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Rota de Experiências Caparaó Mineiro valoriza café, cultura e natureza em MG

Foto por Tamas Bodolay

Cercada por inúmeras belezas naturais como cachoeiras, mares de morros e diversas espécies das ricas fauna e flora da Mata Atlântica, a região do Caparaó Mineiro é também conhecida pela produção de cafés de alta qualidade. O território apresenta grande vocação para a atividade turística e está se transformando em um cenário de vivências sensoriais.

A partir desta percepção, o Sebrae Minas, a Secretaria de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) e o Sicoob CrediSudeste, em parceria com as prefeituras de Alto Caparaó, Alto Jequitibá, Caparaó e Espera Feliz, lançam em 2025 um novo produto turístico com 13 experiências a serem vivenciadas nos quatro municípios. Assim surge a Rota de Experiências Caparaó Mineiro, coletivo de iniciativas locais que oferece experiências únicas e criativas, que convidam o turista a viver, de forma ativa e surpreendente, a região do Caparaó Mineiro. A ideia é valorizar as pessoas do território, cultura, saberes e fazer artesanal.

Foto por Bruno Figueiredo

Conexão com a natureza

Em uma área de altitude, com paisagens deslumbrantes e clima ameno, cada um dos quatro municípios carrega sua autenticidade e singularidade, e todos compartilham aspectos em comum: história rica, cultura vibrante e pessoas talentosas.

Uma das finalidades do projeto é potencializar outros atrativos na região, além do Parque Nacional do Caparaó, um dos lugares mais procurados pelos turistas no território. O objetivo é proporcionar mais opções para quem procura ambientes naturais como forma de lazer. O parque abriga o Pico da Bandeira – o terceiro mais alto do país, com 2.892 m de altitude. Seu território se estende pelos estados do Espírito Santo e de Minas Gerais.

Histórias, inovação e dedicação

O cultivo do café, que acontece há cerca de 200 anos na região das Matas de Minas, é a principal atividade econômica do território, moldando a paisagem e permeando hábitos e referências culturais. O diferencial está na forma de produção: quase 100% do cultivo é feito manualmente, por famílias de pequenos produtores, em um saber-fazer passado de geração em geração.

A atividade sofreu uma grande transformação no início dos anos 2000. Com apoio de instituições técnicas, os cafeicultores se qualificaram e aderiram à produção de cafés especiais. Hoje, a região é referência nacional na produção de cafés de excelência e sensorial único, acumulando os principais prêmios de qualidade do país e no exterior.

A combinação de elementos naturais específicos da região e o modo de fazer local compõem o terroir do Caparaó, reconhecido pelos selos de Denominação de Origem e de Indicação de Procedência das Indicações Geográficas obtida junto ao INPI. Estas conquistas foram possíveis devido ao auxílio do Sebrae Minas, que também ajudou na criação, estruturação e no desenvolvimento do Conselho das Entidades do Café das Matas de Minas.

Café com sonhos

Um dos empreendimentos da Rota de Experiências é o Sítio Imperial da Serra, localizado em Alto Jequitibá. É lá que o sonho de produzir cafés especiais de Silmara Emerick se tornou realidade e motivo de orgulho. Descendente de quatro gerações de produtores, a cafeicultora sofreu com as oscilações no preço das sacas de café em um passado recente, que impactaram diretamente o negócio.

Em busca de novas alternativas, a empreendedora investiu em qualificação e viu a oportunidade de produzir cafés especiais como forma de agregar valor à produção. Na época, era senso comum que este tipo de café só poderia ser produzido em propriedades acima de 1,2 mil metros de altitude — e a fazenda de Silmara ficava relativamente abaixo desse patamar. A família desafiou as convenções e começou a produzir cafés de altíssima qualidade e premiados.

Foto por Bruno Figueiredo

Silmara, o marido Charles e os dois filhos são responsáveis por todo o processo de cultivo do café na propriedade de seis hectares. “Neste ano, por exemplo, já colhemos 200 sacas aqui no sítio. Desse total, cerca de 50 a 70 serão de café especial”, explica.

A experiência no sítio é permeada por detalhes da trajetória de Silmara. Os turistas são convidados a desvendar os cafezais e conhecer a área de pós-colheita. Nessa etapa, Charles teve uma ideia inovadora para otimizar o processo: ele criou um maquinário que favorece limpeza, separação de frutos, lavagem, descascamento e secagem. A invenção do produtor evita gasto excessivo de recursos naturais e torna o café mais sustentável.

Durante a experiência, o turista acompanha a torra do café, participa da etapa da embalagem dos grãos e, ao final, se aventura de forma divertida no “Duelo de Cafés”, que o leva a descobrir sabores e a perceber diferenças e nuances do café especial.

Aprendizado passado por gerações

Outra história que compõe o roteiro é a dos De Lacerda, propriedade de pouco mais de 10 hectares localizada na cidade de Espera Feliz. A trajetória da família remonta aos anos 1970, em que o patriarca Onofre Lacerda produzia cebola e batata, antes de plantar sua primeira muda de café e se tornar precursor do café especial na região.

Foto por Bruno Figueiredo

Com o nascimento dos filhos, oito no total, Onofre e a esposa Maria da Conceição viram a necessidade de melhorar a renda da casa. Foi a partir de 1994 que a produção de café na propriedade cresceu, se tornando a principal fonte de sustento da família. Hoje, o café dos De Lacerda é um dos mais premiados do Caparaó Mineiro, colecionando diversos prêmios.

“O primeiro concurso que participamos foi em 2010, aqui na região. Fomos sem muita expectativa, mas voltamos para casa com todos os prêmios. Foi uma surpresa para nós e incentivo para seguirmos nesse caminho”, relata Alexandre Lacerda, filho de Onofre e um dos anfitriões da fazenda. De lá para cá, o café dos De Lacerda ganhou concursos regionais, estaduais e nacionais. Em 2021, foram reconhecidos com a Denominação de Origem, ganhando mercado e exportando para países como Portugal, Espanha, Japão e Inglaterra.

O ponto mais baixo da propriedade está a 1,4 mil de altitude. É lá que Alexandre e a sobrinha Luiza mostram aos turistas os encantos da fazenda. Eles compartilham histórias, alegrais e os desafios de estar entre os pioneiros no cultivo de cafés especiais. A experiência segue pela lavoura, onde o visitante colhe, de forma artesanal, grão por grão, e participa de uma espécie de “campeonato de abanação” – os turistas recebem uma peneira e uma quantidade de café e, sob risadas e descontração, brincam de fazer a limpeza do café, retirando folhas e outras impurezas.

A experiência contempla ainda um passeio de trator pelas terras da propriedade. No fim, os visitantes participam de outra atividade divertida: um quiz sobre toda a história dos cafezais dos De Lacerda, em um momento de confraternização com a família.

Governança em ascensão

Por meio do Acelera Check-in Turismo, o Sebrae Minas ofereceu aos donos de pequenos negócios capacitações, como consultorias para mapeamento dos pontos turísticos, sinalização da rota, estudo e posicionamento da identidade local, fortalecimento da gastronomia, cursos e oficinas nas diversas áreas de gestão de empreendimentos voltados para o atendimento ao público.

As ações foram estruturadas para promover a integração das governanças locais e o fortalecimento dos pequenos negócios, a fim de atrair mais visitantes para a região e contribuir para o desenvolvimento econômico dos municípios que fazem parte deste novo destino turístico.

Sebrae sem fronteiras

A Rota de Experiências foi lançada, oficialmente, em abril deste ano, na WTM Latin America, em São Paulo. A feira é o principal evento para empresas do setor de viagens e turismo da América Latina. Além disso, para possibilitar o avanço da integração entre os estados onde estão localizados os atrativos da Rota, Sebrae Minas e Sebrae Espírito Santo firmaram, em maio, uma parceria estratégica para beneficiar o desenvolvimento do turismo na região.

“A iniciativa vem para auxiliar o fortalecimento do território e impulsionar o turismo local, criando novas oportunidades para os empreendimentos e para o crescimento sustentável da região, gerando renda e valorizando pessoas e a produção artesanal”, destaca o gerente do Sebrae Minas na Regional Zona da Mata e Vertentes, João Roberto Marques Lobo.

Texto por: Agência com edição Eliria Buso

Foto destaque por Tamas Bodolay

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