam mil rupias (US$ 40) para estrangeiros, já que indianos pagam apenas 40 rupias. Não abre às sextas-feiras.

Foto por Istock/AvigatorPhotographer

Foto por Istock/AvigatorPhotographer

Contam que Shan Jahan queria fazer uma réplica do Taj Mahal em mármore negro do outro lado do Rio Yamuna. Ele foi deposto por um dos seus filhos que desejava se apoderar do trono e passou 12 anos preso no palácio até morrer em 1666 com 74 anos de idade. Durante o período de cárcere ele só conseguia ver o Taj Mahal a partir da pequena janela de sua cela. Ele foi enterrado ao lado da sua amada. Ambos os sepulcros repousam sobre pla­taformas e toda a sua superfície é decorada com incrustações florais com cores e inscrições alusivas ao amor do casal.

Se tiver tempo não se limite a uma única visita. O mármore branco utilizado é translúcido e muda de cor de acordo com a luz exterior. Ao nascer do sol, por exemplo, ele adquire coloração dourada. Nas noites de lua cheia a experiência é outra. Mas, independentemente da hora da visita, acredite, é impactante estar ali.

Entre as histórias que envolvem o Taj Mahal está a que conta que o imperador mandou cortar as mãos dos artesãos que trabalharam em sua cons­trução para que eles nunca mais pudessem produ­zir outra obra de tamanha beleza.

Mas ele não é o único tesouro da cidade. A an­tiga capital do império mongol, que dominou boa parte do território da Índia e do Paquistão entre os séculos 16 e 18, guarda também outros impor­tantes patrimônios da humanidade: o Forte Agra (Forte Vermelho), uma fortaleza construída entre 1565 e 1573 pelo imperador Akbar; e a cidadela de Fatehpur Sikri (Cidade Fantasma), erguida em 1569 para ser a capital do Império Mongol, foi abandonada 20 anos depois por escassez de água.

Foto por IStock/ dikti

Foto por IStock/ dikti

O giro por Agra pode ainda incluir a visita a ou­tros diversos palácios, mesquitas, muralhas e monu­mentos que revelam a grandeza e esplendor do Im­pério Mongol. Entre eles a mesquita Jama Mashid, a tumba de Saim Chisti e o palácio Panch Mahal.

Como chegar

Não há voos direto entre o Brasil e a Índia. A conexão deve ser realizada em aeroportos da Europa, Emirados Ára­bes, África e outros destinos asiáticos como Tailândia, Indonésia, Japão, Chi­na e Malásia. Qual Viagem utilizou a Ethiopian Airlines, que voa cinco vezes por semana a partir de São Paulo para Adis Abeba, capital da Etiópia. Todos os voos são a bordo do Boeing 787-8 Dreamliner.

Onde ficar

As principais redes internacionais de hotéis estão representadas na Índia com estabelecimentos de 5, 4 e 3 estre­las. Bem como outras locais que nada ficam a dever às melhores do mundo.

NOVA DÉLHI

Andaz Delhi by Hyatt

The Imperial

Le Meridien

UDAIPUR

The LaLit Laxmi Vilas Place

Trident

The Oberoi Udaivilas

Fateh Prakash Palace

JODHPUR

Vivanta by Taj – Hari Mahal

JAIPUR

Jaipur Marriott Hotel 

Crowne Plaza Jaipur

AGRA

Courtyard by Marriott Agra 

Double Tree by Hilton

O que comer

A cozinha indiana é diferente em cada região do país, apresentando ingre­dientes, influências e receitas esta­belecidas pelas condições climáticas, fatores religiosos e culturais. Em todas as mesas você irá encontrar os pães (chamados naan) e os aromáticos car­damomo e curry. E por falar em espe­ciarias, a maioria quase absoluta dos pratos indianos são bem condimenta­dos e apimentados – muito apimenta­dos! –, inclusive os servidos nas redes de fast-food. Carne bovina não existe nos cardápios, contente-se com fran­go, cabrito e peixes. Há muitas e varia­das opções vegetarianas. Para beber, não deixe de experimentar a típica las­si, que pode ser doce, salgada ou com suco de frutas – manga é a mais co­mum. A bebida é preparada a base de iogurte natural com essência de rosas.

Texto por: Robero Maia. O jornalista viajou a convite da Raidho Viagens com o apoio da Ethiopian Airlines e com a proteção do seguro-viagem Global Travel Assistance – GTA.

Foto destaque por Istock/ Parinya_romeo61

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