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Chapada Diamantina: Rios, rochas e águas no coração da Bahia

13 de abril de 2018

Principal destino de ecoturismo do Brasil, a Chapada Diamantina é um oásis em pleno sertão nordestino, fica no cora­ção do estado da Bahia e possui temperaturas amenas. A área de preservação é só uma pequena parte de um território que guarda uma quantidade incrível de montanhas, cha­padões, rios, cachoeiras e grutas. Formada por vários municípios, a Chapada tem aproximadamente 40 mil km². A região foi dese­nhada ao longo de bilhões de anos, quando as chuvas, os ventos e o rios esculpiram as rochas, criando vales e montanhas de tama­nhos e formas impressionantes e oferecendo um cardápio diversificado de belezas cênicas.

Como o parque ainda não possui um com­pleto plano de manejo implementado, a maioria das atrações não tem estrutura ade­quada para visitas, nem boa sinalização – por­tanto é preciso contratar um guia na maioria dos casos. Muitos lugares interessantes estão fora do domínio do parque.

Foto por Istock/ Martinelli73

Foto por Istock/ Martinelli73

Cultura Garimpeira dominou a região

A cultura garimpeira deixou o seu legado e, junto com tantas outras, deu sentimento, sabor e identidade à Chapada. Com uma rica arquite­tura, em grande parte, tombada pelo Institu­to do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o lugar é um reduto para o intercâm­bio cultural entre nativos e turistas.

O destino recebe milhares de visitantes a cada ano, ávidos por experimentar os diferentes atra­tivos que compõem a região, com direito a uma boa dose de adrenalina, afinal, não é à toa que a região é referência no turismo de aventura no Bra­sil. Devido à dimensão do território e às grandes distâncias existentes entre os principais atrativos naturais e as cidades turísticas, programar uma viagem para a região requer uma atenção especial.

Escolha da cidade

O Parque tem como cenário principal as cida­des de Lençóis – considerada a capital – Mucu­gê, Andaraí, Ibicoara, Palmeiras, Rio de Contas e as vilas de Igatu e Vale do Capão.

Lençóis possui a maior quantidade de hos­pedagens e também as mais confortáveis. Os quartos com as melhores vistas estão nas pou­sadas do Vale do Capão. Nas demais localida­des, a maioria dos hotéis é mais simples e com pouca estrutura. Portanto a partir daí dá para se organizar para conhecer os principais atrati­vos, espalhados de norte a sul do território.

Foto por IStock/ Gervanio

Foto por IStock/ Gervanio

As agências de turismo oferecem diversas op­ções de roteiros que variam de um a oito dias. São visitados pontos turísticos localizados no entorno do Parque Nacional da Chapada Dia­mantina. Os passeios possuem diferentes níveis de esforço físico e ainda podem ser adequados ao perfil de cada pessoa. Os guias garantem que quem decide o ritmo da caminhada é o tu­rista e, para facilitar, nas trilhas mais longas são oferecidos serviços como a contratação de uma pessoa para levar as bagagens.

A Chapada Diamantina possui uma enorme área silvestre. Por isso, é imprescindível que você esteja acompanhado por alguém que co­nheça bem cada lugar e que tenha treinamento em primeiros socorros. Além disso, o guia po­derá enriquecer sua viagem com informações sobre a fauna, flora, geologia e história.

Guardiã de centenas de quedas d’água, sitios arqueológicos e uma geologia suntuosa, esta unidade de conservação ocupa 152 mil hecta­res, agraciando nativos e turistas com sua bele­za cênica e esplendor. Foi no ano de 1985 que nasceu o parque com o intuito de preservar os ecossistemas da Serra do Sincorá e conservar suas nascentes, com destaque para o principal rio baiano, o Paraguaçu.

Foto por IStock/ vtupinamba

Foto por IStock/ vtupinamba

Esta unidade de conservação guarda um ban­co genético importantíssimo para a pesquisa. A cada ano, diversas novas espécies de plantas endêmicas e animais são descobertas na região.

Administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a sua área representa apenas uma pequena parte de toda a Chapada Diamantina, região que englo­ba dezenas de municípios. Com sede na cidade de Palmeiras, o Parque abrange seis municípios (Andaraí, Lençóis, Mucugê, Palmeiras, Ibicoara e Itaetê), contribuindo para a preservação de lugares de relevância histórica e cultural.

Visitação

Você deve iniciar o seu roteiro visitando a Cachoeira da Fumaça. É possível conhecer os principais atrativos do Parque Nacional da Cha­pada Diamantina a partir de localidades como Lençóis, Mucugê, Andaraí e do Vale do Capão. O acesso se dá, na maioria das vezes, por meio de caminhada. Muitos lugares famosos estão localizados ao seu redor, como os Poços Azul e Encantado, o famoso Morro do Pai Inácio e diversas grutas, a exemplo da Lapa Doce.

Foto por IStock/ vtupinamba

Foto por IStock/ vtupinamba

Lençóis é o portal da Chapada Diamantina, graças à sua infraestrutura hoteleira, com mais de dois mil leitos, restaurantes de alto nível e voos regulares. Ao longo dos anos, o município vem ganhando ares cosmopolitas, com residen­tes dos quatro cantos do mundo.

Os seus principais atrativos são os casarios do século XIX; a história e cultura herdadas do ga­rimpo; a Serra do Sincorá e os atrativos naturais de fácil acesso como os poços do Serrano.

A cidade também concentra o maior número de agências de turismo, que organizam pas­seios por toda a Chapada Diamantina. O lugar ainda oferece uma agenda cultural diversifica­da, com opções que variam de festas tradicio­nais, como o São João, a shows de MPB, com destaque para o Festival de Lençóis.

O Vale do Capão é uma atração por si só. Ele é mais do que um santuário ecológico: é um lugar fascinante! O clima de esoterismo e paz está presente no dia a dia da comunidade e foi trazido por jovens ainda embalados pelos so­nhos dos anos 70.

Hoje, muitas pessoas continuam chegando dos grandes centros urbanos e até de outros países, à procura de autoconhecimento, espiritualida­de, contemplação e uma vida mais sustentável.

É possível fazer os tradicionais passeios de ecoturismo no Capão e ainda provar delícias locais, como o pastel de palmito de jaca e a pizza integral, além de boas opções para ve­getarianos. Por lá, o turista poderá ter acesso a práticas terapêuticas e tratamentos holísticos. Há acesso para alguns dos lugares mais famo­sos da região, como a Cachoeira da Fumaça e o Morrão. O evento cultural que mais chama a atenção dos turistas é o Festival de Jazz, com shows de artistas consagrados da música ins­trumental. Foi neste município que apareceram os primeiros diamantes da Chapada Diamanti­na, em 1844. Uma das atrações mais interes­santes é o cemitério de estilo bizantino, único do Brasil, que chama a atenção pela sua sin­gularidade. Composto por jazidas em forma de igreja, todas pintadas de branco, remetem ao estilo arquitetônico neogótico do século XVIII.

Foto por Istock/ Martinelli73

Foto por Istock/ Martinelli73

Mucugê é tombada como patrimônio nacio­nal pelo IPHAN e foi construída às margens da Serra do Sincorá. Cercada por montanhas, a temperatura média local é de 19˚C. O seu prin­cipal destaque é o Parque Municipal de Mucu­gê, onde está localizado o Projeto Sempre-Viva, focado na educação e preservação ambiental, além do Museu Vivo do Garimpo. 52% do seu território fazem parte do Parque Nacional. As atrações culturais mais significativas são os fes­tejos de São João, o Festival de Chorinho e o Vozes na Chapada.

No centro da cidade, os prédios são do século XIX. O principal rio que banha o município é o Paraguaçu, um dos raros cursos d’água perma­nentes do Nordeste, que responde por 60% do abastecimento da capital baiana.

Já Andaraí, que fica mais na região central, oferece fácil acesso para diversos atrativos na­turais: como o Poço Encantado, o pantanal Ma­rimbus e a Gruta da Paixão. As piscinas do Rio Coisa Boa, a Cachoeira do Ramalho, a Lapa do Bode e do Rio Garapa, os poços da Donana e da Paraíba são alguns dos pontos turísticos lo­cais, ao lado das famosas praias do Paraguaçu. Nos áureos tempos do garimpo, a antiga vila Xique-Xique de Igatu, hoje distrito de Andaraí, era um dos locais mais povoados da região, com cerca de dez mil habitantes. Igatu viveu o apogeu e a decadência da exploração de miné­rios, deixando os sinais de sua história estam­pados na arquitetura e no estilo de vida dos moradores. Chegou a possuir cinema, loja de produtos importados e uma usina de energia elétrica. Também foi um dos maiores produto­res mundiais de carbonado.

As ruínas das casas de pedra do distrito inte­gram um Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico tombado pelo IPHAN. O lugar ainda dispõe de um Parque Urbano de Preser­vação Ambiental, Histórica e Lazer, criado em 2007 para proteger as ruínas do bairro Luís dos Santos e as áreas internas dos afloramentos ro­chosos da Manga do Céu. É nas ruínas que está o principal aquífero do distrito e representantes típicos da flora, por isso é um dos espaços de maior beleza cênica de Igatu.

O museu a céu aberto intitulado “Galeria Arte e Memória” se soma a esse rico acervo, ao guardar utensílios do garimpo e sediar exposições tempo­rárias de artistas plásticos renomados. Com seis cachoeiras ao seu redor, Igatu também é um dos destinos preferidos para quem curte escalada.

Serras e cachoeiras em Ibicoara

Cercada por serras e cachoeiras, Ibicoara está localizada ao sul do Parque e a 1.100 metros de altitude. O Parque Municipal do Espalhado, uma unidade de conservação a 30 km da sua sede, que abriga a majestosa Cachoeira do Bu­racão vem ganhando importância.

Foto por Istock/ Gervanio

Foto por Istock/ Gervanio

Vale visitar as cachoeiras da Fumacinha, do Licuri e do Rio Preto que atraem principalmen­te os adeptos de esportes de aventura, como o rapel, o cascading, a escalada e o trekking. O lugar também tem produção artesanal de ca­chaça e é famoso pela sua cultura agrícola, com ênfase no café orgânico, internacionalmente reconhecido pela sua qualidade. Ibicoara ainda integra o caminho das pinturas rupestres que segue até a cidade vizinha de Iramaia, ótima opção para os admiradores dessa arte milenar.

A cidade de Palmeiras é o principal acesso para o Vale do Capão, um dos principais desti­nos da região. Vale visitar o Morro do Pai Inácio e o Morro do Camelo. São outros destaques os sítios arqueológicos do Matão e da Serra Ne­gra, ao lado do patrimônio histórico e cultural do município, dos quais fazem parte os casarios coloniais, como o Museu da Cidade, que guar­da lembranças do início do século XX.

Friozinho em Piatã

Para aqueles que adoram frio, belas paisa­gens montanhosas e clima interiorano, Piatã é um ótima opção. A mais alta cidade serrana de todo o Nordeste (1268 m de altitude) fica num platô entre as serras do Tromba e de Santana e tem temperaturas que podem chegar a 5ºC.

Com menos de 20 mil habitantes, a cidade produz cafés especiais de alta qualidade, pre­miados em concursos nacionais. A iguaria pode ser degustada nas fazendas, diretamente com o produtor. A mais antiga povoação da Chapada Diamantina tem vocação para prática de espor­tes outdoor, como Mountain Bike e trekking. O município conta também com vistas panorâ­micas, pinturas rupestres e cachoeiras, belezas naturais e históricas. Fazem parte da cidade, ce­nários pictóricos como as cachoeiras do Patrício e Cochó e trilhas na Serra de Santana, onde é possível ter uma vista panorâmica da paisagem de Piatã em diversos ângulos. O calendário cul­tural é bem animado e conta com São João tra­dicional em junho, com forró pé de serra.

Foto por Istock/ jeilson

Foto por Istock/ jeilson

Conjunto arquitetônico em Rio de Contas

Bem ao sul fica Rio de Contas, considerada uma das mais antigas cidades planejadas do país. Possui um dos três conjuntos arquitetô­nicos coloniais mais importantes da Bahia, dos quais fazem parte o Teatro São Carlos e as igre­jas do Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora de Sant’Ana. As suas casas e ruas de pedras são muito bem conservadas e passam um clima de aconchego e tranquilidade.

A cidade já foi rota do ouro, através da Estra­da Real. A beleza de suas ruas serviu de cenário ao filme Abril Despedaçado (2001), do cineasta Walter Salles.

Dentre as singularidades da cidadezinha estão o tradicional carnaval de máscaras e os vilarejos quilombolas da Barra e Bananal e de descen­dência portuguesa. Eles sobrevivem da agricul­tura, do artesanato e da pesca e conservam a cultura de seus ancestrais de raízes africanas. Já a comunidade de Mato Grosso foi fundada por portugueses, e do lugar se extraiu muito ouro na época do garimpo.

Chapada Velha e Morro do Chapéu

Os jesuítas chegaram à Chapada Velha e logo avistaram um monte com forma de chapéu. Assim surgiu o nome desta cidade de gente hospitaleira e clima ameno. Reduto de espécies endêmicas, como o colibri dourado, e as or­quídeas, Morro do Chapéu tem um rico acervo natural, com cachoeiras, sítios arqueológicos e cavernas, a exemplo da Gruta dos Brejões, con­siderada a 4ª maior do estado e a 6ª do Brasil.

Os rios que nascem e cortam o município fa­zem parte das bacias do Paraguaçu e São Fran­cisco, sendo o Jacuípe o mais importante. A Cachoeira do Ferro Doido é um monumento natural de 98m de altura, quatro quedas e um imenso cânion. Já a do Agreste tem poços pro­fundos, onde foram explorados diamantes.

Com artesanato diversificado e a típica culiná­ria regional, Morro do Chapéu também é pal­co para esportes de aventura. Na área urbana, são referências a arquitetura secular da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Graça, a capela da Soledade, a sede da prefeitura e a casa do padre Magalhães.

Nos arredores da cidade, está a Vila do Ven­tura, o maior centro de diamantes da região no início do século XX. Dois casarios e uma capela foi o que restou dessa época. Por uma trilha de 6 km, chega-se à Cachoeira do Ventura. Nas proximidades, o sítio arqueológico Cidades das Pedras é uma área de grande afloramento de arenitos, com curiosas formas e um belo con­junto de pinturas rupestres.

As festas de Reis, do Divino Espírito Santo, de São Benedito e de Nossa Senhora da Graça, pa­droeira do município, são os principais eventos religiosos e populares do lugar.

Foto por Istock/ Martinelli73

Foto por Istock/ Martinelli73

Complete o seu roteiro visitando a Gruta da Boa Esperança, do Cristal e da Igrejinha; a Ca­choeira Domingos Lopes; a Fonte Termal do Tareco, um oásis em plena caatinga, com pro­priedades medicinais, e o Buraco do Possidô­nio. Mas nunca se esqueça de programar uma ida para essa espetacular experiência. Visite a Chapada Diamantina ao menos uma vez, vale muito a pena!

Como chegar

Para uma viagem de carro a partir de Salvador o melhor é seguir pela BR 242. Desde Vitória da Conquista. De ônibus a melhor opção partindo de Salvador é com Real Expresso que faz o trajeto em cinco horários a partir das 7 horas da manhã.

Outra opção é pegar voos até Salvador e alugar um carro. São cerca de 5 horas de viagem. A Azul oferece voos diários partindo de Campi­nas chegando até Lençóis. De lá alugue um carro ou contrate os serviços de uma agência de receptivo.

Onde ficar

De dezembro a fevereiro as diárias sobem, as trilhas lotam e as cachoeiras estão com maior volume de água. De maio a agosto, o clima é seco. Em junho vale ir pelos festejos de São João e São Pedro. Recomendamos o Canto das Águas, a Pousada Vila Serrano e Alcino Estalagem que é mais simples e oferece diárias mais em conta.

Onde comer

Dona Nena em Mucugê prepara receitas da época do garimpo, pastel de palmito de jaca na Dona Dlava no Vale do Capão, os sorvetes da Apollo em Andaraí. Expe­rimente também o Restaurante Cozinha Aberta e Os Artistas da Massa com espe­cialidade italiana.

Texto por: Cláudio Lacerda Oliva

Foto destaque por Istock/ SergioSousaPhotography

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