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Mendoza: paz e tranquilidade

13 de abril de 2017

Quando o General San Martin reuniu em Mendoza suas tropas para pôr em prática o plano de libertar a Argentina, o Chile e o Peru do domínio espanhol, mal imaginava que sob seus pés nasceria a mais bela praça da cidade – a Praça da Independência, onde lindas fontes d’água jorram em busca de fotos.

O forte terremoto de 1861 transformou a praça no marco de reconstrução da cidade. Mendoza ganhou ruas mais largas e um belo calçadão na Avenida Sarmiento – área repleta de restaurantes, bares e lojas. Também passou a respirar, literalmente, novos ares: a Grande Mendoza tem um milhão de árvores, uma para cada habitante, e mais 52 praças. Alguns traços do passado ainda podem ser encontrados como a bela fachada colonial do século XIX do Hyatt Mendoza Hotel Casino e Spa.

Foto por Istock/TersinaShieh

Foto por Istock/TersinaShieh

A imagem de turistas na praça da Independência, diante de uma das fontes de água propositadamente colorida de roxo para simbolizar o vinho, remete metaforicamente a dois expoentes da economia argentina: o vinho e o turismo – duas grandes fontes de renda de Mendoza, além do petróleo.

A grande maioria dos cerca de três milhões pessoas, entre argentinos e estrangeiros, visita algumas das mais de 130 bodegas disponíveis à visitação. Há mais de mil. Mendoza detém 70% de toda a produção de vinho do país e está entre as nove maiores capitais produtoras do mundo. Ao todo, são 160 mil hectares de área cultivável de uva. O uso primoroso da tecnologia no processo de produção tem contribuído com o crescimento do consumo e melhorado a excelente relação entre qualidade e preço.

Berço do vinho argentino, Mendoza tem a fama de produzir o melhor Malbec do mundo e o belíssimo Cabernet Sauvignon. Entre vinhos brancos, predomina a Chardonnay. A uva Bonarda também já tem dado vinhos tintos macios e alegres, de muito sabor. Mas há outras como Syrah, Pinot Noir, Tempranillo, Merlot e Sauvignon Blanc. A Argentina já fulgura entre os melhores produtores de vinho do mundo, alguns de notas altíssimas.

Foto por Istock/ patrickds

Foto por Istock/ patrickds

Terra de onde se deram os primeiros passos de liberdade, Mendoza respira novos tempos. Suas praças, ruas e avenidas conduzem ao prazer de saborear seu vinho com muita paz e tranquilidade.

La Fiesta de la Vendimia 

Clima, terroirs privilegiados e altitude se complementam perfeitamente em Mendoza e mantém os produtores em festa o ano todo. A mais popular de todas ocorre no verão – a Fiesta de la Vendímia – tradição de 81 anos, na qual se comemora a colheita das uvas e busca aproximar os produtores.

O evento é comemorado em diferentes etapas: a bênção das uvas, no último domingo de fevereiro, na qual se agradece Deus os bons frutos da colheita. Nesse dia o governador da província dá o tradicional golpe na rédea do arado, simbolizando a chamada de descanso do lavrador, ato comum dentro de cada bodega.

A Via Blanca de las Reinas é o evento que antecede a grande festa. Numa das principais avenidas da cidade, as candidatas à rainha desfilam sobre caminhões alegóricos, distribuem presentes de sua região (garrafas de vinho, mudas de uva etc) e arremessam frutas em direção ao público. É um verdadeiro carnaval do vinho.

A grande festa é transmitida ao vivo pela TV para todo o país, com apresentação de peças teatrais e muita música. O ponto culminante é a escolha da rainha da vendímia – representante máxima da Argentina em grandes eventos de turismo ao redor do mundo. Neste ano, a festa se deu em 6 de março e permitiu que o público, além do júri, também tivesse direito uma porcentagem dos votos. A festa, com o tema, “Con el viño em la piel” (com o vinho na pele), foi realizada no Teatro Griego Frank Romero Day. A rainha escolhida foi Victoria Colovatti, de 19 anos, representante da cidade de Maipú.

O sacrifício do Valle de Uco 

As opções de turismo em Mendoza poderiam começar do alto dos 6.961 metros do Monte Aconcágua, na cordilheira dos Andes. A sentinela de pedra, ponto mais alto do Hemisfério Ocidental e Sul, era usada pelos incas para sacrifícios, inclusive humano. Mas o tempo trocou o sangue derramado do Aconcágua pelo vinho que nasce a partir dos vinhedos plantados em seu sopé, no Valle de Uco. A 100 quilômetros de Mendoza, terrenos de até 1500 metros acima do nível do mar transformaram a paisagem da região. O sol intensifica os contrastantes tons de amarelo, vermelho e verde com seu fundo, emoldurado pelo branco das belas montanhas andinas, cheias de neve durante o inverno.

Foto por GOVERNO DE TURISMO DE MENDOZA / DIVULGAÇÃO

Foto por GOVERNO DE TURISMO DE MENDOZA / DIVULGAÇÃO

A incrível beleza e a tranquilidade rondam o Valle de Uco, nome dado em homenagem ao cacique da região. Algumas bodegas se compuseram junto à paisagem, em meio a milhares de hectares de área plana cultivada a fim de preparar espaços surpreendentes para a recepção de turistas. Belos projetos arquitetônicos oferecem excelentes opções gastronômicas, exposição de trabalhos artísticos regados em charmosas taças de vinho. Aos pés da cordilheira dos Andes, o solo arenoso e o clima favorável brindam a beleza contemplativa dos Andes com bom vinho, sem nenhum tipo de sacrifício.

Clos de Los siete 

Em Vista Flores, Tunuyan, os 800 hectares de terras de vinhedos verdejantes enfileirados aos pés das montanhas andinas, no Valle de Uco, se harmonizam diante da belas montanhas andinas. Clos de los Siete nasceu da visão empreendedora de sete sócios, em 1990, de produzir vinhos de alta qualidade nessa região. Dentre as cinco bodegas locais, a de Monteviejo ocupa área de 130 hectares a altura entre 1.000 e 1.200 metros acima do nível do mar. A primeira colheita foi feita em 2002, um ano após sua construção. As encostas da terra estão dentre as de melhor exposição solar no Hemisfério Sul. A bodega de Monteviejo utiliza a força do sistema gravitacional com uma mesa de seleção dupla para cachos e uvas. A matéria-prima é transportada sem o uso de bombas, o que evita danos ao processo de produção do vinho. Para quem é leigo, é importante compreender que uvas de alta qualidade necessitam de solos mal estruturados, argilosos e pedregosos, o que é o caso da região. Sem fazer uso de fertilizantes, a vinícola cultiva diversas variedades, com destaque para o Malbec – representante maior do vinho argentino. A empresa cultiva também o Merlot, Cabernet Sauvignon, Syrah, Petit Verdot e Chardonnay. São cerca 5.500 plantas por hectare irrigadas por gotejamento em um sistema de alta condução. Dentre as 11 marcas comercializadas por Monteviejjo, destaque para a premiada Lindaflor – elegante vinho de nível e estilo internacional, considerado como de complexos aromas de ameixa, pimenta preta e sutis notas de noz moscada, ideal para carnes vermelhas, peixes de mar profundo ou carne escura e queijos maduros.

Bodega Salentein: a Combinação perfeita

Foto por GOVERNO DE TURISMO DE MENDOZA / DIVULGAÇÃO

Foto por GOVERNO DE TURISMO DE MENDOZA / DIVULGAÇÃO

Bom vinho e som de piano: combinação perfeita. A bodega Salentein fez uso dessa atraente união e ergueu, a 10 metros abaixo do nível do solo, a “Catedral do vinho“. O piso do palco circular tem como símbolo a Rosa dos Ventos, iluminada por luz natural. A disposição do piano dá charme à enorme quantidade de barricas de vinho ao seu redor, que também servem de apoio aos expectadores. A excelente acústica garante boa qualidade aos concertos musicais. Já está programada apresentação de música clássica durante a Semana Santa, e em outubro, tango. A construção, sustentada por oito pilares, foi inspirada em catedrais cristãs, cujas colunas representam os apóstolos. Quanto ao vinho Salentein, destaca-se a produção de belos Pinot Noir. Os diversos tipos de vinho da bodega vem de vinhedos cultivados em diferentes altitudes na região. A bela bodega recepciona o visitante com belas esculturas, lindo espelho d’água e exposição permanente de artistas argentinos e holandeses.

A pousada Salentein, bastante silenciosa, é refúgio perfeito para descanso. A culinária oferece outra grande experiência, desde entradas leves a pratos sofisticados e o típico corte de carne argentino. Salentein é a combinação perfeita de arte e prazer.

Bodega El enemigo – do inferno ao céu 

O inferno, o purgatório e o paraíso: inspirado na Divina Comédia, de Dante Alighiere, o engenheiro agrônomo Alejandro Vigil criou a Bodega El Enemigo. A sala subterrânea, um tanto escura, representa o “Inferno”. Nela, bebidas valiosas dividem espaço (assim como em outras dependências) para exposição de obras de artistas locais. Na medida que se segue para a sala seguinte (purgatório) o visitante entra em contato com mais obras artísticas variadas e, claro, mais vinho. O paraíso está acima de ambos: no espaço aberto, o gramado cheio de mesas dá o clima de descontração. O restaurante, na área fechada, serve fartamente variedades do vinho “El Enemigo” – nome extraído da Divina Comédia: os medos internos que tanto afligem o ser humano. A linha “El Enemigo” da vinícola é formada pelos belos vinhos Malbec, Cabernet Franc, Bonarda, Syrah/Viognier e Chadonnay. Saboroso e de grande personalidade, o “cult wine” El Enemigo Malbec foi apontado por Robert Parker como “outstanding”. Já o El Enemigo Cabernet Franc, vinho tinto encorpado e elegante, com grande profundidade de fruta recebeu do crítico, pela safra de 2011, fantásticos 92 pontos. Na Bodega El Enemigo, uma taça de vinho eleva o visitante do inferno ao paraíso em segundos.

Passeio no azeite 

Em 1906, o imigrante francês Dom Francisco Laur criou a primeira plantação de oliveiras na região de Mendoza e passou a produzir azeite extra virgem. Quem visita a antiga fábrica pode conhecer, além das árvores seculares, um pequeno museu cheio de ferramentas como prensas e técnicas antigas na extração desse óleo. A inovação tecnológica chegou em 1998 com a implantação de novos maquinários e, em 2013, a empresa também passou a produzir vinagre balsâmico, cremoso e de sabor levemente adocicado. A produção chega a 450 mil garrafas de azeite de oliva e 250 mil de vinagre por ano. Os visitantes são levados a conhecer todo o processo de produção do azeite e também a loja da fábrica, onde é feita a degustação dos produtos. São servidos azeites, patê de azeitonas verde e preta, tomate seco reidratado em azeite, azeitonas e uvas passas.

Fto por OLIVÍCOLA LAUR / DIVULGAÇÃO

Fto por OLIVÍCOLA LAUR / DIVULGAÇÃO

As diferentes marcas produzidas pela Laur partem da mistura de vários tipos de azeitonas. A decantação resíduos do óleo das azeitonas por dois meses e meio em tonéis de metal garantem mais qualidade e melhor sabor do azeite. A empresa produz as marcas Clássico Extra Virgem, Blend e Terroir Cruz de Piedra, Blend de Terroir Altos Limpios, Blend de Terroir Medrano e o Gran Mendoza Premium, além dos vinagres balsâmico Laur e Millán.

As visitas custam 40 pesos (R$ 11) e precisam ser agendadas: olvlaur.com.

Como chegar

Aerolineas Argentinas

LATAM

Gol Linhas Aéreas

Onde ficar

Park Hyatt Mendoza Rua Chile, 1124 – (54) 261 441-123

Huentala Hotel Rua Primitivo de La Reta, 1007 Bodega

El Enemigo Rua Videla Aranda 7008, 5519 Maipú, Mendoza Tel. (54) 261 413-9178

Pousada Salentein Ruta 89, s/n, km 12, 5560

Valle de Uco, Tunuyán Tel.: (54) 2622 42-9090

Texto por: Pedro Teixeira

Foto destaque por Istock/ xeni4ka

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