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Islândia: paraísos escondidos e outros nem tanto na terra do fogo e do gelo

Reykjavik Iceland city scape frop the top with Hallgrimskirkja church. Aerial photo. religious building

Islândia é a terra do fogo e do gelo. Respira ar puro. Atrai aventureiros. Traz memórias profundas. Pousar na Islândia é como pousar em outro pla­neta. Longe de tudo e de todos, o país com uma área de cerca de 103 mil qui­lômetros quadrados fica no meio do Oceano Atlântico Norte, cercada por Faroe Islands, Groenlândia e Noruega.

Considerada a segunda maior ilha da Europa, a Islândia é um país peculiar. Cavernas subterrâneas de gelo divi­dem espaço com imponentes vulcões, glaciares, aurora boreal, o sol da meia noite, gêiseres e outros fenômenos na­turais que só estando lá para entender quão majestoso é esse lugar.

Uma das melhores formas de conhecer o país é fazendo uma road trip. A fa­mosa Ring Road, estrada circular que contorna o país com seus 1,332 km, pode ser a opção perfeita para quem quer ver os principais pontos do país. Claro que algumas escapadas para en­frentar off-road e caminhos desconhe­cidos deixam a viagem ainda mais es­pecial. É preciso ter claro os principais desejos pelo país antes de decidir se será uma viagem no verão ou no inver­no. Sim, o frio estará presente nas duas épocas – com as devidas proporções. No inverno a probabilidade de ver as cores da Aurora Boreal dançarem no céu é grande, assim como o risco de se deparar com estradas fechadas por conta da neve.

Já no verão, esqueça a aurora boreal, mas tenha a certeza de uma viagem completa pela estrada. Como o país está situado logo abaixo do Círculo Polar Ár­tico, as noites de verão têm luz 24 horas de meados de maio até o fim de julho.

E por falar em estrada, delicie-se nos cenários exuberantes e que passam longe do que estamos acostumados a ver. Não é por acaso que a Is­lândia tenha sido escolhida como pano de fundo de filmes e séries como ‘Batman Begins’, ‘Tomb Raider’, ‘Viagem ao Centro da Terra’ e ‘Game of Thrones’. Se você piscar, vai perder algum visual.

O ponto de partida para uma viagem em senti­do horário pela ilha é a capital e maior cidade do país, Reykjavik. A cidade mais urbana da Islândia também tem pipocos de natureza em meio a pré­dios que passam longe de serem arranha-céus.

Verdade é que tem o que fazer por lá, como vi­sitar a Igreja Hallgrímskirkja – cartão-postal da ci­dade -, a escultura Sun Voyager e o Harpa Confe­rence & Concert Centre, mas o que mais fascina é dar uma escapada de 50km e visitar a famosa Blue Lagoon.

Sua formação é resultado do escoamento de uma usina geotérmica. O cenário vulcânico, a água quentinha, leitosa e cheia de benefícios (com síli­ca, algas azuis e outros minerais) é a combinação perfeita para um começo de viagem por um dos países mais exóticos do mundo.

Estender a quilometragem no caminho e se de­parar com um lago verde/azul, daqueles que chegam a doer os olhos, é algo surpreendente. A Emerald Glow, ou Graenavatn Crater Lake, está fora do roteiro da maioria, mas merece sua visita.

A cor é devido a um alto nível de enxofre na água e também por sua profundidade de 45 metros. Geólogos consideram o Grænavatn um dos fenômenos geológicos mais notáveis da Islândia.

No caminho para o norte

Rumo ao norte, na Península Snæfellsnes, entre tantas montanhas grandiosas se destaca a Kirk­jufellsfoss, ou Church Mountain para os mais ín­timos, escorada por cachoeiras de mesmo nome. Ela é a montanha mais fotografada da Islândia principalmente por sua formação dramática que se assemelha a torre de uma igreja. Chegar a seu topo, a 463 metros, pelo íngreme caminho é uma tarefa recomendada a alpinistas experientes.

No meio do caminho depare-se com o pequeno vilarejo Búðir, com um bom litoral para observa­ção de focas, e que abriga a Búðakirkja, igreja de madeira preta mais famosa do país. A pequena construção e o longo campo de plantações ficam aos pés da cratera vulcânica Búðaklettur. A parte oriental do campo de lava é considerado uma re­serva natural desde 1977.

Foto via iStock por Tsuguliev

O oeste da Islândia começa a se revelar a cami­nho de Laugarbakki. De um lado da estrada o oceano, do outro colinas rochosas e campos de lava misturados com campos de lavandas. Cená­rio improvável, mas perfeitamente real e harmo­nioso na Islândia.

É por lá onde o “elefante bebe a água do oce­ano”. O Hvítserkur, na península de Vatnsnes, é ponto para quem quer sair da rota tradicional em busca de mais uma obra natural. Há quem diga que a majestosa formação de 15 metros lembra um elefante se refrescando em águas salgadas.

Foto via iStock por WeGoPhoto

Antes de partir rumo a Akureyri, a segunda maior cidade da Islândia, também vale uma escapada até a charmosa Siglufjörður.

A pequena cidade localizada em um fiorde de mesmo nome e que abriga menos de 1500 pes­ oas pode ser uma boa porta de entrada para o norte do país. Além de sua beleza natural e de ter um dos melhores portos do país, ela é um centro cultural e casa do premiado Museu Herring Era (maior museu marítimo da Islândia), do Folk Mu­sic Museum e do famoso Festival de Música Folk, que acontece todo ano no início de julho.

O topo da ilha

Akureyri é considerada a “capital do norte” e fica a apenas 100 quilômetros do Círculo Polar Árti­co. Além de ser uma charmosa cidade, é ponto de partida para lugares especiais e surreais.

A cidade possui o jardim botânico mais seten­trional do mundo, que leva o nome da cidade, e uma igreja, a Akureyrarkirkja, projetada por Guð­jón Samúelsson um dos arquitetos mais famosos do país e também responsável por assinar a Hall­grímskirkja, em Reykjavík.

A viagem segue para Goðafoss e sua imponen­te água azul que pode ser avistada de vários ân­gulos. Ela tem apenas 12 metros de altura, mas seus 30 metros de comprimento no meio da na­tureza quase intocada impressionam.

Foto via iStock por RuiCavaco

O caminho vai ficando ainda mais surpreendente quando te leva ao encontro do lago Mývatn, cená­rio famoso em ‘GoT’. Ele fica sobre uma área ge­otérmica incrivelmente ativa, e por isso tem uma geologia única. E ali do lado ficam dois lugares imperdíveis. A primeira delas é a área geotermal Námafjall. O cheiro fortíssimo de enxofre entrega o lugar. Por lá, fumarolas e “piscinas” de lama bor­bulham ao seu redor formando dezenas de cores.

A segunda é o imponente vulcão Hverfjall. A cra­tera, que é considerada uma das mais preserva­das do mundo, tem cerca de 1 km de diâmetro e é possível chegar tanto ao pé quanto caminhar em sua beirada, a uma altura de 120 metros. Pre­pare-se para sentir uma energia incrível quando você se aproximar. Chega a arrepiar! Vale lembrar que ele não está inativo, apenas adormecido.

Here comes the tail

Bem-vindo a Husavík, capital europeia da obser­vação de baleias (no verão). Por lá, o avistamento de um mamífero é quase 100% garantido. Mui­tas empresas avisam que o tempo máximo para a primeira baleia aparecer durante um tour é de 16 minutos.

As jubarte são as mais comuns na baía de Skjál­fandi. Gigantes, gentis e aparecidas, elas chegam a uma proximidade razoável dos barcos e, mui­tas vezes, saltam a poucos metros. ‘Here comes the tail’ (aí vem a cauda) é provavelmente a frase mais usada pelos guias para apontar o mergulho dos animais.

Se a ideia for explorar estradas mais isoladas, es­sa é a hora de dirigir rumo ao Arctic Henge. O caminho é longo, mas vai te levar para uma das aldeias mais remotas da Islândia, a Raufarhöfn.

Foto via iStock por TobiasSagmeisterPhotography

A colossal obra feita de pedras empilhadas te­ve início em 1996 e tem como referência Sto­nehenge, da Inglaterra. O monumento já é im­pressionante e um leigo jamais diria que ainda não foi finalizado. E provavelmente levará anos para que isso aconteça. Mas quando acontecer, vai ser possível observar o sol da meia noite atra­vés das formações em diferentes pontos de vista.

Rumo ao leste

O início da viagem para o leste da ilha pede olhos ainda mais abertos. Além das centenas de cavalos islandeses e de ovelhas, a probabili­dade de encontrar alces brancos é maior.

O Studlagil Canyon, considerado uma das maio­res coleções de colunas de basalto do país, é pa­rada obrigatória. Essa joia da Islândia é pouco vi­sitada e seu isolamento deixa a experiência ainda mais especial.

Foto via iStock por Jag_cz

Dando continuidade às belezas naturais, surpre­enda-se com o Borgarfjörður Eystri, fiorde casa de um minúsculo vilarejo Bakkagerdi, com apro­ximadamente 100 habitantes. A lenda diz que lá é a “a terra dos elfos”.

O local é considerado um dos melhores pontos do país para observação de papagaios-do-mar, mais conhecidos como puffins. Chega a ser im­pressionante a quantidade de bichos que sobre­voam e descansam em seus ninhos no fim da tar­de de verão. Não é por acaso, a Islândia abriga a maior colônia da espécie do mundo.

Siga viagem e cruze um pequeno passo de mon­tanha para chegar em Seydisfjordur, uma das cidades mais charmosas do país. Ela fica literal­mente escondida no canto mais interno do fior­de que compartilha seu nome.

É no pequeno porto da cidade onde chega a fer­ry da Dinamarca, além de ser ponto de parada de cruzeiros. As construções de madeira e a rua colorida com uma igrejinha ao fundo deixam o cenário ainda mais poético. É um lugar perfeito para contemplar.

Região mais turística da Islândia

É em direção ao sul que a estrada deixa de ser a protagonista da viagem e da vez a, de fato, pontos de interesses mais famosos e desejados por aqueles que visitam o país.

Tendo como base Höfn, cidade pesqueira no sudeste da ilha, é impossível não se surpreender com a aproximação da Vatnajökull, maior massa de gelo da Europa e que cobre 8% da Islândia. A área tem 10 vulcões centrais, oito dos quais são subglaciais. Dois deles estão entre os mais ati­vos na Islândia. Há duas experiências diferentes e fascinantes para fazer por lá: uma caminhada ou um sobrevoo em um monomotor pela geleira.

Recentemente a UNESCO aprovou o pedido da Islândia para incluir o recém-ampliado Parque Nacional Vatnajökull como Patrimônio Mundial da Humanidade.

Com águas provenientes da geleira, Jökulsárlón, o lago glacial mais profundo da Islândia, com 248 metros, deságua no Oceano Atlântico, e é outro ponto alto do país. Jökulsárlón é refúgio de focas que se protegem da grande quantidade de orcas da região. Elas dividem espaço com icebergs com coloração única que flutuam lentamente perto da margem de areia negra e transformam o lugar em um dos mais cênicos da Islândia.

Última chamada para o sul do país

Rumo a Kirkjubæjarklaustur, uma rápida para­da em Dverghamrar, mais um lugar fotogênico e lendário. Dizem que anões e elfos também vivem ali, nas falésias das colunas de basalto. Segundo geólogos, a paisagem se formou na Idade do Gelo, quando o nível do mar era muito mais alto e as fortes correntes marítimas são responsáveis pelas peculiares formações.

Ali perto está o belo e dramático desfiladeiro Fjaðrárgljúfur. O cânion tem cerca de 100 metros de profundidade e 2 km de comprimento. A ca­minhada por lá reserva surpresas com paisagens indescritíveis.

Essa região está altamente sob os cuidados do país, já que se tornou muito popular e atraiu mi­lhares de turistas após o clipe de Justin Bieber, “I’ll Show You”.

Continue a viagem sentido a Vík í Mýrdal. Ao la­do da pequena vila de pescadores está a mun­dialmente famosa praia de areia preta Reynisfja­ra. As pilhas de basalto que rugem ondas do mar e servem como lar de milhares aves colocaram o local na lista de 10 melhores praias não tropicais a serem visitadas no mundo segundo a National Geographic.

Segundo o folclore islandês, as colunas eram trolls que tentavam puxar navios do oceano em direção à costa.

E no meio de tanta beleza natural, um avião caí­do em uma praia inóspita e isolada do país cha­ma atenção. Praia de areia preta – também co­nhecida como Sólheimasandur -, mar ao fundo e mais nada além de um C-47 SkyTrain da marinha dos Estados Unidos, também conhecido como Dakota Wreck abandonado por lá desde 1973.

Foto via iStock por Kesu01

Para chegar lá tem duas opções: uma longa ca­minhada, com aproximadamente 4 km para ir e 4 km para voltar, ou com uma van, que funciona em um tempo curto do dia e, particularmente, tira parte da graça do passeio.

Trio de cachoeiras

Três das cachoeiras mais bonitas da Islândia divi­dem a mesma região do sul do país. A primeira de­las é a Skógafoss, uma das maiores quedas de água do país, com seus 60 metros de altura e 25 metros de largura. Ela impressiona pelo volume de água.

Difícil dizer seu ângulo mais bonito.

da cachoeira tem uma trilha que leva até a pas­sagem de Fimmvörðuhálsentre e às geleiras Eyja­fjallajokull e Mýrdalsjokull.

A segunda é a Seljalandsfoss, também com 60 metros de altura, mas com uma formação natu­ral bastante intrigante que a transformaram num dos lugares mais fotografados do país.

Foto via iStock por TomasSereda

As falésias formadas atrás da queda criaram uma caverna larga e rochosa que permitem o alcance a pé dos que as visitam. Pitoresco!

A terceira, um pouco mais distante, é a Urriða­foss. Ela deságua no rio mais longo da Islândia, o Þjórsá, que tem 230 km e é poderoso: desce 360 m3 por segundo. Já dá para imaginar a for­ça dessa cachoeira!

Golden Circle

O Círculo Dourado (tradução em português de Golden Circle) é um circuito de 300 km de ex­tensão e cruza 3 pontos de interesse da Islândia: Parque Nacional Thingvellir, a cachoeira Gullfoss e o vale Haukadalur.

A Gulfoss tem duas cascatas, uma com 11 me­tros e outra com 21 metros. Os cânions importantes que abraçam a cachoeira e provavelmen­te foram formados por explosões glaciais tem 70 metros de altura.

Foto via iStock por kjorgen

O Parque Nacional Thingvellir também é um Patri­mônio da UNESCO. O maior destaque desse par­que é, sem dúvidas uma fissura de água nascen­te conhecida como Silfra. Ela fica exatamente no meio de duas placas tectônicas (norte-america­nas e eurasianas) que atravessam a Islândia e ten­dem a se separar cerca de 2 centímetros por ano.

É possível mergulhar de cilindro por lá e desfrutar das águas extremamente cristalinas com visibilida­de que pode se estender por mais de 100 metros.

Mais um fenômeno do país acontece lá perto, na zona geotermal de Geysir. O Strokkur é o geyser ativo mais visitado da Islândia e entra em erup­ção a cada 6 ou 7 minutos jogando a água a até 40 metros.

Foto via iStock por Joss C

Antes de terminar o círculo pelo país e retornar para Reykjavik, visite cratera Kerið. Kerið é um dos únicos pontos da Islândia que cobram de seus turistas (cerca de R$ 13). Também é um dos cenários que mais se transformam no verão e no inverno. A cratera de cerca de 3 mil anos de ida­de abriga um belo lago azulado nos meses quen­tes e completamente congelado quando as tem­peraturas caem.

São 55 metros de profundidade, 150 metros de largura e 270 metros de circunferência, onde é possível caminhar por toda ela ou então chegar até a água e “mergulhar” (não no sentido literal) em mais um gigante da natureza da Islândia.

Texto por Tati Sisti – @triptofollow

Imagem Destacada via iStock por Fly_dragonfly

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