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Alma, cor e sabor no Norte de Portugal

Old Fashioned trolley car outside of Carmo Church (Igreja do Carmo) in Porto, Portugal.

Em 2018, Portugal recebeu mais de 12 milhões de turistas estrangeiros. Desses, 1,2 milhão foram brasileiros. A cidade do Porto entrou para a lista das 100 cidades mais visitadas do mundo, juntando-se a Lisboa como representante do país no ranking elaborado pelo euromonitor international ao receber, e no mesmo ano, cerca de 2,39 milhões de turistas. A TAP – Air Portugal oferece três voos semanais direto a Porto, partindo de Guarulhos, e quatro diários com conexão em Lisboa. Já a Azul Linhas Aéreas tem três frequências semanais partindo do aeroporto internacional de Viracopos. As empresas pretendem ampliar essas frequências a partir de 2020, pois essa rota tem crescimento estimado em 11% só para esse ano para o mercado brasileiro.

O Porto e a região norte de Portugal nos oferecem cinco importantes elementos definidos como Patrimônio Mundial pela Unesco: o Centro Histórico do Porto, com a Ponte D Luiz I e o Mosteiro da Serra do Pilar, o centro histórico da cidade de Guimarães, as enormes áreas rurais de arte rupestre do Vale de Foz do Côa, a região do Alto do Douro, com seus vinhedos e casas de vinhos, e o majestoso Santuário do Bom Jesus do Monte, essa a mais recente atração contemplada como Patrimônio Mundial. Em 09 dias de viagem, com apoio logístico da Associação de Turismo do Porto e Norte, eu e a repórter fotográfica Sylvia Falseti, rasgamos as serras, contornamos os rios, atravessamos as pontes e pudemos conferir de perto uma infinidade de atrações naturais, históricas, artísticas, geológicas e gastronômicas. Aliás, esse capítulo é riquíssimo, saudável, saboroso e único. Em nossas experiências sempre estava lá o vinho, aromático e marcante, nos proporcionando uma surpresa em cada gole. O norte de Portugal é isso, sol, praias de águas doces e salgadas, cultura, entretenimento, rios, matas, cachoeiras, religiosidade e acima de tudo, a “Essência de Portugal”.

O mais interessante foi estar no velho continente que fala a nossa língua, que entende o que pedimos e que sempre tem a oferecer uma referência de nossa história. Desbravar o norte de Portugal foi um desafio e tanto para cumprirmos uma agenda recheada de pequenos recantos, ora seguindo por estradinhas a beira das montanhas, ora chegando a aldeias surpreendentes. Um dia visitando vinícolas centenárias, outros ficando pasmos com tanta beleza deixada pelos milenares castelos, estonteantes igrejas e fantásticos museus. Foram 1735 quilômetros de caminhos por ruelas, avenidas e estradas de uma região que só a partir de agora começa a ser realmente descoberta pelo Brasil.

Foto via iStock por photooiasson

A porta de entrada de um norte esplendoroso

A Cidade do Porto entrou definitivamente na rota dos turistas brasileiros. Patrimônio da humanidade desde 1996 destaca-se no continente europeu por conta dos seus monumentos arquitetônicos bem preservados, excelente gastronomia e clima ameno. Poucos brasileiros sabem, mas parte da história do Brasil se encontra nessa imponente cidade norte portuguesa.

Em um recipiente de vidro, guardado com extremo cuidado na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, repousa, desde 1837, o coração de D Pedro I, ou D Pedro IV, para os portugueses. Em 1834, horas antes de morrer, o primeiro imperador do Brasil deixou em testamento a intenção de que seu coração ficasse no Porto, com o qual tinha intensa relação, pois lá viveu durante os 13 meses (de julho de 1832 a agosto de 1833) em que a cidade foi sitiada em uma disputa de poder entre ele e seu irmão dom Miguel I durante as chamadas Guerras Liberais (1828-1834). Tendo em vista os esforços do povo da cidade para com D Pedro, a sucessora, rainha D. Maria II, atribuiu o título de Invicta à cidade do Porto. Com aproximadamente 250 mil habitantes, possui uma região nova e luxuosa, que fica bem em frente a sua parte atlântica; o bairro da Foz abriga bons restaurantes, lojas de grife, comercio efervescente e uma orla marítima moderna com pouco mais de seis quilômetros,onde os locais e turistas são convidados a caminhar, se exercitar e respirar uma brisa constante de vento iodado que sopra do oceano o ano inteiro.

É aqui que recentemente foi inaugurado o Vila Foz Hotel & Spa, envolvido por uma tranquilidade ímpar. Majestoso e singular o edifício palaciano transporta-nos para os tempos em que a alta burguesia portuense teve seu esplendor, em meados do século 19, mantendo o traçado original e oferecendo ao mesmo tempo uma construção contemporânea e moderna. Todos os apartamentos possuem vista ao mar, tem um completíssimo SPA, dois restaurantes e atendimento único. Ideal para quem deseja curtir o agito do bairro da Ribeira – o mais icônico da cidade – e querer um lugar mais tranquilo para descansar junto ao mar. Por falar na Ribeira, nosso passeio por lá pode iniciar na hora do almoço. Uma dica é comer na Adega São Nicolau – casa típica – que propõe pratos regionais deliciosos, além de oferecer uma das mais completas cartas de vinhos. O local tem uma pequena esplanada que possibilita vistas deslumbrantes do Douro. Experimente o polvo a la gareiro e os bolinhos de bacalhau de entrada.

Outra atração imperdível é admirar e fotografar a famosa Ponte D. Luis I, maravilha da engenharia inaugurada no século 19 que liga as cidades de Porto a Vila Nova de Gaia. Essa relíquia em ferro foi projetada entre 1881 e 1888 pelo engenheiro belga Théophile Seyrig, discípulo de Gustave Eiffel. Nela se observa o correr das águas do Rio Douro até a sua foz, no encontro com o Oceano Atlântico e também se admira nos fins de tarde o sol tingir de dourado os telhados, janelas e portas das belas construções coloniais.

Foto via iStock por SeanPavonePhoto

Após comer muito bem, iniciamos uma caminhada pelas ruelas e becos. O Porto abriga uma das livrarias mais lindas do mundo, a Lello, que foi inaugurada no ano de 1906, com mais de um século de existência. Na última década foi oficialmente reconhecida como uma das mais belas do mundo por diversos e importantes meios de comunicação. A livraria Lello chega a receber de três a 4.000 pessoas por dia. O ingresso custa 5€ por pessoa e pode ser descontado de qualquer compra realizada na livraria. Caminhar pelas ruas do centro histórico além das arrebatadoras igrejas, parques, bairros e monumentos, podem trazer boas surpresas aos visitantes.

Arquitetura de encher os olhos e uma gastronomia de dar água na boca tem levado milhares de brasileiros a explorar as variadas atrações da capital do Norte de Portugal.

Andar a pé e perder-se na região da Ribeira admirando o Rio Douro com suas pontes, barcos e gaivotas, igrejas centenárias e os cafés, é a melhor maneira de explorá-la. Na rua Santa Catarina a energia é contagiante! Não deixe de saborear um pastel de nata diluído no saboroso vinho do Porto. Assistir a um show na Casa da Música, com sua acústica impecável, é um belo programa. Passar uma manhã no Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves, sempre com uma exposição surpreendente, também é inesquecível. Não deixe de visitar a Estação Ferroviária de São Bento e se encantar com a história de Portugal através do fantástico mosaico de 20 mil azulejos em azul e branco pintados por Jorge Colaço que ilustram a evolução dos transportes e os acontecimentos da história e da vida portuguesa. Construída no início do século XX na localização exata do antigo Convento de São Bento de Ave Maria. A estrutura de vidro e ferro foi projetada pelo arquiteto Marques e Silva.

Foto via iStock por karnizz

Vale também um passeio pela famosa Rua das Flores, que reúne uma das mais emblemáticas fachadas barrocas do Porto – a igreja da Misericódia ( 1749 -1750) desenhada por Nicolau Nasoni – e é uma das mais movimentadas da área central da cidade. Ali também você pode começar a degustar os vinhos famosos da região, fazendo uma parada na sala de provas da Vini Portugal. Lá estão expostas centenas de marcas de vinhos de todo o país, onde você pode provar uma taça ou comprar uma pequena coleção dos melhores. Imperdível no seu roteiro a pé é visitar o Palácio da Bolsa, uma autêntica obra de arte do Hall das Nações e o famoso Salão Árabe e o Museu do Vinho do Porto.

Torre dos Clérigos

A Torre dos Clérigos é um daqueles pontos turísticos indispensáveis na viagem. Em arquitetura barroca, ela é parte da bela Igreja dos Clérigos e seu mirante garante uma vista 360 graus da cidade, desde pontos de interesse centrais até a Ribeira, o Rio Douro e as caves do outro lado, em Vila Nova de Gaia.

Outra atração irresistível é curtir um passeio de barco pelo rio, cenário ideal para quem quer se emocionar e, ao mesmo tempo, sentir um clima único de paz e encantamento. Vale a pena fazer um passeio durante o dia e outro à noite. Com 897 quilômetros de comprimento, ele é o terceiro rio mais extenso da Península Ibérica.

A dica gastronômica para quem visita a cidade é saborear a famosa francesinha, prato típico do Porto. Trata-se de um suculento sanduíche feito com linguiça, salsicha, fiambre, presunto, bife de vaca ou lombo de porco coberto com queijo derretido. O toque especial fica com o molho feito à base de tomate, cerveja e outros condimentos e o prato ainda vem acompanhado de uma porção de batatas fritas.

Depois de explorar o Porto e as cidades que ficam ao lado dela é hora de começar descobrir outros recantos majestosos do norte. Nossa próxima parada foi em Santa Maria da Feira, uma região belíssima, que no final dos séculos 11 e 12 era conhecida como “Terras de Santa Maria”, e principal elo entre a região norte e Coimbra. O ponto alto de seu patrimônio é o seu castelo construído no século 15, com um traçado pouco habitual nas edificações de castelos portugueses, parece ter saído de um conto de fadas. Vale a pena visitar também o museu local com exposições temporárias e também as obras do pintor António Joaquim, que ainda vive e é considerado um dos mais completos ícones da pintura contemporânea portuguesa. Depois de explorar o castelo e se admirar com STELLAPADAOas paisagens internas, é

hora de almoçar. Indicamos o restaurante a Taberna do Xisto. Um espaço moderno e descontraído que oferece pratos da mais alta gastronomia portuguesa. Experimente o bacalhau à moda. O prato serve tranquilamente duas pessoas.

Foto via iStock por Jekaterina Sahmanova

Depois do almoço pegamos a estrada e seguimos em direção a bela cidade de Arouca, que fica entre os rios Douro e Voga. A região que cerca a cidade é um verdadeiro paraíso para quem ama a natureza e fica a apenas 1 hora e 10 minutos do Porto. A cidade tem um rico patrimônio medieval, presente no Mosteiro de São Pedro e no majestoso Museu de Arte Sacra. Vale tomar um café e experimentar os doces típicos locais, conhecidos como Doces Conventuais: as “barrigas de freira”, as “pedras parideiras” ou o Pão de São Bernardo.

Em relação ao turismo ecológico, Arouca abriga o límpido rio Paiva. Um dos passeios da moda nessa bela região é caminhar pelos passadiços de mesmo nome que, por oito quilômetros, proporciona um passeio repleto de belezas cênicas, num santuário natural ao longo de descidas e subidas, de águas geladas, que correm através dos cristais de quartzo, abrigando espécies ameaçadas de extinção. O percurso estende-se pelas praias fluviais do Areinho e da vila de Espiunca. Realizar esse passeio é conhecer mais sobre a geologia e ecologia, fazendo o visitante refletir cada vez mais sobre a necessidade de proteger a natureza. Outra atração importante é visitar o Geoparque de Arouca, que oferece nada menos que 13 trilhas contemplativas para conhecimento de 41 características geológicas surpreendentes. Nesse parque as imagens são indescritíveis, onde as pedras parecem aflorar do cento da terra. Lugar mágico, com energia forte e o mais puro conceito do turismo contemplativo. Para repor as energias depois de tantas caminhadas, esportes de aventura e contato com o ar puro e a natureza abundante, vale fazer uma refeição na Casa dos Bifes Caetano, que tem como principal produto o famoso Bife de Alvarenga. Três pratos servem ao menos cinco pessoas. Aliás, a fartura das refeições do norte de Portugal é inexplicável. Come-se muito bem.

A região dos Passadiços é belíssima, mas ainda faltam boas opções de hospedagem. A Casa do Paúl é uma opção de turismo rural. Esse alojamento foi o resultado da recuperação de uma casa de campo toda revestida em xisto, que teve o princípio sustentável em sua edificação. O imóvel, anteriormente degradado, foi recuperado, preservando a memória do antigo, mantendo as paredes exteriores em xisto, pedra abundante em quase toda a região do Douro e Trás os Montes.

Foto via iStock por Dina Reis

No dia seguinte logo cedo partimos para explorar outra joia turística. Castelo de Paiva está oferecendo um atrativo interessante. O belo município criou a Rota dos Ofícios Tradicionais de Paiva. Uma ação desenvolvida para resgatar os diversos trabalhos manuais como sapateiro, costureira, artesão, etc. Quem nos recebeu em sua propriedade foi o Sr Justino. Em suas terras férteis ele produz pera, maçã, uva, kiwi, abóbora, e ainda tem um moinho a água com mais de 100 anos, e que produz farinha. Faz vinagre, vinho, cria trutas e produz mel e ovos, tudo fresquinho, numa das regiões mais montanhosas de Portugal. Outra atração interessante é experimentar um passeio de uma hora pelo rio de mesmo nome. A viagem é agradável e leva os turistas para a ilha do castelo, além de uma visita a uma quinta de vinhos. A cidade de Castelo de Paiva ainda tem um lindo e bem preservado centro histórico, com uma bela praça e a Igreja Matriz de Sobrado, dedicada à Nossa Senhora de Assunção (século 17). Vale a pena fazer uma parada para uma refeição caseira. O Restaurante “Casa do Zé” serve de maneira exagerada pratos saborosos como carne de boi, porco, batatas fritas e um delicioso arroz de feijão servido com salada fresquinha de tomate e cebola. Se estiver em três pessoas, peça apenas dois pratos. Se não estiver com muita fome, dispense as entradas que são deliciosas, mas um pouco exageradas. Coisas da fartura portuguesa!

A Bela Lamego

Estando no Paiva, vale dar uma esticada na viagem e descobrir toda a história de Lamego, onde teria sido feita a aclamação de D. Afonso Henriques. Cidade histórica e monumento nacional, Lamego possui uma grande quantidade de igrejas, monumentos e casas centenárias com brasões das mais tradicionais famílias em Tagehouse, que tem uma privilegiada localização a beira do rio no verdadeiro coração do Vale do Douro. O serviço é perfeito e o cardápio é feito com alma para que as refeições sejam harmonizadas com os melhores vinhos do mundo.

Depois de saborear os vinhos dos Deuses, rumamos direção a Vila Nova de Foz Côa, situada num planalto de “terra quente”, assim denominada em função ao calor abrasador dos meses de verão europeu. A cidade, que fica há menos de 40 minutos da divisa com a Espanha, ganhou manchetes internacionais pela descoberta de um conjunto de gravuras rupestres as margens do rio Côa, cuja data remonta ao Paleolítico Superior. Em 1998, as figuras paleolíticas foram classificadas como patrimônio mundial pela Unesco. Recomendamos passear e explorar o conjunto de gravuras que ficam às margens do rio e depois visitar outra maravilha, o Museu do Côa, que apresenta mais de mil rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais de 80 locais distintos ao longo das margens do rio, com gravuras paleolíticas datadas de mais de 25 mil anos. O museu é totalmente interativo e recebe a visita de turistas e pesquisadores. Reserve ao menos um dia inteiro para essa atividade e faça as suas refeições no restaurante do próprio museu, que trabalha com produtos locais frescos e oferece uma completa carta de vinhos da região.

Foto via iStock por Sergey_Peterman

Uma boa opção de hospedagem na região é as Casas do Côro em Marialva faz parte do grupo das 12 aldeias históricas de Portugal que têm comum a presença de castelos do sécolo XII, com função defensiva, pertensentes há ordem dos Templários, que ficam próximos a fronteira com a Espanha.

Durante o século XIII Marialva foi tão importante, que ganhou do rei o direito comercial, podendo ter uma feira e também medidas próprias, portanto, quem lá chegava não fazia uso de suas fitas métricas e, sim, tinha que se reger pelas medidas que estavam ali implementadas.

No entanto, por volta do século XVII outras aldeias foram surgindo nas redondezas e Marialva começou um processo de declínio e desertificação, até chegar aos dias de hoje, em que tem apenas 50 habitantes.

Encantos das Montanhas de Régua

Já de cara com o Rio Douro, o visitante tem de explorar com calma uma das regiões mais belas de Portugal e talvez de toda a Europa. Hospedar-se no Hotel Vila Galé Collection em Régua é conferir uma repousante noite admirando, das enormes janelas de seus apartamentos, a vista deslumbrante do rio mais importante do norte, e os vinhais repletos de história. O hotel, esculpido na encosta, cativa pelo charme de suas instalações, pelo delicioso café da manhã e pelo spa completo.

Para deixar a noite ainda mais romântica ou prazerosa, experimente o tentador menu da Quinta da Pacheca, que trabalha o conceito mais puro da tradicional gastronomia portuguesa, utilizando os produtos típicos do Douro. O Chef Carlos Pires trabalha com muita inspiração. Cada refeição é harmonizada com o vinho da Quinta da Pacheca, realçando a aventura dos sabores. O restaurante fica na cidade vizinha de Pinhão.

Pinhão, Bragança e outras surpresas

A cidade de Pinhão é o centro geográfico da região vinícola demarcada pelo Douro. Espremida entre belíssimas quintas e tradicionais solares, Pinhão produz o verdadeiro vinho do Porto e as mais diversas versões de vinho de mesa do Douro. Ao longo de suas férteis terras, os visitantes se deparam com extensas plantações de oliveira e intermináveis parreirais que concentram muitas propriedades produtoras, algumas das quais oferecem hospedagem e trabalham o verdadeiro conceito do turismo rural.

Foto via iStock por ribeiroantonio

Vistamos uma delas, a Quinta da Roeda. Na chegada, o turista é recepcionado no centro de visitantes, onde antigamente se ocupava os antigos estábulos da propriedade. Num ambiente acolhedor, os visitantes podem realizar provas dos vinhos do Porto da Craft, e ao mesmo tempo que descobre alguns produtos típicos na loja, como o azeite virgem extra. O turista ainda pode realizar uma visita guiada à quinta, detendo-se em pontos de interesse ao longo do caminho e desfrutando da paisagem magnífica das deslumbrantes vistas sobre o rio Douro. Em Pinhão é impossível não realizar um cruzeiro pelo rio mais famoso de Portugal, embarcando no Barco Rabelo que cruza o Douro em direção a Romaneira. Desembarcando do passeio, que leva uma hora e meia, se dê de presente um almoço nos alpendres do The Vin.

Torre de Moncorvo na Fronteira com a Espanha

Agora chega a hora de conhecermos outra pérola do norte, entre as serras imensas transmontanas fomos conhecer e explorar a vila Torre de Moncorvo, bem na confluência dos rios Sabor e Douro. A cidadezinha faz parte do circuito das Amendoeiras em Flor, que atingem o seu esplendor nos meses de fevereiro e março. Nessa cidade pudemos visitar a produção dos doces de amêndoa coberta, exploramos a belíssima igreja matriz e visitamos as praias de águas doces do rio Sabor e fomos admirar os altíssimos mirantes dos lagos que circundam a região, responsáveis por grande parte do abastecimento da região. Já caminhando mais ao nordeste do país seguimos para Mogadouro, encaixado entre o vale profundo do Douro e bacia do rio Sabor, forma o chamado Planalto Mirandês, e que por sua vez dá seguimento ao Planalto Leonês, já em terras espanholas, na região que compreende as cidades de Zamora e Salamanca.

Foto via iStock por nataliaspb

Em Mogadouro não deixe de visitar as construções icônicas de seu centro histórico, admirar a belíssima igreja e provar a iguaria de sua doçaria de origem. Vale passar a noite no Hotel Casa das Águas Férreas, num espaço de 9.000 metros quadrados que oferta uma magnífica vista das Serras de Mogadouro. A proprietária prepara bolos, pães e rabanadas diariamente para abrilhantar o “pequeno almoço” com o que há de mais natural. Hospedar-se ali nos dá a sensação de estarmos a cada da vovó!

Bragança e um pouco de Trás os Montes

Após uma noite tranquila, seguimos viagem para Bragança, situada no extremo norte de Portugal, na região conhecida como Trás os Montes, detentora de um dos castelos mais lindos de Portugal e talvez de toda a Europa. A obra do século 12 ressalta a arquitetura militar em estilo gótico. Na torre principal funciona um museu com acervos de armas desde as primeiras batalhas do século 12 até as usadas durante a Primeira Guerra Mundial.

Recomendamos ao menos dois dias de visita por lá, pois há uma grande variedade de atrações históricas e gastronômicas. Rasgar as ruas do centro histórico é uma boa pedida. Comece o seu tour na rua dos Combatentes da Grande Guerra que abriga um variado casario trasmontano, ostentando brasões de tradicionais e poderosas famílias portuguesas, a Casa dos Arcos é um excelente exemplo dessas residências. Outra visita quase obrigatória é conhecer o Museu de Baçal, inaugurado em 1935, que abrigava anteriormente o Palácio Episcopal. O espaço homenageia o padre, escritor e poeta de mesmo nome. Lá você vai encontrar uma coleção raríssima de máscaras de madeira usadas durante o carnaval e nas alegres festas das aldeias e peças usadas pela sociedade como braseiros, esculturas, lanças e relicários de famílias tradicionais bragantinas. A gastronomia local também é farta, mas tem na caça suas principais atrações. Perdiz, coelho e pomba são os pratos mais pedidos. Aliás, a estrela do cardápio é o Javali. Não deixe de realizar uma experiência gastronômica do restaurante o Javali, agraciado com uma estrela do Guia Michelin.

Serra do Morão e o Rio Tâmega

Quase terminando nosso roteiro, visitando as maravilhosas paisagens da Serra do Marão, que se ergue sobre a cidade de Amarante numa série de paisagens únicas, tendo em sua maior parte a presença contínua do límpido e belo rio Tâmega, o maior afluente do rio Douro, que começa na Galícia (Espanha) e flui pelo coração da bela cidade, dando cor especial às pitorescas casas que se encontram em suas margens.

As milagrosas águas no entorno do Porto

A pouco mais de uma hora de viagem da cidade do Porto, no seio da maravilhosa região de Trás os Montes, encontra-se a vila termal de Vidago, que é um distrito de Chaves: vila termal, cercada pela serra da Padrela, num vale fértil percorrido pela Ribeira de Oura. A vila de Vidago é uma estância termal e tem notável valor histórico, cultural e paisagístico, constituindo uma referência nacional e um destino turístico único.

Desde a descoberta de suas águas minerais, em 1863, que a vila possui uma forte ligação às práticas termais, tendo sido, outrora, considerado um dos balneários termais mais célebres de Portugal. Desde essa altura, a vila termal viveu um período de esplendor. Com a ligação à linha ferroviária do Corgo, em 1910, e a inauguração do emblemático Vidago Palace Hotel, a vila tornou-se uma estância de excelência, a principal estância turística de Portugal, entre as principais da Península Ibérica, destino de eleição da aristocracia portuguesa e europeia, em busca das propriedades terapêuticas das milagrosas águas medicinais. Desde então, Vidago é sinônimo de repouso, cura, charme e elegância.

As terapêuticas águas de Vidago

A vila de Vidago não só possui uma das melhores águas termais do mundo, como também representa um dos melhores destinos para os amantes do golfe, que podem desfrutar de dois campos, ambos. Estes são os melhores locais para visitar em Vidago. A “ cereja do bolo “ é o hotel Vidago Palace um verdadeiro cinco estrelas que mais parece um palácio e oferece excelentes serviços e estrutura simplesmente fantástica.

Foto via iStock por monysasi

O Vidago Palace Hotel foi projetado pelo Rei D. Carlos I que desejava ver construída uma estância terapêutica de luxo com projeção internacional. As águas da Vila de Vidago já há época eram consideradas de interesse nacional. O Hotel foi inaugurado a 6 de Outubro de 1910, ano em que é instaurada a Primeira República Portuguesa. Em 1936, o empreendimento passa a dispor de um percurso de golfe de 9 buracos, desenhado pelo célebre arquiteto Philip Mackenzie Ross.

A combinação de um palácio com tratamentos termais e um campo de golfe de luxo, acabaria por colocar o empreendimento hoteleiro entre as estâncias europeias de maior prestígio no período da 2ª Guerra Mundial. Nos anos 50 e 60, a fama do hotel intensifica-se devido às famosas festas organizadas que ali aconteciam. O Vidago Palace Hotel encerra em 2006 e reabre em 2010, cem anos após a sua inauguração. Este hotel histórico adquire novo brilho e volta a desempenhar um papel importante na hotelaria nacional, com critérios de conforto e de luxo do século 21.

Pedras Salgadas e um belo parque natural

Um outro empreendimento marcante de termalismo é o hotel e spa Pedras Salgadas fica nos arredores da cidade de Porto. Lá você tem oportunidade de relaxar em meio a natureza, seja em uma fantástica casa na árvore ou em uma das Eco Houses com todo conforto.

Muitos dos hóspedes buscam ali, a oportunidade de tratamentos de corpo e pele. Conhecidas mundialmente por sua importância salutar, as águas de Pedra Salgada já foram premiadas desde 1873 em Viena na Áustria. O poder desta água e de suas fontes, junto com a beleza natural do parque, é o destino perfeito para lazer em harmonia com a natureza.

Os chalés, mai conhecidos como Eco Houses foram construídas em sistema modular, para não agredirem o meio ambiente. No interior, a decoração é moderna, muito aconchegante e minimalista, deixando toda atenção para beleza natural do lado exterior, todas equipadas com cozinha e serviço de quarto. Dá aquela sensação de estar em casa. O hotel também tem uma casa na árvore, que valoriza o ambiente exterior com suas janelas de vidro para apreciar a natureza. Com design inovador e contemporâneo, passar uma noite em uma dessas casas na árvore, dá a oportunidade de dormir vendo as estrelas e acordar com o verde das enormes árvores do parque. Algo que definitivamente aconselho experimentar pelo menos uma vez. Vale experimentar o tratamento Duche Vichy, massagem feita junto com jatos de água. Algo bem diferente das massagens tradicionais e bastante relaxante.

O hotel aceita crianças e possui atividades como arvorismo, piscina em horários especiais, piqueniques, além das trilhas para caminhadas revigorantes e várias alamedas onde pode-se praticar o ciclismo.

Matosinhos da fé e dos peixes

Quase no instante final de nossa partida fechamos nossa volta pelo norte português explorando as belezas de Matosinhos, cidade encostada ao Porto. Suas raízes estão calcadas na produção de sal e na indústria da pesca. Três importantes segmentos econômicos fazem da cidade uma potência regional. O Porto de Leixões, a refinaria Petrogal e o centro de congressos e eventos Exponor, onde são realizados os principais eventos internacionais. Mas cidade não esquece suas tradições. O Mercado Municipal, embora de construção mais moderna e recente, abriga belas peixarias, frutarias e ótimos restaurantes. Ele é o ponto de referência e de encontro da população do “grande Porto” e dos turistas. Uma visita que fizemos foi uma surpresa à parte, conhecer as dependências da fábrica de conservas Pinhais, que desde de 1920 utiliza produção tradicional de seus produtos, levando o nome e as sardinhas pescadas de Matosinhos para mais de 20 países. A empresa pretende entrar no Brasil e sua produção já está na quarta geração da família. O peixe é, na verdade, a grande fatia da economia de Matosinhos, uma dica é provar as delícias dos restaurantes locais, que servem o peixe assado na hora com segredos no tempero. Experimente o Robalo do Valentim. O melhor que já comi em toda minha vida. Não deixe de provar as lulas, as sardinhas na brasa, os percebes e o delicioso rodovalho. Nos despedimos definitivamente do Norte visitando a igreja do Bom Jesus de Matosinhos, do século 16, e totalmente renovada em 1743.

Foto via iStock por Artur Bogacki

Percorrer os quase 1800 quilômetros em pouco mais de 8 dias, foi superar e desafiar o cansaço, subir e descer, emocionar-se com as histórias, comer bem, encontrar pessoas solícitas e atenciosas, surpreender-se com as aldeias, com o povo simples, com as casas marcadas com brasões de famílias tradicionais.

O mais espetacular é saber que foi de lá que viemos, foi ali onde tudo começou, foi das expedições e dos descobrimentos que existimos, que eu existo e que minha família existe. Obrigado por nos proporcionar tanto colo, tanto afeto e nos ensinar tanta história.

Ainda visitamos Braga, Guimarães, as famosas Caves do Vinho do Porto de Gaia, além do Arouca Geopark, e do Pena Aventura Park, situado em Ribeira de Pena. Mas esse roteiro fica pra outra edição.

SERVIÇO

IDIOMA

Português

MOEDA

Euro (€).

FUSO HORÁRIO

Em média 4 horas em relação ao horário de Brasília.

VISTO

Dispensa de visto até 90 dias.

CLIMA

Rigoroso no inverno e outuno de novembro a abril, com temperaturas que variam de menos 5 a 15 graus. Já no verão de maio a outubro, os termômetros podem registrar média de 25 graus e ondas de calor extrema que podem passar dos 38 graus.

SAÚDE

Não há exigência de nenhuma vacina

COMO CHEGAR

Saindo de Guarulhos, às terças, quintasfeiras e sábados voos direto, via Lisboa quatro voos diários. Partindo de Campinas, Azul (voeazul.com.br) oferece voos direto ao Porto às segundas, quartas e sextas-feiras. A Royal Air Maroc (royalairmaroc.com) oferece saídas de São Paulo e Rio de Janeiro para Casablanca, no Marrocos, e de lá, para Lisboa e Porto com voos diários. As outras companhias europeias como a Iberia, a Luftansa ou a Alitalia e a TAP (flytap.com) operam com conexões em seus hubs.

ONDE COMER

Algumas sugestões para comer nas principais cidades do norte de Portugal:

Porto – Adega São Nicolau

Praia da Aguda – Restaurante Zizi

Santa Maria da Feira – Taberna do Xisto

Arouca – Casa Caetano

(onde comemos os bifes)

Castelo de Paiva – Casa do Zé

Lamego – Quinta da Pacheca

Pinhão – The Vintage House Hotel

Vila Nova de Foz Côa –

Restaurante Côa Museu

Mogadouro – Restaurante O Cantinho

Bragança – Restaurante O Javali

Vidago – Hotel Vidago Palace

Guimarães – Restaurante Dan José

Matosinhos – Restaurante O Valentim

ONDE FICAR

Algumas sugestões para se hospedar nas principais cidades do norte de Portugal:

Porto –Vila Foz Hotel & Spa e Palácio Hotel & Spa

Arouca (Espiunca) – Casa do Paúl

Lamego – Vila Galé Collection Douro

Marialva – Casas do Côro

Mogadouro – Casa das Águas Férreas

Vidago – Vidago Palace Hotel

QUANDO IR

A melhor época para ir a Portugal é entre os meses de Junho a Setembro, quando as temperaturas ainda estão boas para curtir uma praia. Além disso, é época da vindima – a colheita das uvas nas vinícolas. Nesta época do ano, é possível agendar a famosa pisa nas uvas em algumas delas, principalmente no Alto Douro.

DICAS

As distâncias são muito curtas entre uma cidade e outra, já que é possível atravessar o país inteiro de norte a sul em cerca de 6 horas e meia, e de leste a oeste em pouco mais de 3 horas de carro.

PACOTES TURÍSTICOS

ABREUTUR – abreutur.com.br

CVC – cvc.com.br

BWT – bwtoperadora.com.br

FLOT VIAGENS – newsite.flot.com.br

LUSANOVA – lusanova.com.br

SCHULTZ TURISMO – schultz.com.br

SENATOR TURISMO – senator.com.br

INFORMAÇÕES TURÍSTICAS

visitportoandnorth.travel

Texto por Cláudio Lacerda Oliva

Imagem Destacada via iStock por Brittany Olson

O jornalista viajou a convite da TAP e do visitportoandnorth.travel. Também contaram com a proteção do Seguro Viagem da GTA – Global Travel Assistence.

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