Ícone do site Qual Viagem

Ilhéus das praias e do cacau

De um lado, as belas praias do sul da Bahia. Do outro, a verde Mata Atlântica da Costa do Cacau. Assim é Ilhéus, um paraíso onde é verão o ano todo. A cidade é rica em natureza e também em história. As memórias ainda estão vivas por lá: a chegada dos portugueses, suas disputas com os índios pelas terras, os coronéis dos tempos áureos do cacau, as histórias de Jorge Amado…

Foto por Patrícia Chemin

Ilhéus possui o maior litoral da Bahia, com cerca de 100 km de praias ladeadas por altos coqueiros. A zona sul é a parte mais turística, onde estão os grandes resorts à beira-mar e algumas das melhores praias. Apesar de limpas, suas águas são mais escuras, por ser uma área onde muitos rios deságuam. Algumas praias possuem bares e quiosques, outras são quase desertas.

A praia de Batuba, por exemplo, é ótima para surfar. Já as praias de Jairi e de Canabrava são mais indicadas para quem quer se refrescar com um bom mergulho. A praia dos Milionários oferece uma estrutura mais completa ao visitante. Em Cururupe, as ondas são tão fortes que o mergulho não é indicado. Mas o visual é lindo, pois é ali que o Rio Cururupe, de águas ferruginosas, encontra o mar.

Foto por Patrícia Chemin

A cidade de Ilhéus vai além das belas praias. Poucas pessoas sabem, mas o distrito de Olivença é uma estância hidromineral, a única do Brasil localizada na faixa litorânea. As tais águas ferruginosas encontradas no distrito não existem em nenhum outro lugar do Brasil. Elas possuem propriedades medicinais, além de serem boas para a pele e os cabelos. Alguns ainda dizem que essa água também garante um ótimo bronzeado. O Balneário Tororomba possui três piscinas abastecidas com essas águas.

O centro histórico de Ilhéus ainda possui construções que remetem ao auge da produção cacaueira. São casarões e igrejas de estilo neoclássico, que datam do início do século XX, quando a cidade passava por seu período de maior prosperidade. Um dos maiores empreendedores da época e que trouxe muitos avanços a Ilhéus foi o coronel Misael Tavares, que construiu o palacete que, até hoje, leva seu nome.

Com o altar dedicado a três santos – São Sebastião, São Jorge e Nossa Senhora da Vitória, a Catedral de São Sebastião é cartão-postal da cidade e ainda mantém a beleza e a imponência das décadas passadas. Apesar de mais simples, a Igreja Matriz de São Jorge dos Ilhéus também possui sua beleza, e é a mais antiga do município. O centro também possui praias, sendo a mais famosa delas a da Avenida, bem ao lado da principal via da cidade, a Avenida Soares Lopes. À frente, estende-se a Baía do Pontal, onde muitos rios se encontram. Para ter uma ótima vista dessa parte da cidade, vá até o Mirante da Piedade.

A Ilhéus de Jorge Amado

Um nome logo nos vem à mente quando falamos de Ilhéus. Jorge Amado nasceu na vizinha Itabuna, mas a cidade imortalizada em suas obras foi Ilhéus. O escritor adotou Ilhéus e a cidade adotou Jorge Amado. Ele tomava como inspiração a sociedade de sua época e alguns dos habitantes de Ilhéus, tanto que suas histórias confundem-se com a realidade. Em sua homenagem, a casa onde Jorge Amado cresceu foi transformada em Casa de Cultura.

Foto por Patrícia Chemin

Em estilo neoclássico e considerada uma verdadeira mansão para a época, a casa preserva alguns elementos originais, como partes do piso, escadas e janelas. O turista é acompanhado em uma visita guiada, na qual conhece alguns cômodos da casa e aprende sobre a vida e algumas peculiaridades de Jorge Amado. A visita é imperdível para os fãs do escritor.

Aberto há mais de 100 anos, o Bar Vesúvio era reduto dos antigos coronéis. Na década de 1940, foi adquirido por um libanês, que casou com uma baiana. Dizem que foi aí que surgiu a inspiração para os personagens Gabriela e Nacib, da obra de Jorge Amado. O bar, inclusive, ganhou fama com o romance Gabriela Cravo e Canela e, por causa dele, é um dos pontos mais visitados de Ilhéus. Não deixe de tirar uma foto com a estátua do escritor, sentado em uma das mesas na calçada, e de pedir os famosos quibes do Nacib. No começo dos anos 2000, foi reformado, mas ainda mantém muitas de suas características originais, como as paredes externas, por ser patrimônio tombado pela cidade.

Foto por Patrícia Chemin

O roteiro pelas obras de Jorge Amado continua no Bataclan, antigo cabaré frequentado pelos coronéis do cacau tanto nas obras de ficção do autor quanto na vida real. O estabelecimento entrou em decadência há décadas, mas foi resgatado há pouco mais de dez anos. Com a fachada original, agora é um restaurante e centro cultural. Há espaço para apresentações e exposições. No andar de cima, é possível conhecer o quarto de Maria Machadão, antiga proprietária do cabaré.

História do cacau

O cacau veio da Amazônia e adaptou-se ao solo e ao clima de Ilhéus como em nenhum outro lugar do mundo. Sob a sombra da Mata Atlântica, foram plantados os cacaueiros, que ali prosperaram. O cultivo em Ilhéus começou em 1820. Por muitas décadas, Ilhéus viveu o auge do cacau, a época do domínio dos poderosos coronéis.

Foi no começo do século XX que o cacau do sul da Bahia começou a ganhar destaque como um dos principais produtos de exportação do país. Os produtores enriqueceram e entraram na alta sociedade baiana da época, tornaram-se coronéis. Todo esse cenário foi retratado com maestria por Jorge Amado em muitas de suas obras.

Foto por Patrícia Chemin

Depois de décadas de tanta prosperidade, com toneladas e mais toneladas de cacau, veio a decadência. Na década de 1980, as plantações foram atacadas pela vassoura-de-bruxa, um fungo que secou os cacaueiros aos poucos. A produção caiu vertiginosamente e coronéis perderam parte de suas riquezas.

Hoje, as fazendas de cacau tentam se reerguer. Algumas trabalham com o clone do cacau, que é mais resistente ao fungo. Outras passaram a produzir e vender o próprio chocolate. Há ainda aquelas que são abertas à visitação. A Fazenda Yrerê (km 11 da Rodovia Ilhéus-Itabuna) é uma delas. Os turistas têm a chance de caminhar por parte dos 40 hectares de plantação em uma visita guiada, degustar o cacau fresco, aprender sobre os processos de fabricação do chocolate e experimentar o chocolate feito localmente.

O cacau de Ilhéus é reconhecido por sua alta qualidade e produz um chocolate que não fica atrás dos belgas ou suíços. Pela cidade, é possível encontrar lojas que vendem o chocolate de origem, produzido em Ilhéus e região, como a Chocolate Caseiro Ilhéus e a Chor Chocolate de Origem. Desde 2009, Ilhéus recebe, anualmente, o Festival Internacional do Chocolate, que atrai milhares de pessoas do mundo todo.

Como chegar

Ilhéus fica a 400 km ao sul de Salvador, distância que pode ser percorrida de carro. Mas há voos da capital baiana a Ilhéus, assim como a partir de várias outras cidades brasileiras.

Onde ficar

Foto por Patrícia Chemin

Cana Brava All-Inclusive Resort – canabravaresort.com.br

Marinas Pousada – marinaspousada.com.br

Opaba Praia Hotel – opabahotel.com.br

Onde comer

Como toda boa cidade baiana, a culinária de Ilhéus é rica e extremamente saborosa, com muitos temperos, pimenta e dendê. Os pratos tradicionais como moqueca, vatapá, acarajé e pirão são servidos em diversos restaurantes da cidade. A gastronomia de Ilhéus também é muito baseada em peixes e, por estar em uma região de manguezais, caranguejos. O mais conhecido é o guaiamum, caranguejo azul, adocicado e carnudo do mangue seco.

Bataclan – Serve pratos baianos com peixes e frutos do mar à la carte. De segunda a sexta, tem almoço por quilo. Av. 2 de Julho, 77

Foto por Patrícia Chemin

Bar Vesúvio – Com petiscos típicos de bar, além de pratos como moqueca, não deixe de pedir o favorito quibe do Nacib. Praça Dom Eduardo, 190

Sorveteria Ponto Chic – Aberta em 1952, a mais tradicional sorveteria da cidade oferece sorvetes de sabores locais, como o de cacau, o de tapioca e o de chocolate com nibs, que são as amêndoas do cacau em pequenos pedaços. Praça Dom Eduardo, 2

Mais informações em: turismo.ilheus.ba.gov.br

Texto por: Patrícia Chemin. A jornalista viajou a convite do Cana Brava All-Inclusive Resort.

Foto destaque por: Patrícia Chemin

Comentários

Sair da versão mobile