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Roteiro Angra Doce: um mundo de belas águas no sudoeste paulista

Quem diria que o famoso destino carioca de Angra dos Reis teria uma região irmã no Estado de São Paulo? Podendo ser chamada de paraíso das águas doces, parte da área sudoeste paulista, a pouco menos de 400 quilô­metros da capital, bem na divisa com o Paraná, ganhou o nome de Angra Doce e não é à toa. Ali, onde o Rio Paranapanema, um dos menos poluídos de São Paulo, segue vivo e se divide em diversos lagos e represas, vem surgindo uma nova potência do turismo regional.

Recentemente, a região foi reconhecida como roteiro de interesse turístico pela Secretária de Turismo Estadual, graças aos seus inúmeros atra­tivos naturais, culturais e religiosos.

Formam o Circuito Angra Doce Paulista dez ci­dades: Timburi, Piraju, Ipaussu, Barão de Anto­nina, Itaporanga, Ourinhos, Fartura, Chavantes, Canitar e Itararé. Elas, junto de outros cinco mu­nicípios paranaenses (Ribeirão Claro, Carlópolis, Siqueira Campos, Salto do Itararé e Jacarezinho) que compõem o Roteiro Angra Doce, vêm im­pulsionando o turismo e atraindo cada vez mais o olhar dos paulistas e paulistanos. O que não falta por lá são prainhas de água doce, cachoei­ras, matas, ilhas fluviais e muitas outras atrações ideais para a prática de ecoturismo ou turismo de aventura.

Nós, da Qual Viagem, percorremos seis das cidades que compõem o roteiro e selecionamos seus principais destaques e atrativos. Confira:

Piraju

A cidade de Piraju funciona como base para vi­sitar a região. Estância Turística desde 2002, o município oferece bons restaurantes e serviços de hospedagem que fazem dali o lugar ideal para permanecer em um roteiro local. De ecoturis­mo aos esportes de aventura, o que não faltam são atrativos na pequena cidade de cerca de 30 mil habitantes.

Tendo o Rio Paranapanema como presença constante em sua paisagem, a cidade oferece boas opções de atividades que colocam o turista em contato com a natureza. São passeios de lancha, caiaque, canoagem, rafting, trilhas para cachoeiras, entre outros.

Para aproveitar todas as atrações que a cidade oferece, alguns lugares são imperdíveis:

Parque FECAPI

Oficialmente chamado de Parque de Exposições Prefeito Cláudio Dardes, o FECAPI abriga alguns dos atrativos mais importantes do município, como a pista natural de canoagem – considera­da a melhor do Brasil na categoria slalom, e ren­dendo a Piraju o título de celeiro de craques nes­ta modalidade -, a Garganta do Diabo, o Salto Piraju, as prainhas do “Panema” e as corredeiras do rafting – feito nos últimos sete quilômetros do rio vivo.

Floresta Natural de Corredeiras

A Unidade de Conservação é um local de gran­de beleza natural, situado às margens do trecho natural do Rio Paranapanema. É muito frequen­tado para pesca esportiva, acampamento e pas­seios, pois possui quiosques com churrasqueiras e parque infantil.

Turismo de aventura e Birdwhatching

Além das atividades nas águas do Paranapane­ma, é possível elevar a adrenalina com a prática de rapel seco. A atividade é feita em uma pedra de mais de 70 metros e, além de toda a diversão, proporciona uma das mais belas vistas da região.

Foto por José Carlos Garcia

A cidade do peixe amarelo – significado de seu nome na língua indígena – também é a terra dos pássaros. E por isso, vem se destacando como destino para observação de aves. Atualmente são 364 espécies de aves catalogadas em Piraju, o que a coloca em 12º lugar entre os municípios pau­listas no ranking do Wikiaves. Entre as espécies que podem ser observadas em um passeio estão: cardeal-do-banhado, guaracavuçu, saracura-três-potes, azulão, águia-pescadora, entre outros.

Timburi

Pequena e charmosa, Timburi é destino de eco­turismo e aventura. A cidadezinha de pouco me­nos de três mil habitantes é repleta de atrativos naturais que confirmam seu potencial turístico.

Foto por Rogerio Almeida Bertusso Coca

Situada entre os rios Paranapanema e Itararé, como em uma ilha, é repleta de montanhas, morros, cachoeiras e cascatas que podem ser ex­ploradas a partir de trilhas, caminhadas e rotei­ros de cicloturismo.

Para começar a desbravar a natureza nos en­tornos de Timburi, a dica é fazer um passeio de barco pela represa de Xavantes a partir do Cam­ping Municipal do Redondo. Em meio a um mar de água doce, você se depara com a Cachoeira Gogó da Garça, um dos cartões-postais da cidade, com 30 metros de altura e um poço raso per-feito para banho. No caminho, formações rochosas e cascatas menores complementam o cenário.

Ainda entre as cachoeiras, há duas paradas obrigatórias para quem visita o destino. A pri­meira é a do Palmital, com 60 metros e três que­das. O lugar é perfeito tanto para banho, quan­to para a prática de rapel. E a da União, com 35 metros de altura. O acesso às duas se dá por meio de trilhas.

Depois de desbravar toda a natureza que en­volve a cidade, vale a pena conhecer o charmoso centrinho de Timburi. É ali que fica a Igreja de Santa Cruz. Construída entre 1917 e 1943, toda em pedra, é uma das edificações mais antigas do lugar e conta com arquitetura rústica.

Do alto do morro, uma igrejinha

Além da Igreja Matriz, há uma construção que une história e curiosidade em Timburi. Situada em uma fazenda, a Igrejinha da Domiciana, co-mo é conhecida, foi construída depois da Revo­lução Constitucionalista de 32, como resultado de uma promessa. Seu acesso é feito por um ca­minho de pedras e, de lá de cima, é possível ter uma vista panorâmica da região.

Descida radical

Foto por Luciana Crepaldi

Apesar de a natureza ser a menina dos olhos da cidade, é um atrativo radical que vem atraindo a atenção de visitantes do Brasil e do mundo. No caminho do camping do Redondo, há uma ladeira de mais de dois quilômetros cheia de cur­vas que chama a atenção dos apaixonados por skate downhill.

Itaporanga

Itaporanga é o destino local para quem gosta de cultura e religião. A cidade já se consolidou como destino para esse público graças à sua aba-

dia, que chama a atenção em um complexo de mais de 8 mil metros quadrados, e também às 24 capelas e cinco grutas dispostas pela cidade.

Cartão-postal local, a Abadia Cisterciense de Nossa Senhora da Santa Cruz é a segunda maior da América Latina e foi construída por monges alemães que ali encontraram refúgio do nazis­mo. Seu mosteiro foi fundado em 1936 e a pri­meira ala do santuário em 1943. A construção se destaca por sua arquitetura, com vitrais colori­dos e fachada em tons terrosos, além de sua es­trutura interna, com jardins, bosque com gruta de pedra e um cemitério de padres.

Além de ser um espaço de peregrinação, rece­bendo visitantes do país inteiro, o local aproxima a comunidade da rotina dos monges e da cultura cristã. O complexo fica aberto todos os dias e rece­be visitantes tanto na abadia, quanto no bosque.

Outro local que retrata o potencial religioso de Itaporanga é a Gruta de Nossa Senhora das Graças, localizada bem próximo da divisa com o Paraná. Resultado de uma promessa, o lugar hoje conta com uma trilha para via Sacra, além de espaço para missas e sala dos milagres.

Além das riquezas religiosas, a pequena Itapo­ranga, com cerca de 15 mil habitantes, também é um lugar cheio de história e cultura. Ali existe uma reserva tupi-guarani que preserva a cultura indígena e realiza apresentações aos visitantes.

É o caso da aldeia Tekoa Porã, que reúne 13 famílias comandadas pelo cacique Darã. Os inte­grantes apresentam a dança e música típica de sua cultura, assim como esportes como corrida da tora e arco e flecha. E para completar a inte­ração, há um delicioso café da tarde com ingre­dientes típicos como mandioca, peixe e frutas. A visita exige agendamento prévio.

Potencial natural

A cidade, assim como suas vizinhas integrantes do roteiro Angra Doce, possui grande potencial natural, com importantes recursos às margens da represa de Xavantes, porém, ainda não há infraestrutura de serviços nesses locais. Uma das exceções fica por conta do Morro do Defunto, que tem estrutura para esportes de aventura como rapel, tirolesa e trekking, entre outros.

Barão de Antonina

Também pequenina, Barão é uma cidade vizi­nha de Itaporanga que tem aquele típico clima de interior. Aos domingos, é possível observar a movimentação da população local em torno das duas igrejas da cidade: a primeira, fundada em 1934, e a segunda, mais recente, construída para abrigar mais fiéis.

A cidade está às margens da represa de Xavan­tes, que pode ser acessada por um condomínio de casas de veraneio.

Além disso, há também aldeias indígenas e uma cachoeira nos arredores.

Ipaussu

Vale a pena também fazer uma parada para conhecer Ipaussu, local onde viviam os índios Coroados até o final do século XIX, quando dois mineiros partindo de Avaré, João Justino (vulgo João dos Santos) e João Correa de Miran­da seguiram para invasão de novas terras e, em um coqueiral onde hoje é o marco zero de Ipaus­su, estabeleceram um povoado.

O turismo também gira em torno das águas do Paranapanema no destino. Tanto no lago, que fica no centrinho da cidade, quanto no camping, as águas se tornam o principal atrativo local. Na primeira parada, há pedalinhos para passeio, uma ilha com aquário e uma família – enorme – de capivaras que circulam por ali.

Se tiver tempo, percorra os oito quilômetros entre canaviais e visite o camping municipal, onde é possível petiscar iscas e camarões no barzi­nho rústico do local que tem vista para a represa formada pelas águas do “Panema”.

Com um típico clima de interior, é parada obri­gatória a praça central, onde estão algumas lan­chonetes e lojas, além do coreto e uma fonte de águas dançantes e também na Igreja Matriz.

Itararé

Na divisa com o Paraná, Itararé foi caminho dos tropeiros e oferece diversos atrativos naturais aos seus visitantes. Cânions, paredões de rocha bru­ta que atraem os amantes do rapel, grutas e ca­vernas e estradas vicinais que parecem ter sido feitas para os jipeiros e para galera da bike, além de cachoeiras e os tranquilos rios Verde e Da Vaca, que correm preguiçosos, formando o cha­mado “panelão”- buracos redondos e com certa profundidade escavados no lajeado pela força da água – e compondo assim pequenas piscinas nos lajeados por onde ele passa, com água em uma temperatura média de vinte e dois graus, convidando a simplesmente relaxar.

Entre os principais atrativos da cidade está o Parque da Barreira, bem na divisa dos Estados, que conta com dois quilômetros de trilhas levan­do até uma gruta e o brechão do rio.

O lugar se destaca pela peculiar biodiversidade, recursos naturais, fendas, cascatas, poços escul­pidos pelas águas e o maravilhoso espetáculo proporcionado pela revoada das andorinhas no final da tarde, quando elas retornam para o abrigo dos paredões rochosos, onde encontram-se seus ninhos. A cidade oferece estrutura para atividades como trekking e aquatrekking, boia cross, canionismo, mountain bike e rapel.

Além disso, há campings onde o turista pode passar o dia aproveitando as águas dos rios da Vaca e Verde.

Como chegar

Saindo da capital paulista, a melhor ma­neira de chegar até a região do Circuito Angra Doce é via Rodovia Castelo Branco. A cidade mais próxima de São Paulo é Piraju, a cerca de 340 quilômetros, por­tanto, funciona como base e ponto de partida para percorrer os outros destinos do roteiro.

Onde ficar

PIRAJU

Hotel Beira Rio

IPAUSSU

Hotel Pousada Recanto das Garças

TIMBURI

Pousada Cantinho da Figueira

Onde comer

PIRAJU

Pirabar

Oishi

TIMBURI

Rodobar

O que comer

Como não poderia ser diferente, em vista da vastidão de águas dessa região, a gastronomia tem bons pratos à base de peixe. Entre os destaques estão o peixe na telha e o filé de tilápia à parmegiana.

Entre os doces, a curiosidade regional é a torta Napoleão, típica de Piraju e considerada até patrimônio local. A iguaria é feita desde os anos 1950 e leva 14 camadas intercaladas de massa e creme cobertas com ganache de chocolate.

Texto e fotos por: Eliria Buso. A jornalista visitou a região com o apoio dos departamentos de Turismo locais e do Angra Doce Paulista.

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